REPÚBLICA OLIGÁRQUICA - 9º ANO


REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS

             Em 1894, o paulista Prudente de Morais foi eleito o primeiro presidente civil da Primeira República. Sua eleição encerra o período dos governos dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
             A presidência de Prudente de Morais (1894-1898) inaugurou a preponderância dos interesses dos cafeicultores no período republicano. Deste momento, até 1930, dois grandes estados – São Paulo e Minas Gerais – assumiriam a liderança política de nosso país.
             Esta hegemonia foi caracterizada pela dominação dos fazendeiros, especialmente de café sobre os demais grupos sociais. Os fazendeiros se ligavam aos governadores (ou presidentes) dos estados, aos deputados e senadores, que formavam as oligarquias estaduais.
             Isso ocorreu porque as estruturas política, econômica e social estavam ligadas ao maior produto da economia nacional – a produção de café.

A POLÍTICA DOS GOVERNADORES

             O que foi? (definição) A política dos governadores foi um sistema político não oficial, idealizado e colocado em prática pelo presidente Campos Sales (1898 – 1902), que consistia na troca de favores políticos entre o presidente da República e os governadores dos estados. De acordo com esta política, o presidente da República não interferia nas questões estaduais e, em troca, os governadores davam apoio político ao executivo federal.

             Quais as principais consequências da Política dos Governadores? Inicialmente, o fortalecimento do coronel local que se tornava o verdadeiro “dono do município”, contando com o apoio das autoridades locais – prefeito, vereadores, delegados, juízes, promotores e líderes religiosos, Controlando o município, o coronel podia oferecer favores aos eleitores locais como roupas, comida, empregos públicos e proteção. Esta prática política é chamada de clientelismo.

             Nos períodos de eleição, os dependentes do coronel votavam em massa nos candidatos apoiados e indicados por ele. Essa indução da escolha ficou conhecida como voto de cabresto. Esses e outros procedimentos ilegais como a ameaça aos eleitores por capangas dos coronéis e utilização do registro eleitoral de pessoas já falecidas, permitiram a manutenção das oligarquias rurais no poder durante mais de 30 anos.
             A segunda consequência se refere à predominância de Minas Gerais e São Paulo sobre os demais estados, a ponto de terem controlado os acordos para a sucessão presidencial durante mais de 30 anos na chamada política do café com leite.


A política do café com leite

             Revezamento, no executivo federal, entre as oligarquias paulistas e mineiras. O número de deputados federais era proporcional à população dos Estados. Desta forma, os estados mais populosos - São Paulo e Minas Gerais -tinham maior número de representantes no Congresso.

Coronelismo e voto do cabresto

             O sistema político da República Velha estava assentado nas fraudes eleitorais, visto que o voto não era secreto. O exercício da fraude eleitoral ficava à cargo dos "coronéis", grandes latifundiários que controlavam o poder político local ( os municípios ). Exercendo um clientelismo político (troca de favores) o grande proprietário controlava toda uma população ("curral eleitoral"), através do voto de cabresto.
             Assim, o poder oligárquico era exercido no nível municipal pelo coronel, no nível estadual pelo governador e, através da política do café com leite, o presidente controlava o nível federal.

A política de valorização do café

             Durante a segunda metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, o café foi o principal produto de exportação brasileiro. As divisas provenientes desta exportação, contribuíram para o início do processo de industrialização- a partir de 1870.
             Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As causas desta crise estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo maior que a procura, acarreta uma queda nos preços prejudicando os fazendeiros de café.
             Procurando combater a crise, a burguesia cafeeira - que possuía o controle do aparelho estatal -criou mecanismos econômicos de valorização do café. Em 1906, na cidade de Taubaté, os cafeicultores criaram o Convênio de Taubaté -plano de intervenção do estado na cafeicultura, com o objetivo de promover a elevação dos preços do produto. Os governadores dos estados produtores de café ( São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ) garantiam a compra de toda a produção cafeeira com o intuito de criar estoques reguladores. O governo provocaria uma falta do produto, favorecendo a alta dos preços, e, em seguida vendia o produto.
             Os resultados desta política de valorização do café foram prejudiciais para a economia do país. Para comprar toda a produção de café, os governos estaduais recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população; além disto, caso a demanda internacional não fosse suficiente, os estoques excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o governo - que já havia pago pelo produto!
             Outro mecanismo da valorização do café, foi a política cambial de desvalorização do dinheiro brasileiro em relação à moeda estrangeira. Para quem dependia da exportação -no caso a burguesia cafeeira semelhante política atendia seus interesses: na hora da conversão da moeda estrangeira em moeda brasileira não havia perdas; porém, para quem dependia das importações -no caso a grande maioria dos brasileiros, visto que se importava quase tudo, principalmente gêneros alimentícios e roupas -esta política tornava os produtos estrangeiros muito mais caros.
             A política de valorização do café, de forma geral, provoca o que se chamará de "socialização das perdas". Os lucros econômicos ficariam com a burguesia cafeeira e as perdas seriam distribuídas entre a população.

O CONVÊNIO DE TAUBATÉ

             Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

A crise da República Velha e o Golpe de 1930

             Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café com leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café com leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas. 
             Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.




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