AULA 15 – IMPERIALISMO
IMPERIALISMO
É
o movimento do grande capital financeiro europeu em busca de novos mercados
tanto na Ásia, África e na América Latina. Os Estados europeus eram o grande
instrumento desse movimento, em que em alguns casos, houve ocupação militar e
em outros, apenas entrada de capitais. O Imperialismo teve a sua arrancada com
a crise e superprodução de 1873, que leva o grande capital europeu a
buscar novos mercados, matérias-primas escoadouros para o excesso de capital na
Europa. Não é à toa que a presença das empresas é maior que a dos governos nas
colônias imperialistas.
O
imperialismo contemporâneo pode ser também denominado como neocolonialismo, por
possuir muitas semelhanças com o regime vigorado entre os séculos XV e XX, o
colonialismo.
Na
segunda fase da Revolução Industrial, os países europeus, havia quase
que esgotado suas matérias primas e, devido ao grande investimento em máquina e
aparelhagem industrial, necessitavam abrir seu mercado consumidor.
Com
isso o período demarcou o processo de expansão do capitalismo industrial pela
Europa, passava então de capitalismo comercial para comercial e
financeiro. As nações europeias precisavam de um volume cada vez maior de
matéria-prima e buscavam a conquista de novos mercados consumidores que
pudessem reverter a produção industrial destes países em lucro, além de mão de
obra barata. Com isso, regiões dos continentes africano e asiático começaram a
ser o principal alvo dessa demanda das nações industrializadas.
Estes
Estados promoviam o controle político das regiões colonizadas para que as
grandes empresas da nação pudessem conduzir e lucrar com a exploração econômica
das riquezas disponíveis.
Para
que esse projeto fosse viável, devemos levar em conta que o crescimento da população
europeia teve um importante papel. O crescimento demográfico estimulava os
europeus a se mudarem para estas regiões afro-asiáticas em busca de
oportunidades econômicas. O excedente das grandes metrópoles do Velho Mundo
acabava arcando com os impostos e a manutenção de contingentes militares que
garantiam a dominação dos locais colonizados.
Além
da África e da Ásia, onde houve colonização com invasão militar, houve também
presença imperialista na América Latina, só que sem uso de forças
militares. Eram exportações de capitais para esta região, que transformavam
aquelas economias em dependentes das economias europeias. As economias
latino-americanas eram especializadas na produção e exportação de artigos
primários e importavam produtos industrializados e capitais europeus, sob a
forma de empréstimos, construção de ferrovias, telégrafos etc.
DARWINISMO SOCIAL
A
principal hipótese para a legitimação do domínio imperialista europeu sobre a
África e a Ásia foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes
do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e
o darwinismo social.
Um
dos discursos ideológicos que “legitimariam” o processo de domínio e exploração
dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo
social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas
evolutivas: 1 – Bárbara; 2 – Primitiva e 3 – Civilizada.
Os
europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam
os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria
ao colonizador europeu a “missão civilizatória” através da qual, asiáticos e
africanos teria de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a
cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e
alcançar o estágio de civilizados. O domínio colonial, a conquista e a
submissão de continentes inteiros foram legal e moralmente aceitos. Desse modo,
os europeus tinham o dever de fazer tais sociedades evoluírem.
O darwinismo
social se caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso
ideológico europeu para dominar outros continentes. Compactuava com a ideia
de que a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à
sociedade. Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as
nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A
partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou
neocolonialismo, seria uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia
que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã,
ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias
raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras
sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir
suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato
com a civilização europeia.
Hoje
sabemos que o evolucionismo social e o darwinismo social não possuem nenhum
embasamento ou legitimidade científica, mas no contexto histórico do século XIX
foram ativamente utilizados para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão,
o domínio e a exploração de continentes inteiros.
IMPERIALISMO NA ÁFRICA – A PARTILHA DA ÁFRICA
A
divisão do Continente Africano teve seu início na segunda parte do
século XIX. Porém, foi um pouco depois, na Conferência de Berlim (1884 – 1885) que a delimitação das fronteiras
da África atingiu seu ponto máximo. Nesta conferência foram decididas normas a
serem obedecidas pelas potências colonizadoras. Apesar do intuito inicial da
reunião ter sido o de acertar os limites de interesse econômicos destes
países na região, não foi possível alcançar um equilíbrio entre as ambições
imperialistas de cada nação. A partilha da África foi decidida por
Rússia, EUA e 14 países da Europa.
Líder
do imperialismo na
época, a Inglaterra dominou o norte do Mar Mediterrâneo até o extremo Sul do continente africano, região onde se
encontrava o Cabo da Boa Esperança. Um importante nome britânico neste processo foi
o de Benjamin Disraeli, que conseguiu tomar o Canal de Suez do
completo domínio francês e egípcio. Este canal encurtava a distância entre os
centros da indústria europeia e as áreas de colonização da Ásia, além disso, ligava o mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho.
Disraeli
adquiriu ações do
governo egípcio, fazendo com que o canal de Suez e todo Egito tivessem dupla
administração: inglesa e francesa. Já em 1904, o governo inglês apoiou a França
na conquista do Marrocos, tendo como moeda de troca o abandono dos franceses
das terras egípcias.
Por
fim, em
França, apesar de ter perdido o Egito para os britânicos, dominava Argélia, Tunísia,
ilha de Madagascar, Somália Francesa, Marrocos e Sudão (depois dominado pela
Inglaterra) desde 1830.
GUERRAS
Com
a constante presença dos europeus no continente africano, desencadearam-se
diversas disputas colonialistas. Uma delas foi a Guerra dos Bôeres (1899-1902). A Inglaterra, que dominava há muito tempo a Colônia do
Cabo (África do Sul), entrou em conflito com os bôeres – colonos holandeses que
dominavam Orange e Transvaal. A descoberta de ouro e diamantes na região e
Johanesburgo, área dos bôeres, foi o que atraiu o interesse britânico. A Guerra
dos Bôeres estourou em 1899 e foi até
A Alemanha dominava a região
que atualmente é conhecida como República dos Camarões, Togo,
sudeste e oriente da África. Já a Itália deteve o litoral da Líbia, Somália e
Eritréia. A Bélgica ficou com o Congo.
IMPERIALISMO NA ÁSIA
Outro
ponto importante a se estudar sobre o neocolonialismo é a entrada dos ingleses
na China, ocorrida após a derrota dos chineses durante a Guerra do Ópio
(1840-1842). Esta guerra foi iniciada pelos ingleses após as autoridades
chinesas, que já sabiam do mal causado por esta substância, terem queimado uma
embarcação inglesa repleta de ópio. Depois de ser derrotada pelas tropas
britânicas, a China, foi
obrigada a assinar o Tratado de Nanquim, que favorecia os ingleses em todas as cláusulas.
A dominação britânica foi marcante por sua crueldade e só teve fim no ano de
1949, ano da revolução comunista na China.
Como
conclusão, pode-se afirmar que os colonialistas do século XIX, só se
interessavam pelo lucro que eles obtinham através do trabalho que os habitantes
das colônias prestavam para eles. Eles não se importavam com as condições de
trabalho e tampouco se os nativos iriam ou não sobreviver a esta forma de
exploração desumana e capitalista. Foi somente no século XX que as colônias conseguiram
suas independências, porém herdaram dos europeus uma série de conflitos e
países marcados pela exploração, subdesenvolvimento e dificuldades políticas.
As
potências europeias lançaram-se ao controle da Ásia, onde encontraram
matérias-primas e um grande mercado para os seus excedentes de manufaturas e
capitais. Contudo, a existência de civilizações muito desenvolvidas dificultou
a conquista e dominação do território asiático. A Grã- Bretanha concentrou sua
ação na Índia, a chamada 'Joia da Coroa'. A França investiu pelo Sudeste, na
Indochina. Cobiçada e disputada, a China acabou subjugada pelas potências capitalistas,
com guerras, entre as quais a Guerra do Ópio (1841), e tratados desiguais que
proporcionaram aos ocidentais direitos econômicos e políticos nas áreas de
influência. O Japão conseguiu evitar o domínio estrangeiro, apesar das pressões
norte-americanas, mas a vitoriosa ação do imperador Mutsuhito sobre os poderes
locais ligados ao xogum, conseguiu restabelecer a centralização política. A Era
Meiji industrializou e militarizou o país, alicerçando sua política
imperialista.
Uma
das regiões mais cobiçadas por diversas nações europeias no decorrer dos
séculos XVI ao XIX foi a Índia. Os ingleses, no século XIX, assenhorearam-se da
maior parte de seu território até o Ceilão (Sri-Lanka). Astutamente, impediram
o surgimento de um poder central forte e estabeleceram um regime de
"protetorado" sobre a Índia - regime que, na prática, significava a
intervenção na administração local. Pela força ou pela intriga, os principados
em que a Índia estava dividida iam sendo submetidos à administração da Companhia
das Índias Orientais, empresa britânica que detinha o monopólio do comércio com
o Oriente.
A
Guerra dos Boxers foi um conflito ocorrido na China entre os anos de 1899 e
1900, onde um violento grupo nacionalista lutava contra a presença dos
estrangeiros em seu território. Inconformados com a inapetência do poder
imperial em conter a intervenção imperialista no país, um grupo de lutadores da
China desenvolveu uma sociedade secreta, conhecida como “A Sociedade dos Punhos
Harmoniosos e Justiceiros”, para lutar contra os imperialistas.
Com
o apoio velado das autoridades locais, os boxers empreenderam as suas primeiras
ações realizando pequenos atos de vandalismo ao cortar linhas telegráficas,
destruir ferrovias e perseguir os missionários cristãos. Em suma, apesar de uma
organização incipiente, os participantes dessa revolta atacavam tudo aquilo que
poderia representar a dominação dos ocidentais em seu país. Paulatinamente, o
triunfo das primeiras ações impeliu o planejamento de ataques com maior
gravidade.
Em 1857, a revolta dos Cipaios, primeiro movimento nacionalista indiano,
colocou em perigo o domínio inglês, mas foi sufocada dois anos depois.
Em
CONSEQUENCIAS DO IMPERIALISMO
Mesmo estabelecendo
uma extensa gama de justificativas, as nações imperialistas foram responsáveis
pela criação de uma série de problemas nos países dominados. O tal “projeto
civilizatório” defendido pelos partidários do neocolonialismo acabou trazendo
mudanças e problemas que não se encerraram ainda hoje. Segundo vários
estudiosos do assunto, os países africanos e asiáticos ainda experimentam os
terríveis efeitos do controle desenvolvido no século XIX.
Uma
das mais delicadas questões pode ser observada com relação ao processo de
ocupação territorial. Muitas vezes, ignorando a historicidade e as diferenças
dos povos de uma mesma localidade, os imperialistas fizeram com que um mesmo
território agrupasse etnias e tribos rivais. Com isso, mesmo após a saída das
potências industriais, estas regiões se mostram assoladas por conflitos,
guerras civis e eventos genocidas de razões diversas.
Além
disso, devemos enfatizar que a presença estrangeira foi acompanhada por um
desenfreado interesse de se extrair ao máximo as riquezas naturais dos espaços
colonizados. Dessa forma, nações que hoje poderiam usufruir de uma situação
econômica e social de maior estabilidade, enfrentam o desafio de suportar a
carestia de recursos considerados fundamentais para a sustentação de seu povo.
Atualmente, várias regiões dominadas enfrentam os perigos da miséria e da
pobreza. Outra questão de grande importância gira em torno da desarticulação de
vários costumes e tradições que estavam arraigados por séculos entre os povos
dominados.
Por
se julgarem superiores às demais culturas existentes, os imperialistas
perseguiam determinadas práticas culturais que delineavam a identidade dos
povos dominados. Com isso, a autonomia de se pensar e conduzir a própria
cultura estiveram visivelmente usurpados pela introdução das diretrizes
ocidentais.
Atualmente,
vários organismos de natureza internacional tentam auxiliar na recuperação das
regiões mais gravemente assoladas. Paralelamente, vários ativistas políticos
defendem que o prejuízo causado pela ação imperialista seja parcialmente
aplacado pelo perdão da dívida externa das nações prejudicadas pelo
imperialismo. De fato, será necessário um grande esforço para que todas estas
mazelas cedam espaço para dias mais prósperos e felizes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário