CONJURAÇÕES MINEIRA E
BAIANA
A Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira) – 1789
Houve na segunda metade do século
XVIII uma significativa queda na produção de ouro na colônia, o que veio a
dificultar o pagamento dos pesados tributos que a Metrópole impusera à Colônia.
Devido a isso a Capitania das Minas não conseguia
arcar com o pagamento de tais tributos e Portugal passou a julgar que os
mineiros estariam sonegando os impostos devidos.
Derrama:
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Nesta época,
Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de
exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para
a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados
da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até
completar o valor devido.
O governo de Portugal usava da
violência da derrama para obrigar a população da Capitania das Minas a entregar
parte dos seus bens para pagar suas dividas.
Outro fator causador de descontentamento na
Capitania das Minas foram os alto preços cobrados por mercadorias importadas
que fossem proibidas de serem fabricados na colônia e que por isso os colonos
eram obrigados a pagar por tais produtos os preços abusivos estabelecidos por
Portugal (tecidos, calçados, ferramentas e outros produtos manufaturados).
Todas estas atitudes foram provocando uma
insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e
donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida
política do país.
Os
Inconfidentes
- As autoridades portuguesas exerciam severo controle
sobre a divulgação de ideias, proibindo na Colônia a impressão de jornais e
livros.
- Alguns membros da elite brasileira (intelectuais,
fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas ideias de
liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar
uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.
- Devido a essas restrições, um grupo de colonos
começou a se reunis secretamente em Vila Rica.
- A maioria deles pertencia à alta sociedade
mineira.
- Alguns deles eram recém-chegados da Europa, onde
tiveram contato direto com as ideias revolucionárias iluministas.
- Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por
Tiradentes, era um dos poucos participantes de origem modesta.
- Além de Tiradentes, p grupo ainda com os poetas
Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de
Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.
O que eles
reivindicavam?
- A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva
e implantar o sistema de governo republicano em nosso país que fosse baseado na
constituição dos Estados Unidos.
- Defendiam a transformação de São João Del Rei
(grande produtora de alimento e gado) em capital do país.
- Defendiam a obrigatoriedade do serviço militar.
- Apoiavam a industrialização.
- Sobre a questão da escravidão, o grupo não
possuía uma posição definida, pois a maioria dos conjurados possuíam terras e
muitos escravos.
- Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo
uma nova bandeira para Minas. Ela seria composta por um triangulo verde num
fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Que Sera Tamen (Liberdade
ainda que Tardia).
Observação: A atual
bandeira de Minas gerais baseia-se na bandeira dos conspiradores da
Conjuração Mineira, mas seu triangulo é vermelho.
- Os inconfidentes haviam marcado o dia do
movimento para o inicio de 1789, em uma data em a derrama seria executada.
Desta forma, poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada.
- A ideia era de que assim que começasse a derrama
eles prenderiam o novo governador da região, o visconde de Barbacena.
- A rebelião em Vila Rica, no entanto, não
aconteceu.
- Um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis,
delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas
dívidas com a coroa.
- Todos os inconfidentes foram presos, enviados
para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei.
- Alguns inconfidentes ganharam como punição o
degredo para a África e outros uma pena de prisão.
- Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do
movimento, foi condenado a forca em praça pública.
- Enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Campo de
São Domingo, no Rio de Janeiro, Tiradentes teve o seu corpo esquartejado e seus
membros distribuídos pelas cidades onde estivera buscando apoio.
- Sua cabeça foi exposta publicamente em Vila Rica
a fim de intimidar possíveis conspiradores e evitar novas rebeliões.
Embora fracassada,
podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos
brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava
sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.
A transformação de Tiradentes em herói nacional
- A transformação de Tiradentes
em herói nacional e mártir só acontecem
no período do regime republicano, quando ganhou força a oposição ao
regime imperial e se exaltou a atuação dos lideres (republicanos)
da inconfidência.
- No quadro Tiradentes esquartejado, de
Pedro Américo (1893) se consolidava a imagem de Tiradentes como herói nacional.
- Na construção do ídolo a pintura
associa o "mártir" Tiradentes esquartejado (como se estivesse sobre
um altar) com a simbologia de Cristo, ou seja, "o sangue e o corpo do
redentor que morrera pela nação".
Revolta dos Alfaiates
(Conjuração Baiana) – 1798
- A Conjuração Baiana, também denominada como
Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi um movimento de caráter
emancipacionista, ou seja, deseja a completa independência em relação a
Portugal, acabar com a escravidão e criar uma nova ordem social.
- Se a Inconfidência Mineira destaca-se pelo
pioneirismo - o primeiro movimento republicano em nossa história -, a
Conjuração Baiana apresenta o componente popular, que irá direcioná-la de forma
mais ampla e radical: a abolição da escravidão.
- Ela foi o movimento de independência mais radical
do Brasil Colônia, mas nem por isso tem o merecido destaque em nossa
histografia.
- Por mais que estourassem revoltas contra a colônia
portuguesa no Brasil, muitas dessas organizações populares eram movidas por
interesses particulares dos grandes donos de terra e da elite oposicionista.
- Na avalanche da Revolução Francesa, a Conjuração
Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) aconteceu na Bahia em 1798 e tinha caráter
emancipacionista: exigia, a qualquer custo, a independência do domínio
português.
- Foi uma revolta social de caráter popular (é
conhecida como a mais popular das rebeliões coloniais).
- Nela observamos uma participação maciça de homens
livre e pobres, inclusive alfaiates, motivo pelo qual a conjuração também ficou
conhecida com Rebelião dos Alfaiates.
- Teve uma importante influência dos ideais da
Revolução Francesa. O sucesso da independência dos Estados Unidos, as realizações
da Revolução Francesa e a rebelião escrava na Ilha de Santo Domingo, propagaram
na Bahia os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
- Além de ser emancipacionista, defendeu
importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.
Causas da Conjuração Baiana
- A transferência da capital da Colônia para o Rio
de Janeiro, em 1763, acarretou dificuldades econômicas para a antiga capital.
- Quando Salvador deixou de ser a capital
brasileira, acabou perdendo boa parte dos investimentos da Coroa e passou a ter
papel secundário diante da nova capital, o Rio de Janeiro. A população baiana
acabou sofrendo com a crise econômica do estado. A violência aumentava cada vez
mais com o constante saqueamento de propriedades privadas e mercadorias.
- Vivia em Salvador uma população miserável,
sobrecarregada de impostos e que frequentemente contestava a exploração
exercida pela Metrópole.
Insatisfação popular com o elevado preço cobrado
pelos produtos essenciais e alimentos.
- Além disso, reclamavam da carência de determinados
alimentos.
- Forte insatisfação com o domínio de Portugal
sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da
sociedade baiana.
Objetivos da Conjuração Baiana
- Defendiam a emancipação política do Brasil, ou
seja, o fim do pacto colonial com Portugal;
- Defendiam a implantação da República;
- Liberdade comercial no mercado interno e também
com o exterior;
- Liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto
eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e também da escravidão;
- Aumento de salários para os soldados.
Líderes da Conjuração Baiana
Cipriano Barata
- As ideias radicais foram surgindo. Quem se
destacou na propagação da revolta foi o médico, político e filósofo baiano
Cipriano Barata.
- Ele organizou a população mais humilde, como
escravos e pequenos camponeses, para difundir mensagens e panfletos incitando
mais revoltosos para aderir à revolução.
- No movimento, destacaram-se também os alfaiates
João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, sob chefia
militar do tenente Aguilar Pantoja, que contava com o apoio dos soldados Luís
Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas Amorim Torres.
Quem
participou?
- Muitos alfaiates; Pessoas pobres; Letrados; Padres;
Pequenos comerciantes; Escravos; Negros livres; Artesãos; Soldados; Setores
populares.
A revolta
- A revolta estava marcada, porém um dos
integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, que delatou o movimento
para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.
- O governo baiano organizou as forças militares
para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse.
- Vários revoltosos foram presos.
- Muitos foram expulsos do Brasil.
- Quatro foram executados na Praça da Piedade em
Salvador.
- Revoltosos mais
pobres, como Faustino e Nascimento, foram condenados imediatamente à morte por
enforcamento, enquanto que os intelectuais e mais abastados Barata e o
professor Francisco Moniz foram absolvidos pela Coroa.
- Apesar de não ter sido concretizado em sua
totalidade, a Conjuração Baiana é considerada uma importante revolta
popular.
- Muito além da pretensão de derrubar a monarquia,
a revolta pôs em xeque as questões sociais do país e deu impulsão para o
surgimento das primeiras campanhas abolicionistas do país.
RESUMO –
INCONFIDÊNCIA MINEIRA E CONJURAÇÃO BAIANA (OU REVOLTA DOS ALFAIATES)
Objetivos da
inconfidência mineira:
- Assassinar o governador e proclamar a república
na capitania de MG (caráter separatista regional).
- Criar uma universidade em Vila Rica.
- Acabar com a venda de diamantes.
- Construir uma siderúrgica.
- Perdoar as dívidas atrasadas dos mineradores.
- Nem todos apoiavam a abolição da escravatura,
pois a maioria dos conjurados possuía escravos.
Desfechos da
Inconfidência mineira e da conjuração baiana:
INCONFIDÊNCIA
MINEIRA:
A conjuração falhou, pois Joaquim Silvério dos Reis
entregou os inconfidentes para ter sua dívida perdoada, devido a isso, Visconde
de Barbacena acabou com a Derrama e exigiu impostos aos inconfidentes, quanto
ao Tiradentes, ele foi preso, condenado, enforcado e esquartejado, mas se
tornou mártir da independência. O movimento de caráter separatista ocorreu
apenas em MG, mas para alguns foi isso que os levou a independência.
CONJURAÇÃO
BAIANA:
A Conjuração também falhou, pois Luís Gonzaga e
Domingos da Silva Lisboa foram torturados até entregarem seus companheiros, por
isso foram punidos de acordo com a sua condição social, os soldados foram
enforcados e esquartejados, partes de seus corpos foram expostos em praça
pública. Outros mulatos foram chicoteados em praça pública e mandados a África.
Os únicos a cumprirem pena na Bahia foram os cavaleiros da luz.
Realidades
que promoveram a conjuração Baiana:
- Condições precárias para a sobrevivência; Carestia;
Demais consequências da transferência da capital pro Rio de Janeiro.
Objetivos da Conjuração Baiana:
- Defendiam a separação da metrópole e a
proclamação de uma república; Expansão das ideias iluministas; Fim do domínio
colonial; Abolição da escravatura; Governo democrático livre e independente.
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