8º ANO_AULA 23 - CONJURAÇÕES (INCONFIDÊNCIA MINEIRA E REVOLTA DOS ALFAIATES)

CONJURAÇÕES MINEIRA E BAIANA

 A Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira) – 1789

Houve na segunda metade do século XVIII uma significativa queda na produção de ouro na colônia, o que veio a dificultar o pagamento dos pesados tributos que a Metrópole impusera à Colônia.

Devido a isso a Capitania das Minas não conseguia arcar com o pagamento de tais tributos e Portugal passou a julgar que os mineiros estariam sonegando os impostos devidos.

Derrama: Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.

O governo de Portugal usava da violência da derrama para obrigar a população da Capitania das Minas a entregar parte dos seus bens para pagar suas dividas.

Outro fator causador de descontentamento na Capitania das Minas foram os alto preços cobrados por mercadorias importadas que fossem proibidas de serem fabricados na colônia e que por isso os colonos eram obrigados a pagar por tais produtos os preços abusivos estabelecidos por Portugal (tecidos, calçados, ferramentas e outros produtos manufaturados).

Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país.

 

Os Inconfidentes

- As autoridades portuguesas exerciam severo controle sobre a divulgação de ideias, proibindo na Colônia a impressão de jornais e livros.

- Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas ideias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.

- Devido a essas restrições, um grupo de colonos começou a se reunis secretamente em Vila Rica.

- A maioria deles pertencia à alta sociedade mineira.

- Alguns deles eram recém-chegados da Europa, onde tiveram contato direto com as ideias revolucionárias iluministas.

- Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, era um dos poucos participantes de origem modesta.

- Além de Tiradentes, p grupo ainda com os poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.

 

O que eles reivindicavam?

- A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em nosso país que fosse baseado na constituição dos Estados Unidos. 

- Defendiam a transformação de São João Del Rei (grande produtora de alimento e gado) em capital do país.

- Defendiam a obrigatoriedade do serviço militar.

- Apoiavam a industrialização.

- Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida, pois a maioria dos conjurados possuíam terras e muitos escravos.

- Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para Minas. Ela seria composta por um triangulo verde num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Que Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia).

Observação: A atual bandeira de Minas gerais baseia-se na bandeira dos conspiradores  da Conjuração Mineira, mas seu triangulo é vermelho.

 

- Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para o inicio de 1789, em uma data em a derrama seria executada. Desta forma, poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada.

- A ideia era de que assim que começasse a derrama eles prenderiam o novo governador da região, o visconde de Barbacena.

- A rebelião em Vila Rica, no entanto, não aconteceu.

- Um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa.

- Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei.

- Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África e outros uma pena de prisão.

- Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública.

- Enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Campo de São Domingo, no Rio de Janeiro, Tiradentes teve o seu corpo esquartejado e seus membros distribuídos pelas cidades onde estivera buscando apoio.

- Sua cabeça foi exposta publicamente em Vila Rica a fim de intimidar possíveis conspiradores e evitar novas rebeliões.

 

Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.

 

A transformação de Tiradentes em herói nacional

- A transformação de Tiradentes em herói nacional e mártir só acontecem no período do regime republicano, quando ganhou força a oposição ao regime imperial e se exaltou a atuação dos lideres (republicanos) da inconfidência. 

- No quadro Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo (1893) se consolidava a imagem de Tiradentes como herói nacional.

- Na construção do ídolo  a pintura associa o "mártir" Tiradentes esquartejado (como se estivesse sobre um altar) com a simbologia de Cristo, ou seja, "o sangue e o corpo do redentor que morrera pela nação".

 

Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana) – 1798

- A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi um movimento de caráter emancipacionista, ou seja, deseja a completa independência em relação a Portugal, acabar com a escravidão e criar uma nova ordem social.

- Se a Inconfidência Mineira destaca-se pelo pioneirismo - o primeiro movimento republicano em nossa história -, a Conjuração Baiana apresenta o componente popular, que irá direcioná-la de forma mais ampla e radical: a abolição da escravidão. 

- Ela foi o movimento de independência mais radical do Brasil Colônia, mas nem por isso tem o merecido destaque em nossa histografia.

- Por mais que estourassem revoltas contra a colônia portuguesa no Brasil, muitas dessas organizações populares eram movidas por interesses particulares dos grandes donos de terra e da elite oposicionista.

- Na avalanche da Revolução Francesa, a Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) aconteceu na Bahia em 1798 e tinha caráter emancipacionista: exigia, a qualquer custo, a independência do domínio português.

- Foi uma revolta social de caráter popular (é conhecida como a mais popular das rebeliões coloniais).

- Nela observamos uma participação maciça de homens livre e pobres, inclusive alfaiates, motivo pelo qual a conjuração também ficou conhecida com Rebelião dos Alfaiates.

- Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa. O sucesso da independência dos Estados Unidos, as realizações da Revolução Francesa e a rebelião escrava na Ilha de Santo Domingo, propagaram na Bahia os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

- Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.

Causas da Conjuração Baiana

- A transferência da capital da Colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, acarretou dificuldades econômicas para a antiga capital.

- Quando Salvador deixou de ser a capital brasileira, acabou perdendo boa parte dos investimentos da Coroa e passou a ter papel secundário diante da nova capital, o Rio de Janeiro. A população baiana acabou sofrendo com a crise econômica do estado. A violência aumentava cada vez mais com o constante saqueamento de propriedades privadas e mercadorias.

- Vivia em Salvador uma população miserável, sobrecarregada de impostos e que frequentemente contestava a exploração exercida pela Metrópole.

Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos.

- Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos.

- Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana.

Objetivos da Conjuração Baiana

- Defendiam a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;

- Defendiam a implantação da República;

- Liberdade comercial no mercado interno e também com o exterior;

- Liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e também da escravidão;

- Aumento de salários para os soldados.

 

Líderes da Conjuração Baiana

 

Cipriano Barata

- As ideias radicais foram surgindo. Quem se destacou na propagação da revolta foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata.

- Ele organizou a população mais humilde, como escravos e pequenos camponeses, para difundir mensagens e panfletos incitando mais revoltosos para aderir à revolução.

- No movimento, destacaram-se também os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, sob chefia militar do tenente Aguilar Pantoja, que contava com o apoio dos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas Amorim Torres.

Quem participou?

- Muitos alfaiates; Pessoas pobres; Letrados; Padres; Pequenos comerciantes; Escravos; Negros livres; Artesãos; Soldados; Setores populares.

 

A revolta

- A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, que delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.

- O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse.

- Vários revoltosos foram presos.

- Muitos foram expulsos do Brasil.

- Quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador.

- Revoltosos mais pobres, como Faustino e Nascimento, foram condenados imediatamente à morte por enforcamento, enquanto que os intelectuais e mais abastados Barata e o professor Francisco Moniz foram absolvidos pela Coroa.

- Apesar de não ter sido concretizado em sua totalidade, a Conjuração Baiana é considerada uma importante revolta popular. 

- Muito além da pretensão de derrubar a monarquia, a revolta pôs em xeque as questões sociais do país e deu impulsão para o surgimento das primeiras campanhas abolicionistas do país.

 

RESUMO – INCONFIDÊNCIA MINEIRA E CONJURAÇÃO BAIANA (OU REVOLTA DOS ALFAIATES)

 

Objetivos da inconfidência mineira:

- Assassinar o governador e proclamar a república na capitania de MG (caráter separatista regional).

- Criar uma universidade em Vila Rica.

- Acabar com a venda de diamantes.

- Construir uma siderúrgica.

- Perdoar as dívidas atrasadas dos mineradores.

- Nem todos apoiavam a abolição da escravatura, pois a maioria dos conjurados possuía escravos.

 

Desfechos da Inconfidência mineira e da conjuração baiana:

 

INCONFIDÊNCIA MINEIRA:

A conjuração falhou, pois Joaquim Silvério dos Reis entregou os inconfidentes para ter sua dívida perdoada, devido a isso, Visconde de Barbacena acabou com a Derrama e exigiu impostos aos inconfidentes, quanto ao Tiradentes, ele foi preso, condenado, enforcado e esquartejado, mas se tornou mártir da independência. O movimento de caráter separatista ocorreu apenas em MG, mas para alguns foi isso que os levou a independência.

 

CONJURAÇÃO BAIANA:

A Conjuração também falhou, pois Luís Gonzaga e Domingos da Silva Lisboa foram torturados até entregarem seus companheiros, por isso foram punidos de acordo com a sua condição social, os soldados foram enforcados e esquartejados, partes de seus corpos foram expostos em praça pública. Outros mulatos foram chicoteados em praça pública e mandados a África. Os únicos a cumprirem pena na Bahia foram os cavaleiros da luz.

 

Realidades que promoveram a conjuração Baiana:

- Condições precárias para a sobrevivência; Carestia; Demais consequências da transferência da capital pro Rio de Janeiro.

Objetivos da Conjuração Baiana:

- Defendiam a separação da metrópole e a proclamação de uma república; Expansão das ideias iluministas; Fim do domínio colonial; Abolição da escravatura; Governo democrático livre e independente.

 












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