REPÚBLICA OLIGÁRQUICA - 9º ANO


REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS

             Em 1894, o paulista Prudente de Morais foi eleito o primeiro presidente civil da Primeira República. Sua eleição encerra o período dos governos dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
             A presidência de Prudente de Morais (1894-1898) inaugurou a preponderância dos interesses dos cafeicultores no período republicano. Deste momento, até 1930, dois grandes estados – São Paulo e Minas Gerais – assumiriam a liderança política de nosso país.
             Esta hegemonia foi caracterizada pela dominação dos fazendeiros, especialmente de café sobre os demais grupos sociais. Os fazendeiros se ligavam aos governadores (ou presidentes) dos estados, aos deputados e senadores, que formavam as oligarquias estaduais.
             Isso ocorreu porque as estruturas política, econômica e social estavam ligadas ao maior produto da economia nacional – a produção de café.

A POLÍTICA DOS GOVERNADORES

             O que foi? (definição) A política dos governadores foi um sistema político não oficial, idealizado e colocado em prática pelo presidente Campos Sales (1898 – 1902), que consistia na troca de favores políticos entre o presidente da República e os governadores dos estados. De acordo com esta política, o presidente da República não interferia nas questões estaduais e, em troca, os governadores davam apoio político ao executivo federal.

             Quais as principais consequências da Política dos Governadores? Inicialmente, o fortalecimento do coronel local que se tornava o verdadeiro “dono do município”, contando com o apoio das autoridades locais – prefeito, vereadores, delegados, juízes, promotores e líderes religiosos, Controlando o município, o coronel podia oferecer favores aos eleitores locais como roupas, comida, empregos públicos e proteção. Esta prática política é chamada de clientelismo.

             Nos períodos de eleição, os dependentes do coronel votavam em massa nos candidatos apoiados e indicados por ele. Essa indução da escolha ficou conhecida como voto de cabresto. Esses e outros procedimentos ilegais como a ameaça aos eleitores por capangas dos coronéis e utilização do registro eleitoral de pessoas já falecidas, permitiram a manutenção das oligarquias rurais no poder durante mais de 30 anos.
             A segunda consequência se refere à predominância de Minas Gerais e São Paulo sobre os demais estados, a ponto de terem controlado os acordos para a sucessão presidencial durante mais de 30 anos na chamada política do café com leite.

FIQUE LIGADO - REPÚBLICA DA ESPADA (RESUMO) - 9º ANO




REPÚBLICA DA ESPADA

Podemos dividir a República da Espada da seguinte forma:
- Governo provisório: 1889 a fevereiro de 1891
- Presidência de Deodoro da Fonseca: de fevereiro a novembro de 1891.
- Presidência de Floriano Peixoto: 1891 a 1894.
             Apesar de ter sido eleito Deodoro, a maioria do Congresso, não apoiava o presidente, nem seu ministério. Os deputados temiam que Deodoro assumisse atitudes ditatoriais, centralizadoras e, para evitar que isso ocorresse, apresentaram um projeto de lei propondo a redução dos poderes do presidente.
Apesar de não ter esse direito, Deodoro dissolveu o Congresso, o que significava um golpe de Estado. A reação dos opositores foi imediata. A Marinha tomou posição, ameaçando bombardear o Rio de Janeiro, se Deodoro continuasse no poder, na chamada Revolta da Armada. Diante disse, o Marechal resolveu renunciar, transmitindo o cargo ao vice-presidente Floriano Peixoto.

CONSTITUIÇÃO DE 1891 - A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 9ºANO


A CONSTITUIÇÃO DE 1891

             Durante os trabalhos da Assembleia Constituinte evidenciaram-se as divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma república liberal - defendido pelos cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados (federalismo); garantia das liberdades individuais; separação dos três poderes e instauração das eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa, tornando o poder público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da República Velha.
             O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa. Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por intelectuais e pela classe média urbana.
             Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas ideias de Augusto Comte, com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de uma república positivista. O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o papel de garantir estes objetivos.
             Este Estado teria de ser forte e centralizado. Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma república liberal foi vencedor.

A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA

O que é uma Constituição? Em primeiro lugar, queremos lembrar que Constituição é um conjunto de leis que estabelecem os direitos e deveres dos cidadãos.
Tipos de Constituição
             Uma Constituição pode ser promulgada ou outorgada. Uma Constituição Promulgada é aquela que resulta das discussões de toda a sociedade, seja através de entidades de representação de determinados setores, seja pelo trabalho da Assembleia Constituinte, que também representa a sociedade através dos deputados. Outorgada é a Constituição imposta pelo Estado. Toda a sociedade é obrigada a cumprir suas determinações.
             Ao pensarmos em uma CONSTITUIÇÃO promulgada, ela parece contemplar as necessidades de toda a sociedade, não é mesmo? Nossa primeira constituição republicana, mesmo sendo promulgada, apresentou muitos limites. Ela, na verdade, não representava os anseios de toda a sociedade, mas apenas de parte dela.
             A primeira constituição da república brasileira foi elaborada por uma Assembleia Constituinte formada, em sua maioria, por representantes de senhores de terras e de militares. Foi promulgada em fevereiro de 1891.
A Constituição de 1891 estabelecia:
• eleições diretas para os cargos do Poder Legislativo e do Poder Executivo;
• o voto era direito dos cidadãos maiores de 21 anos, do sexo masculino, alfabetizados. Logo, era somente para uma pequena parcela da população brasileira;
• divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário;


GOVERNO FLORIANO PEIXOTO - 9º ANO


GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894)

             Adepto do republicanismo radical, o "florianismo" virou sinônimo de "jacobinismo". Foi um defensor da força para garantir e manter a ordem republicana, recebendo o apelido de "Marechal de Ferro".
           Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo. Estas medidas, porém, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro.
        Seu governo também incentivou a indústria, através do estabelecimento de medidas protecionistas -evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais. No entanto, este caráter nacionalista de Floriano Peixoto era mal visto no exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos cafeicultores.
             O início da oposição à Floriano partiu em abril de 1892, quando foi publicado o Manifesto dos Treze Generais, acusando o governo de ilegal e exigindo novas eleições. Pela Constituição de 1891, em seu artigo 42, caso o Presidente não cumprisse a metade do seu mandato, o vice-presidente deveria convocar novas eleições. Floriano não acatou as determinações do artigo, alegando ter sido eleito de forma indireta.
             Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por insubordinação.
Paralelamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo grupos oligárquicos pelo controle do poder político.
             Federalistas (maragatos), liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, que controlavam a política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito, denominado Revolução Federalista em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos.
             Em setembro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. A revolta da Armada fundiu-se com a Revolução Federalista. A repressão aos dois movimentos foi extremamente violenta.
             Após três anos de governo, enfrentando com violência as oposições, Floriano Peixoto passa a presidência à Prudente de Morais, tendo início a República das Oligarquias.


GOVERNO DEODORO DA FONSECA - 9º ANO


GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA

             O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois momentos, o governo provisório e o governo constitucional.

GOVERNO PROVISÓRIO (1889/1891)

            Período que vai da proclamação da República em 15 de novembro de 1889 até a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.
            Entre as principais medidas do governo provisório estão a extinção da vitaliciedade do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão do Conselho de Estado, extinção do Padroado e do beneplácito, a separação entre Igreja e Estado, a transformação das províncias em estados, o banimento da Família Real.
            Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios, criação do Registro Civil - para legalizar nascimentos e casamentos -a grande naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil adquiriu nacionalidade brasileira, e foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil.

O ENCILHAMENTO

             Além da elaboração da Constituição de 1891, o governo provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado uma política econômica e financeira, conhecida como Encilhamento.
             Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a industrialização e a produção agrícola. Para atingir estes objetivos, Rui Barbosa adota a política emissionista, ou seja, o aumento da emissão do papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em circulação.
             O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anônimas fazendo com que boa parte do dinheiro em circulação não fosse aplicado na produção, mas sim na especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.
A especulação financeira provocou uma desordem nas finanças do país, acarretando uma enorme desvalorização da moeda, forte inflação e grande número de falências.
             Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos esta tentativa de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo que não estava em seus planos.

GOVERNO CONSTITUCIONAL (1891)

             Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca eleito pela Assembleia- permaneceu no poder, em parte devido às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela Assembleia revelou os choques entre os republicanos positivistas ( que postulavam a ideia de golpe militar para garantir o "continuísmo" ) e os republicanos liberais.
             O candidato destes era Prudente de Morais, tendo como vice presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assembleia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca. O novo governo, autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto.
             Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da Lei das Responsabilidades, tornado possível o impeachment de Deodoro. Este, por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da oposição e decretou estado de sítio.
             A reação a este autoritarismo foi imediata e inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército. Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinte liderada pelo almirante Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto.

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 9ºANO - SAMARANCH

Responda as questões abaixo:

1 – Cite três motivos que impulsionaram a crise e a consequente queda do Império brasileiro.

2 – O que Lima Barreto quis dizer com sua célebre frase “O Brasil não tem povo, tem público” no contexto da proclamação da república?

3 – Defina República Velha

4 – Qual era o principal produto da economia brasileira à época?

5 – Como foi dividida a República Velha?

6 – Quais foram os primeiros presidentes brasileiros durante a fase da República Velha denominada “República da Espada”? O que eles tinham em comum?

7 – Quais as principais medidas adotadas por Deodoro da Fonseca durante o Governo Provisório?
8 – O que é uma Constituição?

8 – A Constituição de 1891 contemplava todo o povo brasileiro? Explique!

9 - O que foi a prática econômica conhecida como Encilhamento? Como era seu funcionamento?

10 – Defina “Oligarquias”

AS 15 GRANDES EPIDEMIAS E PANDEMIAS DA HISTÓRIA

1. A praga de Atenas, 429-326 a.C.
Ainda restam dúvidas sobre a verdadeira natureza dessa epidemia que atingiu Atenas: se foi tifo, febre tifoide (causada pela bactéria salmonela entérica), febre hemorrágica viral, varíola, sarampo ou peste bubônica. A doença apresentava sintomas como febre, inflamação dos olhos, pústulas e úlceras no corpo, sede extrema, diarreia, vômito, tosse e espirros. Ela matou cerca de 25% da população, entre 70 mil e 75 mil pessoas (outras fontes falam em 100 mil vítimas), entre elas, Péricles, o célebre magistrato ateniense.
A praga teve sérios efeitos na sociedade de Atenas, resultando no desprezo às leis e às tradições religiosas; em resposta, as leis se tornaram mais rigorosas. Tucídides escreveu a respeito: “a catástrofe foi tão avassaladora que os homens, sem saber o que aconteceria ao lado deles, ficaram indiferentes a todas as leis”. A epidemia marcou o declínio da Era de Ouro de Atenas, o berço da democracia. Até recentemente, muitos historiadores eram céticos quanto à existência ou a extensão da praga de Atenas até que uma escavação realizada em 1994-1995 confirmou a veracidade dos acontecimentos. Foi descoberta uma vala comum, do lado de fora do antigo cemitério de Kerameikos, em Atenas. No local havia 240 esqueletos, pelo menos dez deles de crianças, datados de 430-426 a.C., estavam amontoados sem camadas de terra entre eles. As evidências apontam para um enterro em massa, realizado em um ou dois dias. A praga voltou mais duas vezes a Atenas, em 429 a.C. e no inverno de 427-426 a.C. Apareceu na Sicília, entre os cartagineses, em 395 a.C. tendo sido relatada por Diodoro da Sicília. Em 81 d.C., a peste chegou a Roma e vitimou milhares de pessoas entre elas o imperador romano Tito.
2. Peste de Antonino, 165-180
A praga Antonina foi uma pandemia que atingiu o Império Romano de 165 a 180 d.C., no reinado de Marco Aurélio que acabou sendo vitimado por ela. Chamada também de praga de Galeno, nome do médico grego que a descreveu, ela teria sido trazida pelas tropas que retornavam de campanhas do Oriente Próximo. Os estudiosos suspeitam que tenha sido varíola ou sarampo. Espalhou-se pela Gália e devastou as legiões romanas ao longo do rio Reno. Estima-se que tenha matado entre 5 e 10 milhões de pessoas.
3. Peste de Justiniano, 541-544
Batizada com o nome do imperador Justianiano (reinado de 527 a 565), foi uma pandemia que atingiu o Império Bizantino, especialmente sua capital, Constantinopla, e as cidades portuárias em todo mar Mediterrâneo. Alguns historiadores acreditam que a praga de Justiniano foi uma das pandemias mais mortais da história, resultando na morte de cerca de 25 a 50 milhões de pessoas somando todos seus surtos no Mediterrâneo Oriental (a praga retornou periodicamente até o século VIII). Justiniano, o imperador na época do surto inicial, também contraiu a doença, mas sobreviveu. Acredita-se que a epidemia começou no Egito, por volta do ano 540 e chegou à Constantinopla levada por navios de grãos onde matou cerca de 5.000 pessoas por dia. Seguindo as rotas comerciais do Mediterrâneo, a praga espalhou-se pela Síria, Palestina, Irã, assolou a Itália várias vezes, chegou à Grã-Bretanha e à Irlanda matando milhares de pessoas. Em 2013, os pesquisadores confirmaram especulações anteriores de que a causa da Praga de Justiniano era a Yersinia pestis, a mesma bactéria responsável pela Peste Negra (1347–1351). Após a última recorrência em 746-748, as pandemias na escala da Praga de Justiniano não apareceram novamente na Europa até a Peste Negra do século XIV.
4. Peste Negra, 1346-1353
A mais famosa pandemia da Europa medieval, foi causada pela bactéria Yersinia pestis que cresce no sangue de ratos. É disseminada pelas pulgas do rato que picam as pessoas e pelo contágio entre seres humanos. A bactéria atinge o sistema linfático e provoca o aparecimento de um abcesso inflamatório que era chamado de “bubão”, daí o nome “peste bubônica”. Se a bactéria não atingir a corrente sanguínea e o pulmão, o doente tem alguma chance de se curar. Quando a bactéria atinge a corrente sanguínea, onde se múltipla com rapidez, o doente pode morrer em 14,5 horas, antes mesmo de aparecer um bubão. Se atingir a circulação sanguínea periférica e os vasos capilares, produz pequenas hemorragias sob a pele formando manchas escuras. Atingindo o pulmão, o doente expectora sangue e morre em menos de dois dias. Os fatores de pressão da peste foram a guerra na Criméia e as rotas de comércio. A doença chegou a Constantinopla em maio de 1347 levada por uma frota genovesa. A cidade foi logo contaminada. A frota seguiu depois para Sicília, onde causou outro surto, e daí aportou em Marselha, no sul da França, em novembro de 1347. A doença rapidamente se espalhou pela Europa matando cerca de 20 a 25 milhões de pessoas.
5. Epidemia de Cocoliztli, México, 1545-1548 e 1576-1580
Chamada pelos astecas de cocoliztli, (“doença” em nahuatl) foi uma epidemia caracterizada por febre alta e sangramento que atingiu a colônia de Nova Espanha, atual México no século XVI. Teve efeitos devastadores na demografia da região, principalmente para os povos nativos. Estudos recentes indicam que ela possa ter sido causada pela salmonela entérica, pelo menos o surto inicial. Pode ser sido também uma febre hemorrágica viral causada pelas condições de vida dos povos indígenas do México na sequência da conquista espanhola. Houve 12 epidemias que foram identificadas como potencialmente de cocoliztli, sendo as maiores em 1520, 1545, 1576, 1736 e 1813. As epidemias de cocoliztli geralmente ocorreram dentro de dois anos após uma grande seca, enquanto outra doença chamada matlazahuatl aparece após a estação chuvosa. A epidemia em 1576 ocorreu após uma seca que se estendeu da Venezuela ao Canadá. Outro fator da epidemia teriam sido as reduções (missões) onde os astecas foram forçados a morar muito próximos entre si e também com os animais. Quer se trate de ratos, galinhas, porcos ou gado, os animais trazidos da Europa eram vetores potenciais de doenças desconhecidas na América. As secas prolongadas alteraram as condições sanitárias e os hábitos de higiene. Após as secas, a estação chuvosa provocou o aumento da população de ratos e camundongos, portadores da febre hemorrágica viral. O surto de 1545-1548 matou entre 5 a 15 milhões de pessoas (80% da população) e o de 1576-1580, outras 2 a 2,5 milhões de pessoas (50% da população). Uma questão polêmica a respeito das vítimas é se os surtos de cocoliztli atingiram preferencialmente os povos nativos, em oposição aos colonos europeus. A maioria dos relatos em primeira mão sobre o surto vem de informantes astecas, apavorados com a doença que desconheciam. Os espanhóis podem ter usado o medo indígena para mostrar a “superioridade” do Deus cristão e impor o cristianismo. Os relatos de Bernardino de Sahagún, contradizem a aparente imunidade do colonizador: o frade franciscano identificou africanos escravizados e colonos espanhóis afetados pela doença, além dele próprio ter sido infectado.
6. Grande Praga de Milão, 1629-1631
A Grande Praga de Milão foi uma série de surtos de peste bubônica que atingiu as cidades do norte da Itália. Teria sido levada por soldados franceses e alemães após movimentos de tropas associadas à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Tropas venezianas infectadas com a doença, espalharam a doença no norte e centro da Itália. Em outubro de 1629, a praga atingiu Milão, o principal centro comercial da Lombardia. Embora a cidade tomado medidas efetivas de saúde pública, incluindo quarentena, restrições à circulação de mercadoria e limitação do acesso de soldados alemães, a praga se disseminou. O relaxamento das medidas de saúde durante o carnaval, provocou um grande surto em março de 1630, que foi seguido por uma terceira onda na primavera e no verão de 1631. No geral, Milão sofreu aproximadamente 60 mil mortes em uma população total de 130 mil. A República de Veneza foi infectada em 1630-1631, vitimando 46 mil pessoas em uma população de 140 mil. Alguns historiadores acreditam que a drástica perda de vidas e seu impacto no comércio resultaram na queda de Veneza como uma potência comercial e política. A epidemia atingiu, também, Gênova, Bolonha, Módena, Parma, Florença, Roma e Nápoles. A forte queda da população urbana corrobora a hipótese de que as pragas do século XVII tiveram um papel fundamental no declínio das economias italianas.
7. A Grande Praga de Londres, 1664-1665
Foi a última grande epidemia de peste bubônica a ocorrer na Inglaterra (as anteriores foram de 1603, 1625 e 1636). A cidade era abastecida por navios que chegavam a Londres e pelas barcaças que percorriam o rio Tâmisa. O caminho da peste pode ter sido este. Acredita-se que foram navios vindos de Amsterdã e Hamburgo, onde ocorriam surtos da doença, que introduziram a peste em Londres. A capital inglesa era, então, uma cidade superpovoada e com sérios problemas sanitários. Nas partes mais pobres da cidade, a higiene era impossível de manter nos cortiços e nos galpões superlotados. Não havia saneamento básico e ralos abertos corriam pelo centro das ruas sinuosas. As pedras eram escorregadias com esterco de animais e lixo jogado das casas, cheias de moscas no verão e inundadas de esgoto no inverno. O mau cheiro era avassalador e as pessoas passeavam com lenços fechando as narinas. Em julho de 1665, a praga era galopante na cidade de Londres. Os ricos fugiram, incluindo o rei Carlos II, sua família e sua corte, que deixaram a cidade para Salisbury e daí para Oxford. Em dezoito meses, a Grande Praga matou cerca de 100 mil pessoas, quase um quarto da população de Londres. Em 1666, outra catástrofe atingiu Londres: o Grande Incêndio que consumiu boa parte da cidade e arruinou comerciantes e proprietários. O fogo ajudou a erradicar a doença destruindo os bairros mais insalubres. O Parlamento votou a lei de reconstrução da cidade e melhorias foram feitas: ruas mais largas, construção des calçadas, eliminação das valetas de esgoto, construção de edifícios de pedra e tijolos, e proibição aos de madeira. A cidade tornou-se um espaço mais saudável para se viver e a população passou a ter maior senso de vida em comunidade.
8. Grande Praga de Marselha, 1720-1722 Marselha, no sul da França, é o principal porto francês de intercâmbio comercial com o Oriente. Foi nele que a Peste Negra entrou no século XIV e, quatro séculos depois, retornou trazida pelo navio mercante Grande Santo Antônio vindo de Sidon, no Líbano e depois de passar por Trípoli (Líbia) e Creta. Ao aportar em Marselha, vários tripulantes, inclusive o cirurgião do navio, estavam mortos. O navio foi colocado de quarentena pelas autoridades portuárias. Contudo, poderosos comerciantes da cidade interessados na carga de seda e algodão do navio pressionaram as autoridades para levantar a quarentena. Alguns dias depois, a doença eclodiu na cidade. Os hospitais ficaram rapidamente sobrecarregados e os moradores entraram em pânico, expulsando os doentes de suas casas e fora da cidade. O número de mortos superou os esforços da saúde pública da cidade e milhares de cadáveres ficaram espalhados e empilhados pela cidade. As tentativas de impedir a propagação da peste incluíram a aplicação da pena de morte a quem tentasse sair da cidade. Para isso, foi construído, no campo, um muro (mur de la peste) de 2 m de altura e 70 cm de espessura, vigiado por guardas. Em dois anos, a peste matou 100 mil pessoas, sendo metade na cidade de Marselha e outra metade nas cidades vizinhas. Foi a última epidemia de peste bubônica na Europa.
9. As 7 pandemias de cólera, século XIX
Entre 1816 e 1826, a cólera-morbo varreu a Ásia e a Europa. Esta foi a primeira de sete pandemias de cólera durante os séculos XIX e XX, com a sétima originada na Indonésia em 1961. Além disso houve muitos surtos de coléria, como o de 1991-1994 na América do Sul e mais recentemente o de 2016-2020, no Iêmen. A primeira pandemia (1816-1826) começou em Calcutá, na Índia e se espalhou por todo o sudeste da Ásia até o Oriente Médio, leste da África e costa do Mediterrâneo. Matou centenas de milhares de pessoas incluindo soldados e funcionários britânicos – fato que atraiu a atenção europeia para a doença que, até então, era endêmica na região do rio Ganges. Acredita-se que o movimento do exército e da marinha britânicos tenha contribuído para o alcance da pandemia, transportando a epidemia para o Nepal, Afeganistão, Indonésia, África, norte da China e Japão.
A segunda pandemia de cólera (1829-1851) disseminou-se da Índia para a Ásia. Espalhou-se na Rússia durante a invasão de Moscou em 1830. Os soldados russos levaram a doença para a Polônia em fevereiro de 1831. Um relatório apontou 250 mil casos de cólera e 100 mil mortes na Rússia. A pandemia chegou à Grã-Bretanha em dezembro de 1831 transportada por passageiros de um navio do Báltico. Em Londres, a doença matou 6.536 vítimas; em Paris, 20.000 morreram (de uma população de 650.000) chegando a 100 mil mortes em toda a França. Em 1832, a epidemia chegou ao Canadá (Quebec, Ontário e Nova Escócia) e aos Estados Unidos (Nova York e Detroit). Em meados daquele ano, 57 passageiros irlandeses de um trem a caminho da Filadélfia morreram durante a viagem. A terceira pandemia de cólera (1852-1860) fez praticamente o mesmo percurso matando 1 milhão de pessoas só na Rússia. A comunidade médica acredita, então, que a cólera é uma doença exclusivamente humana, espalhada por diversos meios de viagem e transmitida através de águas mornas e alimentos contaminados por rios e águas contaminadas por fezes. A falta de tratamento das fezes humanas e a falta de tratamento da água potável facilitam muito a sua disseminação. No final do século, particularmente entre 1879-1883, ocorreram grandes avanços científicos para o tratamento da cólera: a primeira imunização por Pasteur, o desenvolvimento da primeira vacina contra a cólera e a identificação da bactéria Vibrio cholerae por Filippo Pacini e Robert Koch.
10. A pandemia “Gripe Espanhola”, 1918-1920 Foi uma pandemia causada pelo vírus da gripe H1N1, invulgarmente mortal que infectou e matou milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente adultos jovens, tornando-se uma das pandemias mais mortais da história da humanidade. Discute-se ainda sobre a origem da pandemia. Os documentos oficiais e os relatórios epidemiológicos não são confiáveis. Durante a guerra, os chefes militares da Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos esconderam ou minimizaram os relatos de doenças e mortalidade para manter o moral dos exércitos. A Espanha, contudo, neutra na guerra e sem motivos para manter o segredo militar, foi a primeira a mencionar publicamente a doença, até porque seu rei Afonso XIII contraiu a doença. Isso criou a falsa impressão da Espanha ter sido o centro disseminador dando origem ao apelido da pandemia “gripe espanhola” Diferentes hipóteses foram feitas sobre o assunto, sendo as principais as que indicam como local de origem Kansas ou Boston, nos Estados Unidos, e bases militares britânicas e francesas para onde foram convocados 96 mil trabalhadores chineses. As condições de guerra, como a desnutrição, acampamentos e hospitais superlotados e a falta de higiene contribuíram para a superinfecção bacteriana. Os modernos sistemas de transporte facilitaram a disseminação da doença por soldados, marinheiros e viajantes civis. As estimativas do número total de mortes muito. Uma estimativa de 1991 indica 25-39 milhões de pessoas mortas. Uma estimativa de 2005 calcula entre 50 milhões de mortos (menos de 3% da população global) e 100 milhões (mais de 5%). Seja como for, as mortes atingiram populações urbanas e rurais dos países desenvolvidos e até mesmo povos nativos como comunidades inteiras de inuítes no Alasca. Em poucos meses, vírus H1N1 espalhou-se por vários países e continentes simultaneamente. No Brasil, cerca de 300 mil pessoas morreram, incluindo o presidente Rodrigues Alves, recém-eleito que sequer chegou a tomar posse.
Os sintomas do H1N1 eram incomuns causando, inicialmente, muitos diagnósticos incorretos da gripe como dengue, cólera ou febre tifoide. Uma das complicações da gripe era a hemorragia das mucosas, especialmente do nariz, ouvido, estômago e intestino. A maioria das mortes, contudo, ocorreu por pneumonia bacteriana, uma infecção secundária comum associada à gripe. Entre as vítimas famosas atingidas pela “gripe espanhola” estão: o presidente americano Woodrow Wilson, o poeta francês Guillaume Apollinaire e o escritor francês Edmond Rostand, o artista austríaco Egon Scheile e o economista e sociólogo alemão Marx Weber. E o avô do atual presidente, Donald Trump. Quase um século depois, a gripe H1N1 voltou: foi a PANDEMIA DE GRIPE SUÍNA (2009-2010). Descrita pela primeira vez em abril de 2009, o vírus parecia ser uma nova cepa do H1N1, resultado de uma combinação tripla de vírus de aves, suínos e gripe humana. No total, 187 países registraram casos. Estima-se que contraíram a doença cerca de 700 milhões a 1,4 bilhões de pessoas, 11-21% da população global (de cerca de 6,8 bilhões). O fim da pandemia foi decretado pela OMS em agosto de 2010
11. Gripe Asiática (vírus H2N2), 1957-1958
Foi a segunda pior pandemia do século XX, depois da “gripe espanhola” e a primeira para a qual existem registros detalhados disponíveis. O vírus H2N2 foi identificado pela primeira vez em uma província ao sul da China em 1956. Chegou a Cingapura em fevereiro de 1957, alcançou Hong Kong em abril, os Estados Unidos em junho e daí se espalhou para a Europa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2 milhões de pessoas foram vítimas da gripe asiática. Uma vacina foi desenvolvida em 1957 para conter o surto da gripe.
12. Gripe de Hong Kong (vírus H3N2) 1968-1970
A cepa da gripe asiática evoluiu para o H3N2 que causou uma pandemia mais leve, a gripe de Hong Kong de 1968 a 1969. O primeiro registro do surto em Hong Kong apareceu em 13 de julho de 1968 e, em alguns meses, matou 750 mil pessoas. Disseminou-se em extensos surtos no Vietnã e Cingapura. Em setembro de 1968, chegou à Índia, Filipinas, norte da Áustrália e Europa. Nesse mesmo mês, o vírus H3N2 entrou na Califórnia levado pelas tropas americanas que retornavam da Guerra do Vietnã. Em 1969, chegou ao Japão, África e América. A doença que pode infectar humanos, pássaros e mamíferos (especialmente porcos) provocou forte mobilização internacional, coordenada pela OMS. Estima-se que tenha matado 1 milhão de pessoas. Em novembro de 1968, foram desenvolvidas vacinas eficazes. Elas não impediram, contudo, novos surtos que ocorreram a partir de 2003, quase anuais, o último dos quais, ocorrido em 2018.
13. A pandemia do HIV / AIDS, 1981 até hoje
Em 1983, o vírus HIV (sigla em inglês para human immunodeficiency vírus, “virus da imunodeficiência humana”) foi descoberto e identificado como a causa da AIDS (sigla para acquired immunodeficiency syndrome, “síndrome da imunodeficiência adquirida”), nome dado à doença em julho de 1982. A AIDS é uma doença infecto-contagiosa que leva à perda progressiva da imunidade do corpo humano. O vírus HIV é transmitido através de relações sexuais sem o uso de preservativo (incluindo sexo anal), pelo contato com sangue infectado (transfusões de sangue, agulhas hipodérmicas) e de forma vertical, isto é, a mulher infectada para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Não há certeza se o sexo oral é capaz de transmitir a doença, mas existem relatos de pessoas que se infectaram ao engolir esperma. não estava restrita à comunidade homossexual O caso mais antigo e bem documentado de HIV em humanos remonta a 1959, em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo República Democrática do Congo. Há evidência de que caçadores e vendedores de animais silvestres se infectaram com o SIV (vírus da imunodeficiência símia). Acredita-se que várias transmissões de pessoa para pessoa desse vírus, em rápida sucessão, permitiram que o vírus se adaptasse aos seres humanos transformando-se em HIV e, daí se espalhasse por toda a sociedade. Uma outra hipótese afirma que práticas médicas inseguras na África após a Segunda Guerra Mundial, como a reutilização de seringas não esterilizadas durante programas de vacinação em massa, uso de antibióticos e de campanhas de tratamento anti-malária, foram os vetores iniciais que permitiram que o vírus se espalhasse e se adaptasse aos seres humanos. Um dos primeiros casos de AIDS entre famosos aconteceu com ator estadunidense Rock Hudson, diagnosticado em 1984, que morreu em outubro de 1982. O cantor britânico Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, diagnosticado com HIV positivo em 1987, faleceu em novembro de 1991 de uma doença relacionada à AIDS. O tenista Arthur Ashe, heterossexual, foi contaminado por transfusões de sangue durante uma cirurgia cardíaca vindo a falecer em fevereiro de 1993. O jogador de basquete Magic Johnson anunciou em 1991 que estava infectado. Desde então, tornou-se um porta-voz do sexo seguro e da prevenção contra o HIV. Ele criou a Fundação Magic Johnson, que busca auxiliar as pessoas no combate à doença. No Brasil, entre os casos de AIDS mais famosos estão o do cantor Cazuza que, em 1988, assumiu em rede nacional que estava com AIDS e morreu em decorrência da doença em 1990; o cantor Renato Russo, ex-integrante da banda Legião Urbana, HIV positivo desde 1989, morreu em 1996 aos 36 anos; o sociólogo Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho contraiu AIDS em 1986 em uma transfusão de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia, e veio a falecer em 1997; seu irmão, o cartunista Henrique se Souza Filho, conhecido como Henfil, também hemofílico, teve o mesmo destino, falecendo em 1988. Desde a sua descoberta na década de 1980, a AIDS causou a morte de aproximadamente 30 milhões de pessoas (até 2009). Depois do pico em 2004, com 1,7 milhão de mortes, a doença reduziu o número de mortes para 1,2 milhão em 2010, e 770 mil em 2018 (dados da Unaids). O número de infecções tem caído, mas ainda é preocupante, em 2018 foram registradas cerca de 1,7 milhão de novas infecções por HIV. Contudo, neste mesmo ano, havia 37,9 milhões de pessoas portadoras de HIV sendo que 20% delas (8,1 milhão) não sabiam que estavam vivendo com o vírus (dados da Unaids). Apesar de ainda não existir uma cura definitiva ou uma vacina, o tratamento antirretroviral pode retardar o desenvolvimento da doença e elevar a expectativa de vida do portador do vírus. O medicamento, contudo, é de alto custo provoca diversos efeitos colaterais. O uso da camisinha nas relações sexuais é a forma mais eficaz de prevenção da aids. Também é imprescindível usar somente seringas descartáveis. Gestantes devem obrigatoriamente fazer o teste de HIV durante o pré-natal.
14. Epidemia de Ebola, 2007 e 2013-2016
A doença do vírus Ebola, também conhecida como febre hemorrágica do Ebola. Acredita-se que os morcegos sejam os portadores, capaz de espalhar o vírus sem serem afetados por eles. O vírus se propaga através do contato direto com fluídos corporais como saliva, excremento e sangue de humanos infectados ou outros animais. Os sintomas começam entre dois dias e três semanas após a contaminação: febre, dor de garganta, dor muscular, dores de cabeça, vômitos, diarreia, erupção cutânea, sangramento interno e externo. A doença tem um alto risco de morte, matando em média 50% dos infectados e, geralmente, ocorre entre 6 a 16 dias após o aparecimento dos sintomas. A doença foi identificada pela primeira vez em 1976, em dois surtos simultâneos: um em Nzara, cidade ao sul do Sudão, e outro em Yambuku (República Democrática do Congo), uma vila perto do rio Ebola, do qual a doença leva o nome. Os surtos de Ebola ocorrem intermitentemente nas regiões tropicais da África Subsaariana. Entre 1976 e 2013, a Organização Mundial da Saúde registrou 24 surtos envolvendo 2.387 casos com 1590 mortes. O maior surto até o momento foi a epidemia da África Ocidental, entre dezembro de 2013 e janeiro de 2016, com 28.646 casos e 11.323 óbitos. Novos surtos ocorreram em 2016, 2017, 2018 e 2019 – ano em que a Organização Mundial da Saúde declarou o surto de Ebola no Congo uma emergência mundial de saúde.
15. Pandemia de Coronavirus SARS, 2002-2004
O surto de SARS (sigla em inglês de síndrome respiratória aguda) de 2002-2004 teve origem na província de Guangdong, na China, na fronteira com Hong Kong, em novembro de 2002. Um agricultor internado no Hospital Memorial Sun Yat-sen, em Guangzhou, infectou 30 enfermeiros e médicos. O Dr. Liu Jianlum, médico que tratou do paciente, ainda desconhecendo a doença, participou de uma festa de casamento em família e viajou para Hong Kong onde chegou doente e foi hospitalizado. Ele morreu na UTI em 4 de março de 2003. O vírus logo se espalhou para hospitais próximos. Inicialmente, o governo chinês desencorajou a imprensa de noticiar a SARS, atrasou a comunicação à Organização Mundial de Saúde, e nem forneceu informações aos chineses. A doença começou a se espalhar rapidamente nos países vizinhos. Em 12 de março de 2003, a Organização Mundial da Saúde, emitiu um alerta global sobre uma nova doença infecciosa de origem desconhecida no Vietnã e Hong Kong. Trés dias depois, outro alerta, sobre uma pneumonia misteriosa chamada SARS em Cingapura e Canadá. Em 15 de março, a OMS emitiu um alerta de saúde global aumentado sobre uma pneumonia misteriosa com uma definição de caso de SARS após a identificação de casos em Cingapura e Canadá. A partir de então, a situação evoluiu rapidamente com medidas radicais: isolamento e quarentena de doentes, fechamento de escolas, lojas, agências bancárias, restaurantes, mercados, bares, universidades etc. A SARS é causada pelo coronavírus SARS-CoV, identificado pelo médico e microbiologista italiano Carlo Urbani, da organização Médicos Sem Fronteira. Ele mesmo contraiu a doença vindo a falecer em 29 de março de 2003, após dezenove dias de isolamento. Antes de morrer, ele pediu aos médicos que vieram da Alemanha e da Austrália para coletarem os tecidos de seus pulmões e usá-los para pesquisas. A pandemia atingiu além da China, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Vietnã, Filipinas, Canadá, Estados Unidos e, com menor incidência Alemanha, França, Suécia, Reino Unido, Itália, Suíça, Austrália e Nova Zelândia.
Fontes:
ensinarhistoriajoelza.com.br
HAYS, J.N. Epidemics and pandemics. Their impacts on Human History. Austin, Texas: Fundação Kahle, 2005
GIBBENS, Sarah. What wiped out the Aztecs? Scientists find new Clues. 16 jan 2018.
STUTZ, Bruce. Megadeath in Mexico. Discover Magazine. 20 fev 2009.
GIBSON, Charles. The Aztecs under Spanish rule. A History of the Indians of the Valley of Mexico, 1519-1810. California,: Stanford University Press.
DNA confirms cause of 1665 London’s Great Plague. BBC News, 8 set 2016.
DUCHÊNE, Roger; CONTRUCCI, Jean. Marseille: 2600 ans d’histoire. Paris: Fayard, 1998.
Cholera’s seven pandemic. CBC News, Techonology & Science, 9 maio, 2008.
Grippe espagnole de 1918: conséquences démographiques à long terme. Institut Pasteur, Paris.
How the US Army infected the world with Spanish Flu. 28 fev 2018.
UNAIDs Data 2019. Data 2019. The early spread and epidemic ignition of HIV-1 in human populations. Science. 3 out 2014.
Wikipedia (inglês). Lista de epidemias do século V a.C. ao XXI

FILÓSOFOS ILUMINISTAS




Introdução
Este movimento iluminista surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade.

Os ideais iluministas 
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. 

Século das Luzes
 A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil.  
Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero.  
Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma participação limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta forma de governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedimento aos burgueses eram as práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas.  
No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam a expansão comercial para a classe burguesa. 

Principais filósofos iluministas 
 Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a ideia de um estado democrático que garanta igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.

FIQUE ESPERTO:

Alguns pensadores ficaram famosos e tiveram destaque por suas obras e ideias neste período. São eles:
- John Locke - É considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o entendimento humano”, aonde Locke defende a razão afirmando que a nossa mente é como uma tabula rasa (folha de papel em branco) sem nenhuma ideia. Defendeu a liberdade dos cidadãos e Condenou o absolutismo.
- Voltaire - François Marie Arouet Voltaire destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico, à inflexibilidade religiosa e à prepotência dos poderosos.
- Montesquieu - Charles de Secondat Montesquieu em sua  obra “O espírito das leis”  defendeu a tripartição de poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. No entanto, Montesquieu não era a favor de um governo burguês. Sua simpatia política inclinava-se para uma monarquia moderada.
- Rousseau - Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado com bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Rousseau destacou-se também como defensor da pequena burguesia.
- Quesnay - François Quesnay foi o representante oficial da fisiocracia. Os fisiocratas pregavam um capitalismo agrário sem a interferência do Estado.
- Adam Smith - Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de ideias denominado liberalismo econômico, o qual é composto pelo seguinte: O Estado é legitimamente poderoso se for rico; Para enriquecer, o Estado necessita expandir as atividades econômicas capitalistas; Para expandir as atividades capitalistas, o Estado deve dar liberdade econômica e política para os grupos particulares.
- A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele defende que a economia deveria ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura.

O ILUMINISMO 8ºANO (RESUMO)



A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO SÉCULO XVII E O ILUMINISMO SETECENTISTA

1.      Introdução:
- A ciência: Pode-se dizer que a Ciência como ela mais ou menos é hoje surgiu na Europa do século XVII, principalmente com os trabalhos de Galileu, Descartes e Newton. Trata-se de uma forma de pensar nova, baseada na relação de conhecimento entre sujeito e objeto e tem como primado central o uso da razão.
- O Iluminismo ou Ilustração: Foi um movimento de pensadores do XVIII herdeiros de Descartes e que defendiam a liberdade, o racionalismo, o progresso do homem, o fim do absolutismo e o anticlericalismo. O movimento iluminista mais conhecido é o francês, mas há iluministas em outros países. Foi importantíssimo, pois deu embasamento teórico às revoluções burguesas e todo o mundo burguês do século XIX.
2.      O surgimento da ciência moderna:
- O método científico: O século XVII é marcado pelo surgimento do método científico e, por consequência, da própria ciência. Condenava-se a tradição e todas as formas de conhecimento não racionais.
Descartes foi o principal nome nesse assunto. Ele criou o modelo de ciência com a relação de sujeito com o objeto. Ainda, a nova ciência deveria ser experimental, ou melhor, comprovar-se com o experimento.
- O avanço científico: Estudos feitos no século XVI e XVII ajudaram a institucionalizar essa nova forma de conhecimento. Importantíssimos são os estudos de Galileu sobre a astronomia e a gravidade. A consolidação dessas teorias se dá com Newton e as leis da física.

3.      A Ilustração:
- Quadro geral: O Iluminismo pode ser considerado uma visão específica da burguesia sobre a realidade, ou melhor, trata-se de uma ideologia burguesa. Das obras dos autores da Ilustração, importantes são os escritos sobre política: falam do quadro político daquele período e sobre a forma ideal de governo. O que se pregava para a França da época era a revolução para que se findasse o absolutismo no país como ele acabou na Inglaterra. Alguns filósofos ganharam grande destaque nesse período.
- Locke e a Revolução Gloriosa: John Locke, que pode ser considerado um precursor da Ilustração dos setecentos, foi um pensador inglês do século XVII que escreveu seu principal livro, o Tratado do Governo Civil, logo após a Revolução Gloriosa na Inglaterra de 1688, legitimando-a. Ele dizia que todo povo tinha direito de escolher seu governante sendo a revolução seria legítima em casos de mau governo, dizia também que as principais funções do Estado deveriam ser a defesa da propriedade privada e das liberdades individuais. Este é o liberalismo político que influenciou bastante os iluministas franceses.
- Voltaire: Escreveu as Cartas Inglesas, obra que não pode ser chamada de um estudo teórico, mas um panfleto contra o absolutismo francês. Era profundamente anticlerical e anti-absolutista.
- Montesquieu: Para este filósofo, cada povo tem o governo que lhe cabe, isto está claro em sua obra O Espírito das Leis. Dizia que o absolutismo na França não condizia com o anseio do povo francês, que queria um regime constitucional. Defendia, baseando-se em Locke, o Estado em três esferas: Executivo, Legislativo e Judiciário, cada poder limitaria o outro para que assim não houvesse tirania de um desses poderes.
- Rousseau: Diferente dos outros filósofos, não é consenso de que se trata de um pensador iluminista, muitos o situam na corrente do Romantismo. Defendia a democracia total com votos de todos, diferentemente dos outros pensadores ilustrados. Dizia que a propriedade era a origem de toda a desigualdade e sofrimento dos homens no seu livro O Contrato Social. Esta propriedade acabou com o estado de natureza humana onde reinaria a paz e a solidariedade.
- Enciclopedistas: D´Alembert e Diderot com o auxílio de outros filósofos empreenderam esse grande esforço, compilar todo o conhecimento racional humano em uma grande obra, a ‘Enciclopédia’.
- Fisiocratas: São teóricos da economia que questionam o mercantilismo, defendendo a não interferência do Estado na economia – laissez-faire, laissez-passer. Para esses pensadores, sobretudo franceses, só gera valor que é produzido na agropecuária. Eles defendem que a economia é regida por leis naturais.
- Adam Smith e os liberais: Adam Smith é um iluminista, mas é também o pai fundador do liberalismo na economia. O liberalismo econômico será uma doutrina hegemônica no XIX. Assim como os fisiocratas, ele era crítico do mercantilismo e favorável à não intervenção estatal na economia nacional. Todo a riqueza, para Smith vinha do trabalho e não do ouro e prata ou da agricultura. Dizia que os homens em um ímpeto individualista produziam para a sociedade e essa produção se auto-regulava pela mão invisível da economia, a lei a oferta e da demanda. Assim, a liberdade econômica geraria a prosperidade.

FIQUE ESPERTO:

O ILUMINISMO
- O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas)  e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns.
- As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos como: Mercantilismo; Absolutismo monárquico; Poder da igreja e as verdades reveladas pela fé.
- Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo defendia: A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia; O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão; O predomínio da burguesia e seus ideais.
- As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo (ou mesmo a cabeça), passaram a aceitar algumas ideias iluministas.
- Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas.
- Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.