AULA 02 - REFLEXÃO CRÍTICA, SENSO CRÍTICO E SENSO
COMUM
REFLEXÃO CRÍTICA
Reflexão crítica é uma tomada de consciência;
examinar ou analisar fundamentos e razões de alguma coisa. Refletir
criticamente é a atitude de investigar e para isso é necessário conhecer aquilo
que é investigado, sem nenhum tipo de preconceitos e pré-conceitos
Refletir criticamente também é posicionar-se a
partir de um conjunto de informações conquistados com a pesquisa. Alguns termos
usados quando se fala em reflexão crítica é não julgar o livro pela capa; não
julgar o fato ou objeto sem antes conhecer criteriosamente suas intenções,
origem, autores, etc.
Reflexão crítica é uma reflexão abrangente, questionadora
e autônoma, é fazer com que um indivíduo vá além do que ele lê ou ouve,
buscando diferentes perspectivas para analisar um mesmo fato. É o fato de não
aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações,
os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los
sem antes havê-los investigado e compreendido como um todo.
SENSO CRÍTICO X SENSO COMUM
SENSO CRÍTICO
Senso crítico significa a capacidade de questionar e analisar de forma
racional e inteligente. Através do senso crítico, o homem aprende a buscar a
verdade questionando e refletindo profundamente sobre cada assunto.
A palavra “crítica” vem do Grego “kritikos”, que significa “a
capacidade de fazer julgamentos”. No sentido filosófico, o senso crítico
prende-se com o desenvolvimento de uma consciência reflexiva baseada no “eu”
(autocrítica) e no mundo.
A consciência do papel social de cada indivíduo promove a capacidade de
pensar sobre as verdades impostas pela sociedade dominante. Dessa forma, alguém
com senso crítico aguçado não aceita a imposição de qualquer tradição, dogma ou
comportamento sem antes questionar.
A capacidade de refletir sobre os assuntos está relacionada com a
educação recebida por cada indivíduo. Existe uma ideologia dominante (conjunto
de crenças, valores e opiniões) veiculada na política, religião, meios de
comunicação ou outros grupos, que procura manipular as pessoas para que não questionem;
para que aceitem o que lhes for imposto sem ponderar ou investigar a verdade.
SENSO COMUM
"Senso
comum é um conjunto de opiniões, crenças, tradições e modos de viver que se
desenvolvem em uma sociedade e faz parte da herança cultural de cada povo. São
as tradições que passam de geração em geração e são aceitas como verdades, sem
questionamentos”.
O senso comum é um tipo de conhecimento dogmático o qual acaba por
encerrar a discussão. “Lugar de mulher é na cozinha”. Ponto final. A principal
diferença entre a sociologia e o senso comum e que o senso comum tende a dar um
ponto final nos assuntos estudados e a sociologia, assim como os demais
conhecimentos críticos, busca ampliar o debate, sem esgotá-lo. Como
similaridade elas tratam de temas bem parecidos. Na maioria das vezes a
explicação do senso comum precede à sociologia. Então esta precisa do senso
comum para tentar oferecer uma explicação alternativa.
Desta maneira, a Sociologia estuda justamente o que parece ser óbvio pra
nós. Por esta razão, ela precisa distanciar-se dos discursos do senso comum
para ter o status de ciência. Para tal, ela precisa de mecanismos de controle.
São estas formas de controle que proporcionarão que aquele conhecimento seja
“fiscalizável”. Podemos apontar como alguns mecanismos de controle da
sociologia a estatística, a pesquisa histórica, entrevistas, vídeos e
fotografias.
Embora o senso comum pareça inimigo da sociologia, é principalmente dele
que ela se nutre, buscando analisar sobre outra perspectiva estes fenômenos.
Tal relação ciência e senso comum é inviável para outras ciências como
astronomia uma vez que apenas os especialistas têm acesso a telescópios e
outros meios capazes de apreender os astros. Ao contrário da astronomia,
antes da “chegada” da sociologia, houve o preenchimento de sentido do senso
comum. A exemplo disto, antes mesmo do estudo de uma periferia, há vários
sentidos daquele lugar que o cientista precisa considerar apenas como ponto de
partida e não como resultado em si. Neste sentido, um dos impedimentos do
entendimento da sociologia está no fato de boa parte do que está sendo
pesquisada por ela já foi preenchida de interpretação dos próprios indivíduos e
reafirmados pelo senso comum.
Na medida em que a sociologia vai ganhando contornos de nosso
entendimento ela vai proporcionando uma articulação com nosso cotidiano. O
grande “barato” da sociologia está no fato da possibilidade da articulação da
interpretação sociológicos à nossa experiência pessoal. Esta articulação o
sociólogo americano Charles Wright Mills chama de imaginação sociológica.
DIFERENÇA ENTRE SOCIOLOGIA E SENSO COMUM
Tipo de
conhecimento
|
Características
|
Senso
comum
|
Superficial - conforma-se com a aparência,
com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.
Sensitivo - referente a vivências,
estados de ânimo e emoções da vida diária.
Subjetivo - é o próprio sujeito que
organiza suas experiências e conhecimentos.
Assistemático - a organização da experiência
não visa a uma sistematização das ideias, nem da forma de adquiri-las nem na
tentativa de validá-las.
Acrítico - verdadeiros ou não, a
pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma
forma crítica.
|
Teológico/Mítico
|
O
conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades
tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da
divindade, do sobrenatural.
|
Filosófico
|
A
Filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se
pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para
tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando
até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
|
Científico
|
A
ciência baseia-se em fatos para fazer afirmações, as quais são refutáveis por
meio de novas descobertas. Assim como a filosofia, precisa ter uma coerência
racional. Além disto, busca a proposição de modelos gerais baseados em
experiências empíricas.
|
O QUE É SER ALIENADO?
Se
não tivermos nossa independência de pensamento e ação, ou seja, se não
conseguimos refletir sobre aquilo que vemos e ouvimos, ou se concordamos com
tudo o que acontece, com tudo o que nos é transmitido então podemos estar
vivendo de forma alienada, e, conformista.
Segundo
a filósofa brasileira Marilena Chauí, a alienação acontece quando o homem não
se vê como sujeito (criador) da história e, nela, capaz de produzir obras.
Para
o homem alienado, e segundo esta mesma visão, a história e as obras produzidas
nela são fatos estranhos e externos a ele. E, sendo estranhos, tal homem não os
pode controlar, ficando numa posição de dominado. Já o conhecimento pode nos
fazer transformadores da história, e não apenas espectadores dela.
A
Sociologia não é redentora ou solucionadora dos males sociais, ou dos problemas
intelectuais das pessoas. Ela surge como uma ciência que vai fornecer novas
visões sobre a sociedade. Sua contribuição está no fato de nos dar referenciais
para refletirmos sobre as sociedades.
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