3ºANO (E.M) - HISTÓRIA_AULA 03 - REPÚBLICA DA ESPADA


 AULA 03 – REPÚBLICA DA ESPADA

Período inicial da história republicana onde o governo foi exercido por dois militares, devido ao temor de uma reação monárquica. Momento de consolidação das instituições republicanas. Os militares presidentes foram os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA



GOVERNO PROVISÓRIO (1889/1891)

                        Período que vai da proclamação da República em 15 de novembro de 1889 até a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.
                        Entre as principais medidas do governo provisório estão a extinção da vitaliciedade do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão do Conselho de Estado, extinção do Padroado e do consentimento, a separação entre Igreja e Estado, a transformação das províncias em estados, o banimento da Família Real.
                        Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios, criação do Registro Civil - para legalizar nascimentos e casamentos -a grande naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil adquiriu nacionalidade brasileira, e foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil.


A CONSTITUIÇÃO DE 1891

            Durante os trabalhos da Assembleia Constituinte evidenciaram-se as divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma república liberal - defendido pelos cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados (federalismo); garantia das liberdades individuais; separação dos três poderes e instauração das eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa, tornando o poder público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da República Velha.
O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa. Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por intelectuais e pela classe média urbana.
Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas ideias de Augusto Comte, com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de uma república positivista. O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o papel de garantir estes objetivos. Este Estado teria de ser forte e centralizado.
Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma república liberal foi vencedor.
Foram características da Constituição de 1891:
- Instituição de uma República Federativa, onde os Estados teriam ampla autonomia econômica e administrativa;
- Separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo presidente -eleito para um mandato de quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos ministros; o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de três anos, sendo seu número proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado Federal, com mandato de 9 anos, a cada três anos um terço dele seria renovado; o Poder Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo Tribunal Federal.
- O  voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos maiores de 21 anos. Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos e religiosos de ordens monásticas.
- Ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direitos e as garantias individuais.
- A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo modelo norte-americano, sendo adotado o nome de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Nas "disposições transitórias" da Constituição ficava estabelecido que o primeiro presidente do Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela Assembleia Constituinte.


GOVERNO CONSTITUCIONAL (1891)

                        Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca eleito pela Assembleia- permaneceu no poder, em parte devido às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela Assembleia revelou os choques entre os republicanos positivistas (que postulavam a ideia de golpe militar para garantir o "continuísmo") e os republicanos liberais.
                        O candidato destes era Prudente de Morais, tendo como vice presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assembleia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca. O novo governo, autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto.
                        Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da Lei das Responsabilidades, tornado possível o impeachment de Deodoro. Este, por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da oposição e decretou estado de sítio.
                        A reação a este autoritarismo foi imediata e inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército. Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinte liderada pelo almirante Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto.

O ENCILHAMENTO

            Nos primeiros anos após a proclamação da República, Deodoro da Fonseca se deparava com um Brasil possuidor de uma estrutura econômica arcaica, baseada no café; e um retrógrado sistema financeiro. Para mudar tal situação, o Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, adotou uma política que visava estimular a industrialização e o desenvolvimento brasileiro, porém acabou desencadeando uma das mais graves crises econômicas vividas pelo Brasil.
Baseado no sistema bancário norte-americano, Rui Barbosa estabeleceu uma política monetária focada na livre emissão de créditos monetários. Desta forma, para estimular a industrialização e o desenvolvimento de novos negócios, os bancos passariam a liberar empréstimos livremente às pessoas, sem mesmo saber de suas reais condições de pagamento. Esta política ficou conhecida como encilhamento.
Para financiar o enorme volume de empréstimos, o governo foi obrigado a fazer grandes injeções de dinheiro no sistema econômico, provocando uma grande desvalorização da moeda, o que resultou em altíssimos níveis de inflação. Além do mais, o dinheiro concedido por meio dos empréstimos na maioria das vezes não era utilizado de forma eficiente. Uma prova disso era o pouco tempo de vida de inúmeros estabelecimentos comerciais e industriais. 
Mesmo com o encerramento das atividades de muitas empresas, as ações delas continuavam à venda na Bolsa de Valores, inclusive com preços ascendentes. Tudo isso gerou uma enorme especulação financeira, surgimento de empresas-fantasmas etc., complicando ainda mais a situação econômica da nova república.
Rui Barbosa permaneceu no cargo de Ministro da Fazenda por 14 meses, até 20 de janeiro de 1891. Os problemas econômicos causados em razão da política do encilhamento foram parcialmente resolvidos no governo Campo Sales, por meio do controle da emissão de moeda e do estímulo ao crescimento industrial do país.



FIQUE ESPERTO:

ENCILHAMENTO 
- O encilhamento foi o nome que ganhou a política econômica do Ministro Rui Barbosa que visava o desenvolvimento do Brasil, principalmente na área industrial. Esta política baseava-se na adoção de medidas protecionistas, liberdade para a emissão de moeda por parte de bancos privados e facilidades para abertura de empresas de capital aberto.
- As medidas não deram certo e geraram uma grave crise econômica no país. O que se viu foi o aumento da inflação, falências de empresas e o crescimento da especulação financeira.

GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894)

                        Adepto do republicanismo radical, o "florianismo" virou sinônimo de "jacobinismo". Foi um defensor da força para garantir e manter a ordem republicana, recebendo o apelido de "Marechal de Ferro".
                        Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo. Estas medidas, porém, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro.
                        Seu governo também incentivou a indústria, através do estabelecimento de medidas protecionistas -evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais. No entanto, este caráter nacionalista de Floriano Peixoto era mal visto no exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos cafeicultores.
                        O início da oposição à Floriano partiu em abril de 1892, quando foi publicado o Manifesto dos Treze Generais, acusando o governo de ilegal e exigindo novas eleições. Pela Constituição de 1891, em seu artigo 42, caso o Presidente não cumprisse a metade do seu mandato, o vice-presidente deveria convocar novas eleições. Floriano não acatou as determinações do artigo, alegando ter sido eleito de forma indireta.
                        Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por insubordinação. Paralelamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo grupos oligárquicos pelo controle do poder político.
                        Federalistas (maragatos), liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, que controlavam a política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito, denominado Revolução Federalista em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos.
                        Em setembro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. A revolta da Armada fundiu-se com a Revolução Federalista. A repressão aos dois movimentos foi extremamente violenta. Após três anos de governo, enfrentando com violência as oposições, Floriano Peixoto passa a presidência à Prudente de Morais, tendo início a República das Oligarquias.


FLORIANO PEIXOTO - O MARECHAL DE FERRO

REVOLTA DA ARMADA

Revolta Armada (1891-1894), ocorrida no Rio de Janeiro foi uma rebelião armada (daí surge seu nome) da marinha do Brasil, os quais bombardearam a capital por meio dos navios de guerra da marinha, os chamados “encouraçados” (Aquidaban, Javary, Sete de Setembro, Cruzador República, Cruzador Tamandaré, cruzador Trajano, Orion, corveta Amazonas, canhoneira Marajó, entre outros). Para os historiadores a revolta da armada começou com a renúncia de Deodoro da Fonseca, em 1891, e por isso, é dividida em dois momentos, a saber:
- Primeira Revolta da Armada: No governo de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do país.
- Segunda Revolta da Armada: No governo de Floriano Peixoto, segundo presidente do país que assume a presidência após a renúncia de Deodoro.

O Principal da revolta da armada consistia em igualar os direitos e salários do exército e da marinha, uma vez que a “República da Espada” (1889-1894) representou o governo de dois militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Assim, a marinha, insatisfeita, declara a revolta, sendo seus principais líderes: Saldanha da Gama e Custódio de Melo. Além disso, os opositores lutavam pelo retorno à monarquia.

PRIMEIRA REVOLTA DA ARMADA (1891)

Liderado pelo Almirante Custódio de Melo, Ministro da Marinha, a primeira revolta da armada teve início em 1891, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro (antiga capital do Império), quando Deodoro propôs estado de sítio e fechamento do Congresso, indo contra a Constituição de 1891. Como resultado, os revoltosos, decididos em bombardear a capital, conseguiram a renúncia do Presidente.

SEGUNDA REVOLTA DA ARMADA (1892-1894)

Contra o governo de Floriano Peixoto, a segunda revolta da armada surge com a insatisfação da classe oligárquica, que lutavam para abertura de novas eleições, após a renúncia de Deodoro. Os principais líderes responsáveis pelo golpe eram os almirantes Luís Filipe de Saldanha da Gama e Custódio José de Melo, que atacaram a Baía de Guanabara e a cidade de Niterói; reprimidos pelo exército, alguns rebeldes se juntaram com a revolução que ocorria no sul do país: a revolução federalista. Entretanto, com apoio da população, do exército e do partido republicano paulista (PRP), Floriano, o "Marechal de Ferro", como ficou conhecido, saiu vitorioso, em 1894, consolidando assim, a República no país.




PRINCIPAIS CAUSAS

Os opositores, monarquistas da aristocracia agrária, desejavam o retorno da monarquia no país e estavam insatisfeitos com a ação do Marechal Deodoro da Fonseca, após o fechamento do Congresso (1891), o que acarretou numa crise política e econômica.
Além das divergências políticas, a marinha alegava ilegitimidade no governo de Floriano, com a deposição de Deodoro da Fonseca (1891), após dois anos do governo provisório, uma vez que, segundo a Constituição de 1891, novas eleições deveriam ser feitas, o que não ocorreu, deixando grande parte da população (sobretudo as oligarquias cafeeiras do partido republicano) descontente.
Com efeito, eles ansiavam pela saída de Floriano do cargo da Presidência da República e a entrada do Almirante Custódio de Melo (1840-1902), oficial da Armada do Império (1891) durante o governo de Deodoro e Oficial da Marinha, no governo de Floriano.

REVOLUÇÃO FEDERALISTA

A Revolução Federalista é um movimento revoltoso desenvolvido entre facções políticas rivais encontradas no governo do Rio Grande do Sul. Durante o governo de Floriano Peixoto houve uma remodelação dos quadros governamentais com a deposição de todos os políticos próximos à figura de Deodoro da Fonseca. Essa mesma ação política foi estendida à esfera estadual, onde os governadores “pró-Deodoro” foram substituídos por representantes simpáticos ao novo governo.
Essa transformação nos quadros do poder atingiu o Estado do Rio Grande do Sul, onde dois partidos políticos disputavam o poder entre si. De um lado, o Partido Republicano Rio-Grandense (PRP) era favorável ao republicanismo positivista e apoiava o novo governo de Júlio de Castilhos, aliado de Floriano. Do outro, o Partido Federalista (PF) era composto por integrantes contrários ao governo Júlio de Castilhos e defensores da maior autonomia dos estados por meio de um regime parlamentarista.
A diferença de perspectiva política entre esses dois grupos políticos somente piorou com a imposição do governador Julio de Castilhos. Inconformados com a imposição presidencial, os federalistas liderados por Gaspar Silveira Martins e Gumercindo Saraiva pegaram em armas para exigir a anulação do governo castilhista, em fevereiro de 1893. A rápida reação das tropas governamentais acabou obrigando os federalistas a recuarem para regiões do Uruguai e da Argentina.
A reação dos federalistas foi articulada com a conquista da cidade sulista de Bagé. Realizando ataques surpresa em diferentes pontos do estado, os revoltosos conseguiram avançar no território nacional tomando regiões em Santa Catarina e no Paraná. Naquele mesmo ano, a Revolta da Armada, ocorrida no Rio de Janeiro, se uniu à causa dos federalistas gaúchos conquistando a região de Desterro, em Santa Catarina.
Mesmo com o apoio dos militares cariocas, a tentativa de golpe acabou enfraquecendo. O apoio ao governo de Floriano Peixoto contava com setores muito mais significativos da população. Dessa maneira, a tentativa de golpe acabou não se consolidando. No entanto, a violência empregada nos confrontos, marcada por cerca de 10.000 mortes, deixou a Revolução Federalista popularmente conhecida como a “revolução da degola”.
Em junho de 1895, os conflitos da revolução terminaram com as lutas ocorridas no campo de Osório. O federalista Saldanha da Gama lutou até a morte com os últimos quatrocentos homens remanescentes em suas tropas. Para dar fim a outros possíveis levantes, um acordo de paz foi assinado, em agosto de 1895, concedendo anistia a todos os que participaram do conflito.
Rainer Sousa
Equipe Brasil Escola

FIQUE ESPERTO:

REVOLUÇÃO FEDERALISTA
- A Revolução Federalista foi um conflito de caráter político, ocorrido no Rio Grande do Sul entre os anos de 1893 e 1895, que desencadeou uma revolta armada. A revolta atingiu também o Paraná e Santa Catarina.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO
- Insatisfação dos federalistas com o domínio político de Júlio de Castilhos (presidente do RS) do Partido Republicano Rio-grandense.
 - Disputa política entre dois grupos políticos gaúchos: Os chimangos (pica-paus) eram defensores do governo de Júlio de Castilhos, da centralização política, do presidencialismo, do positivismo  e do governo federal. Já os maragatos (federalistas) queriam tirar Júlio de Castilhos do poder do RS, implantar um sistema descentralizado, baseado no parlamentarismo. Os federalistas eram também contrários à política implantada pelo governo federal após a Proclamação da República e exigiam uma revisão da constituição.

INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E FIM DA REVOLTA
- Em fevereiro de 1893, os federalistas pegaram em armas para derrubar o governo de Júlio de Castilhos. Floriano Peixoto, presidente do Brasil, se colocou ao lado do governo gaúcho. O conflito acabou tomando âmbito nacional, pois os opositores de Floriano passaram a defender o movimento federalista no RS.
- Os federalistas tiveram algumas vitórias no começo do movimento. Sob a liderança de Gumercindo Saraiva, os federalistas avançaram sobre Santa Catarina.
- Em janeiro de 1894, os federalistas se uniram aos participantes da Revolta da Armada. Entraram no estado do Paraná e tomaram a cidade de Curitiba.
- No final de 1894, o movimento federalista perdeu força. Na batalha da Lapa, no Paraná, as forças federais de Floriano Peixoto venceram os revoltosos. Com a chegada de tropas paulistas, os federalistas tiveram que recuar.
- A paz foi assinada em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas, e selou a derrota dos federalistas.

CONCLUSÃO
- A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, nos mostra que a Proclamação da República e seu sistema político não foram aceitos de forma unânime no Brasil. Alguns grupos políticos contestaram, inclusive de forma armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização de poder e a presença das oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode ser compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano, recém instalado no país após o 15 de novembro de 1889.


Nenhum comentário:

Postar um comentário