MESOPOTÂMIA
Geograficamente,
a Mesopotâmia era a região do Oriente Médio compreendida entre os rios Tigre e Eufrates.
O regime dos rios era condicionado pelo derretimento do gelo das montanhas na
Ásia Menor, onde se situam suas cabeceiras, cujas cheias inundavam suas
margens, estimulando a abertura de canais de irrigação e a construção de
diques. Porém,suas cheias eram mais irregulares.
Uma
multiplicidade de povos se estabeleceu nessa região, por ser de transição e
aberta, como os sumérios, acadianos, amoritas, assírios, caldeus etc. Em geral,
eram semitas, que lutavam pela posse das terras férteis. Nas planícies, no
baixo curso dos rios, os agricultores eram frequentemente atacados, desde
remotas épocas. Por outro lado, os povos dos planaltos viviam mais do saque e
do pastoreio.
Nas
sociedades hidráulicas da Mesopotâmia, a disputa pela posse das melhores áreas
cultiváveis e da água foi muito intensa. Os povos mais fracos foram, então, submetidos
pelos mais fortes que se valeram da violência para reduzi-los à escravidão e ao
trabalho forçado.
As cidades-estados,
que nela surgiram, disputavam permanentemente as terras aráveis, transformando
a região num cenário de lutas constantes. A revolução urbana, em que a região foi
provavelmente a pioneira, explica-se pela necessidade de proteção. Com a
expansão do comércio, facilitado pela sua localização estratégica, e o contato constante
entre os povos, as cidades foram construídas como importantes centros de defesa
e de comércio.
Um
grande número de cidades surgiu, no terceiro milênio antes de nossa era, ao
longo dos rios Tigre e Eufrates, como Ur, Uruk, Lagash, Acad e outras.
Dominadas
por sacerdotes e guerreiros, nelas, o soberano, representante dos deuses e
proprietário da maior parte das terras, recebia impostos e a maior parte do
saque nas guerras. Nesse período, as cidades eram independentes politicamente.
Há dois
principais períodos na história política da Mesopotâmia:
a) Primeiro
Período Babilônico (por volta de 4000 a 1275 a.C.), com a fundação de cidades
como Lagash, Ur, Uruk e a primitiva Babilônia;
b) Período
Assírio (1275 a 538 a.C.), incluindo os períodos de domínio da Caldéia (de 612
a 538 a.C.) e também o segundo Período Babilônico, sob o reinado de
Nabucodonosor (604 a 561 a.C.).
Centro
comercial de grande importância, controlando o trânsito pelo rio Eufrates,
Babilônia se tornou uma potência militar. Seu rei, Hamurabi, conquistou
longínquas regiões ao norte e a região conheceu um período de grande atividade
comercial, com a fundação de novas cidades. Consolidado o seu poder, para mantê-lo,
bem como regulamentar as relações sociais, o rei decretou um código para todo o
seu império.
O
Código de Hamurabi é um modelo de jurisprudência na língua babilônica.
Concebido há 37 séculos, o código legislava a partir da existência de três
grupos sociais distintos: os ricos, o povo e os escravos. Portanto, não havia
igualdade de todos perante a lei, como em princípio ocorre no mundo contemporâneo.
Curiosamente, os delitos cometidos pelos ricos eram punidos mais severamente e
os escravos tinham alguns direitos garantidos. O código garantia grande
independência da mulher em relação ao marido, mas este podia castigá-la por infidelidade.
Os filhos herdeiros ficavam com os bens dos pais, mas as mulheres tinham
direito apenas a um dote.
Contudo,
novas invasões aconteceram no século XVI a.C., que devastaram toda a região,
destruindo a hegemonia da Babilônia, como a dos assírios, que preponderaram na
Mesopotâmia em decorrência de sua superioridade militar (carros de combate, catapultas,
aríetes, cercos e assaltos de cidades). Notabilizaram-se pela crueldade no
tratamento dos prisioneiros. A partir do alto vale de Acad onde fundaram a
cidade de Assur, comandados pelo rei Sargão II, e seus sucessores Senaqueribe e
Assurbanípal, conquistaram toda a Mesopotâmia e anexaram parte do vizinho reino
judeu.
Com as
guerras, o número de escravos aumentou muito e um poderoso exército mantinha a
dominação, aterrorizando as populações. Tal desumanidade fez com que os povos
dominados se levantassem contra a opressão dos assírios e destruíssem a
Assíria.
NOVAMENTE O IMPÉRIO BABILÔNICO
A nova
dinastia babilônica, iniciada por Nabupolasar, teve curta duração, embora
houvesse um notável desenvolvimento sob o governo de seu filho Nabucodonosor
(605-563 a.C.). Seus domínios se estenderam por toda a Mesopotâmia,
conquistaram o reino de Judá, e trouxeram os judeus cativos para a Babilônia, episódio
relatado na Bíblia. Nabucodonosor determinou a construção dos famosos Jardins
Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo, segundo os gregos. A
economia passou por grande expansão com o uso das rotas comerciais, tendo como epicentro
a cidade da Babilônia.
Após
sua morte, seus sucessores se envolveram em lutas pelo poder, provocando a
debilidade estatal e militar. Os comandantes defendiam seus próprios
interesses, o que possibilitou aos persas, comandados por Ciro, a conquista da
Babilônia, em 539 a.C.
RELIGIÃO E CULTURA NA MESOPOTÂMIA
Politeístas
como os egípcios, os povos mesopotâmicos dedicavam aos seus deuses templos,
oferendas e sacrifícios. Uma das preocupações era explicar a origem do mundo
por meio dos mitos envolvendo os deuses, como Shamash, o Sol; Ishtar, deusa do
amor; e Marduc, o criador dos homens. A atenção geral era voltada para os fatos
do dia-a-dia. Os sacerdotes faziam as previsões diárias, interpretando a
posição dos astros no céu e editavam horóscopos, interferindo na vida das
pessoas, prevendo o futuro etc.
A
complexidade das relações econômicas urbanas favoreceu o desenvolvimento
cultural. A escrita mesopotâmica eram ideogramas simplificados, escritos em
tábuas de argila com o uso de um estilete em forma de cunha. Por isso, é
conhecida como escrita cuneiforme. Dividiram o dia em 24 horas (quatro períodos
de seis horas) e o ano por meio dos dos ciclos da Lua.
Dada a
escassez de materiais de construção resistentes, a arquitetura e a estatuária
da região não se situa entre as mais ricas da Antiguidade. Tijolos de barro era
o material de que dispunham os engenheiros da região. Além dos Jardins
Suspensos, destacaram-se os “zigurates”, construções altas que serviam de
templo e de observatório astronômico. Construídos em forma de torre, na época
sumeriana, era uma pirâmide de faces escalonadas.
A
habilidade no uso dos números fez avançar as operações matemáticas e a
geometria aplicada. Estudos de astronomia, divisão de ângulos, calendário de
sete dias, divisão do círculo em graus foram outras realizações culturais
desses povos. Na literatura sobreviveram narrativas, como a do herói Gilgamesh,
que aparece na Bíblia com o nome de Noé. Era famosa a biblioteca do rei Assurbanípal,
pelo número e diversidade dos documentos e livros.
MESOPOTÂMIA - TEXTO COMPLEMENTAR
Considerada como o “berço
da civilização” e denominada
de Mesopotâmia (palavra que significa “terra entre rios”), pelos gregos na
Antiguidade, a região pertencia ao chamado Crescente Fértil, onde surgiram as primeiras civilizações.
A
Mesopotâmia localizava-se no Oriente Médio, na região formada pelas bacias dos
rios Tigre e Eufrates, que nascem nas montanhas da Armênia e desembocam no
Golfo Pérsico, no atual Iraque.
Atualmente, os dois rios juntam-se antes da desembocadura, formando o canal de
Shatt al-Arab.
Ao
Norte da Mesopotâmia (Alta Mesopotâmia), ficava a Assíria, região mais árida, e
ao sul (Baixa Mesopotâmia), ficava a Caldeia, região mais fértil. As cheias dos
rios Tigre e Eufrates, que ocorriam entre junho e julho, provocavam grandes
inundações, principalmente no sul. Quando as águas baixavam formavam um lodo
que fertilizava o solo, tornavam a área ideal para o cultivo de cereais e
frutas e para a criação de gado. O controle das cheias dos rios exigia um
eficiente sistema de organização coletiva do trabalho, para a construção de
diques de proteção, drenagem e canais de irrigação que levavam a água às
regiões mais distantes do Tigre e do Eufrates.
Por sua
localização na passagem do Mar Mediterrâneo para o Golfo Pérsico, e sendo de
fácil acesso para a Europa, a África e a Ásia, a planície mesopotâmica era uma
região muito disputada atraindo povos de diversas origens, destacando-se os
sumérios, os acádios, os amoritas (antigos babilônios), os assírios e os
caldeus (novos babilônios). A história política da Mesopotâmia é marcada por
sucessivas invasões, guerras, ascensão e declínio de diversos reinos e
impérios.
SUMÉRIOS
Os
sumérios, considerados a mais antiga das grandes civilizações humanas, foram os
que inicialmente ocuparam a região, por volta de 3500 a.C. Vindos do planalto
do Irã, fixaram-se na Caldeia, sul da Mesopotâmia. Fundaram diversas cidades-estados,
como Ur, Uruk, Nippur, Lagash e Eridu, com governos independentes.
Cada
cidade-estado sumeriana possuía um centro político, econômico e religioso, que
era o templo. O líder de cada cidade era chamado patesi (sumo-sacerdote), era
também chefe militar e governante, auxiliado pela elite aristocrática dos altos
funcionários e sacerdotes do templo. As cidades-estados viviam constantemente
em guerra entre si pela hegemonia na região.
Considerados
os inventores da escrita; os sumérios criaram uma escrita para registrar a contabilidade do rico patrimônio dos templos, a
quantidade de cereais estocada nos celeiros, o número de cabeças de gado etc. A
partir de 3000 a.C., passou a ser utilizada também para registrar textos
religiosos, literários e algumas normas jurídicas. Escreviam em “tábuas”
de argila, utilizando um estilete de extremidade triangular deixando sinais em
forma de cunha (a escrita
cuneiforme).
Os
sumérios introduziram o uso de rodas nos veículos, o que representou uma
revolução na locomoção terrestre. Antes os veículos em forma de trenó, eram
puxados por animais, com a utilização da roda o transporte de mercadorias
tornou-se mais simples e ágil. Os sumérios estabeleceram um ativo comércio com
os povos vizinhos e relações comerciais com a costa Mediterrânea e o vale do
rio Indo.
A
escrita cuneiforme, as artes, a religião, as técnicas agrícolas e de construção
e outros inventos dos sumérios foram aproveitados pelos povos que com eles
conviveram.
As
constantes guerras internas provocaram o enfraquecimento político dos sumérios,
facilitando a invasão da Mesopotâmia pelos acádios, povo de origem semita.
ACÁDIOS
Os
acádios dominaram a Suméria por volta de 2550 a.C. Em 2300 a.C., conquistaram
todas as cidades sumérias, liderados pelo rei Sargão
I expandiram-se ao norte e
dominaram a Mesopotâmia. A rápida vitória e o domínio sobre os sumérios podem
ser explicados por duas razões: seu exército era mais ágil e utilizavam o arco
e a flecha, instrumento mais rápido e eficiente do que as pesadas lanças e
escudos dos sumérios. Estabeleceram a capital de seu império em Acad, daí o
nome de civilização acadiana. Fundaram o primeiro império mesopotâmico, que
durou até 2150 a.C., quando foram dominados pelos Guti, povo de origem
asiática.
Contudo,
nova onda de invasões estrangeiras ocorreu na região, desestruturando o Império
Acadiano e possibilitando a retomada da hegemonia política dos sumérios. O
domínio sumério sobre a área não foi, contudo duradouro, enfraquecidos por
rebeliões internas, sofreram invasões de guerreiros nômades. Em 2000 a.C.,
chegaram os amoritas, outro povo semita, vindo do deserto árabe, que dominaram
toda a região, conseguindo fundar o Primeiro Império Babilônico.
AMORITAS
Os
amoritas (antigos babilônios) estabeleceram-se no centro-sul da Mesopotâmia,
vencendo seus vizinhos sob a liderança de Hamurabi formaram o Primeiro Império Babilônico,
que ia do Golfo Pérsico aos Montes Zagros.
Com o
governo de Hamurabi, a partir de 1792 a. C., a Babilônia conquista toda a Baixa
Mesopotâmia, fundando um vasto império. Depois de séculos de lutas constantes,
a Mesopotâmia, no século XVIII a.C., conheceu enfim a unidade. A partir daí, a
preocupação de Hamurabi não era mais a expansão territorial e sim a preservação
das terras conquistadas, tendo-se preocupado essencialmente com os ataques dos
povos vizinhos e com as sublevações dos povos conquistados. O rei Hamurabi
administrou seu império durante quase cinquenta anos.
A
principal realização cultural dos amoritas foi o Código de Hamurabi, o primeiro
código escrito que a história registra era baseado no Direito Sumeriano, tendo
por finalidade consolidar o poder do Estado e adequar-se ao desenvolvimento da
economia mercantil. O Código de Hamurabi que influenciou muitas civilizações
era composto por centenas de leis, dentre elas destacava-se a Lei de Talião
(olho por olho, dente por dente), estabelecia que as punições fossem idênticas
ao delito cometido. A pedra em que estavam gravadas as leis foi encontrada por
arqueólogos em 1901 e acha-se guardada no Museu do Louvre, em Paris.
Algumas leis do Código de
Hamurabi.
Se um filho bater com as
mãos em seu pai, terá suas mãos cortadas.
Se um homem toma uma mulher
e não estabeleceu um contrato, então essa mulher não é esposa.
Se um homem cegou o olho de
um homem livre, terá o seu olho também furado. Furou-se o olho de um escravo,
pagará metade do seu valor.
Se um médico tratou, com
faca de metal a ferida de um escravo e lhe causou a morte, ele dará escravo por
escravo.
Ao
mesmo tempo em que o modo de produção asiático atingiu o seu apogeu,
desenvolveram-se também os fatores responsáveis pela sua dissolução como, por
exemplo, a profissionalização do exército, a hereditariedade dos cargos
burocráticos, o desenvolvimento de uma economia mercantil e da escravidão.
Por
volta de 1800 a.C. o Império Babilônico enfraquecido por problemas internos
como a ruína dos camponeses que devido aos altos impostos e ao aumento dos
trabalhos reais, eram transformados em escravos, e, portanto, impossibilitados
de servirem ao exército. O império foi conquistado primeiro pelos hititas, que
causaram grande impacto com a utilização do cavalo para fins militares, depois
pelos cassitas e assírios.
ASSÍRIOS
Os
assírios eram um povo que antes de 2500 a.C., estabeleceram-se no norte da
Mesopotâmia, na região de Assur e Nínive. A partir de 883 a.C., os assírios
iniciaram um movimento de expansão territorial. Em virtude da baixa produção
agrícola (solos pobres), os assírios dedicaram-se as técnicas de guerra, com um
poderoso exército, o primeiro exército organizado do mundo. O segredo de sua
eficácia militar era o domínio da tecnologia do ferro na fabricação de armas e
ferramentas. A eficiência de seus ataques explica-se também pelos velozes carros de guerra puxados por cavalos. Seu objetivo era
saquear os povos conquistados e obrigá-los a pagar tributos.
Entre o
século VIII e VII a.C., seus domínios ultrapassaram a Mesopotâmia, abrangendo
Síria, Fenícia, Palestina e Egito. Os responsáveis por essa expansão foram
Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal. Guerreiros extremamente cruéis pilhavam
as áreas conquistadas e massacraram sua população, provocando uma série de
revoltas durante o reinado de Assurbanipal, que desestabilizaram e
enfraqueceram o Império Assírio. Em 612 a.C., os caldeus, aliados aos medos,
destruíram as principais cidades assírias. Nabopolassar, comandando caldeus e
medos, povos vizinhos, puseram fim ao Império Assírio e inaugurou o Segundo
Império Babilônico.
CALDEUS
Derrotados
os assírios, a Babilônia volta a ser a capital da Mesopotâmia, agora sob
domínio dos caldeus, formando um novo império, conhecido como Segundo Império Babilônico ou Neo
Babilônico.
Com Nabopalassar,
os caldeus, aliados dos Medos, consolidaram a independência da Babilônia, mas
foi com seu filho Nabucodonosor que o império caldeu atingiu o seu
apogeu. Foi durante o seu governo que a Síria e a Palestina foram
definitivamente conquistadas. Com violentas investidas militares, o rei
Nabucodonosor ocupou Jerusalém em 586 a.C. e escravizou os judeus. Os hebreus
foram transportados como escravos para a Babilônia, episódio relatado na Bíblia
como o Cativeiro da Babilônia.
No
reinado de Nabucodonosor a cidade da Babilônia tornou-se o maior centro
cultural e comercial de todo o Oriente. Foram construídos palácios, os “Jardins Suspensos da Babilônia”,
considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo e a Torre de Babel. O comércio se
expandiu com o predomínio do comércio caravaneiro que fazia a rota do
Mediterrâneo à índia.
A morte
de Nabucodonosor marcou o início da decadência do império até que, em 539 a.C.,
tropas persas comandadas pelo imperador Ciro I conquistaram a Babilônia,
integrando a região ao seu império. A partir de então, a civilização
mesopotâmica foi desaparecendo.
ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA
A
principal atividade econômica na Mesopotâmia era a agricultura, tal como a do
Egito, inseria-se no modo de produção asiático. Sendo a atividade agrícola a
principal fonte de subsistência na Mesopotâmia, o poder público controlava de
perto a construção de reservatórios de água, canais de irrigação e depósitos de
alimentos. Para isso usava a mão de obra das populações camponesas, submetidas
ao pagamento de impostos ao rei.
A
produção agrícola era variada, incluindo cevada, trigo, lentilha, linho,
tâmaras e outros produtos. Nos campos criavam-se cabras, carneiros e ovelhas
para obter carne, leite e lã. Os bois para puxar os arados e para outros
serviços. Com o couro bovino faziam correias e sapatos, e com o leite de vaca
fabricavam coalhadas e queijos finos. Mais tarde, começaram a domesticar
cavalos para montaria e para a guerra.
Nas
cidades, desenvolveram importante atividade artesanal; tecelagem, cerâmica,
fabricação de armas, joias, objetos de metal etc. A excelente localização da
Mesopotâmia favoreceu o desenvolvimento do comércio. Comerciantes deslocavam-se
para outras regiões levando produtos fabricados pelos babilônios. Em
consequência, a Babilônia transformou-se num dos mais importantes entrepostos
comerciais da Antiguidade. Até o século VI a.C., a cevada e os
metais eram utilizados como padrão de valor nas trocas comerciais.
A
sociedade na Mesopotâmia, de forma geral dividia-se em dois grupos principais:
classe dominante (governantes, sacerdotes, militares e comerciantes) e classe
dominada (camponeses, pequenos artesãos e dois tipos de escravos: de guerra e
por dívida). Inicialmente, os escravos eram pouco numerosos e a sua existência
devia-se principalmente às dívidas. Com o tempo, o costume de transformar os
prisioneiros de guerra em escravos fez aumentar o número de cativos na região.
A classe dominante controlava a riqueza econômica, as forças política e militar
e o saber.
A
Mesopotâmia foi governada por monarquias teocráticas em que o poder estava
concentrado nas mãos do soberano. O rei considerado um representante dos deuses
na Terra, capaz de traduzir a vontade divina, detinha os poderes religiosos,
militares e políticos.
ASPECTOS CULTURAIS
A
cultura na Mesopotâmia era muito rica em razão dos diversos povos que habitavam
a região. Mas, quase toda a cultura mesopotâmica descendia dos sumérios, incluindo
a religião, politeísta e antropomórfica. Sendo politeístas, acreditavam em
vários deuses que representavam, como no Egito, fenômenos da natureza. Os
deuses mesopotâmicos eram ao mesmo tempo entidades do bem e do mal. Cada cidade
tinha seu deus protetor. Entre as principais divindades estavam Marduk, o deus
da cidade da Babilônia e do comércio, Shamash, o sol e a justiça; Anu, o céu;
Enlil, o ar; Ea, a água; Ishtar, a deusa do amor e da guerra e Tamus, a
vegetação.
Os
sumérios explicavam a origem do mundo através do mito de Marduk e da lenda do
Dilúvio, muito semelhante à história bíblica da Arca de Noé. Segundo suas
crenças, o deus Marduk criara o céu e a terra, os astros e o homem. Contudo, um
dilúvio ameaçara a existência humana na terra e Marduk ajudou Gilgamesh a
sobreviver, advertindo-o do perigo e aconselhando-o a construir uma arca na
qual deveria colocar vários animais e os membros de sua família. No governo de
Hamurabi, o deus Marduk da Babilônia foi adorado por todo o império.
Os povos mesopotâmicos viam a religião como meio de obter
recompensas terrenas, imediatas, não acreditando na vida após a morte. Os
rituais religiosos, comandados pelos sacerdotes, faziam do templo (zigurate) o
centro de toda a religiosidade. Esses templos, às vezes, abrigavam também o
celeiro e as oficinas. Neles se conhecia o estoque e se definia o critério de
distribuição dos excedentes agrícolas tomados aos camponeses.
Os
caldeus não acreditavam em vida após a morte, porém acreditavam em demônios,
espíritos, magia, adivinhação e na influência dos astros sobre a vida humana,
criaram a astrologia. Os astrólogos faziam horóscopos para interpretar a
influência dos astros na vida humana.
Na
arquitetura mesopotâmica destacava-se a construção de templos e palácios, como
os zigurates. Pintavam e esculpiam sobre temas religiosos, esportivos e
militares. Inventados pelos sumérios, os zigurates tornaram-se sua marca
arquitetônica registrada: eram imensos templos com várias torres retangulares,
igualando-se em grandiosidade aos palácios construídos pelos assírios e
caldeus. Mas o uso de arcos também deixou sua marca na arquitetura desse povo.
Como artistas, os sumérios destacaram-se nos trabalhos em metal, na lapidação
de pedras preciosas e na escultura.
Foi,
porém, no campo científico que os mesopotâmicos alcançaram maior destaque.
Através da observação do céu, visando decifrar a vontade dos deuses, os
sacerdotes acumularam informações a partir das quais foi elaborado, pouco a
pouco, um conhecimento exato dos fenômenos celestes.
ZIGURATE
LEGADO CULTURAL
- Divisão do ano de 12
meses e a semana de 7 dias;
- A divisão do dia em 24
horas;
- A crença nos horóscopos e
os doze signos do zodíaco;
- O hábito de fazer plantio
de acordo com as fases da Lua;
- O círculo de 360 graus;
- O processo aritmético da
multiplicação;
- O cálculo das quatro
operações aritméticas;
- A extração de raiz
quadrada;
- A álgebra;
- O sistema de numeração
sexagesimal, que dividiu a circunferência em 360º e à hora em 60 minutos;
- A distinção entre
planetas e estrelas;
- A arte de prever
eclipses;
- O primeiro conjunto de
leis escritas, o Código de Hamurabi, feito pelos babilônios no século XVIII a.
C.
No campo literário, o destaque fica para duas obras
sumerianas: o Mito da Criação, que resgata a origem do mundo através do mito de
Marduk, e a Epopeia de Gilgamesh, que conta a lenda do Dilúvio. Destaca-se
também, como grande marco da história do Direito, o Código de Hamurabi. A
descoberta suméria da escrita foi enriquecida com a produção de textos
religiosos, históricos e lendas.
A escrita cuneiforme, criada pelos sumérios, foi
utilizada pelos vários povos mesopotâmicos e adotada por outros povos da Ásia
Ocidental. Foi decifrada pelos estudiosos Grotefend e Rawlinson.
Em linhas gerais, podemos dizer que a forma de
produção dominante na Mesopotâmia foi a Asiática, não existindo, portanto a
propriedade privada da terra. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto
membros da comunidade. O rei, encarnação do Estado, era o proprietário nominal
de todas as terras, o qual dirigia a construção de canais de irrigação que
propiciavam as condições para o desenvolvimento da agricultura.
No plano sociopolítico, esta forma de produção
caracterizou-se pelos impérios teocráticos de regadio, organização estatal
altamente centralizada. O poder estatal unificou em suas mãos os poderes
político, militar, religioso e econômico. A rígida centralização do poder era
necessária para o desenvolvimento da agricultura de regadio, através da
organização do trabalho nas grandes obras públicas.
A civilização mesopotâmica exerceu grande
influência sobre os povos vizinhos, como os persas – que adotaram a escrita
cuneiforme – e os hebreus – que aproveitaram algumas de suas tradições
religiosas, como o mito do dilúvio.
ESCRITA CUNEIFORME
FIQUE ESPERTO:
ESCRITA CUNEIFORME
- Os sumérios
escreviam em tabuinhas feitas de argila úmida, que depois eram colocadas ao sol
para secar. Para escrever, usavam uma espécie de palito afiado de extremidade triangular,
com o qual faziam sinais em forma de cunha.
CÓDIGO DE HAMURABI
Código de leis que influenciou e ainda influencia o
mundo atual. Foi uma das primeiras leis escritas da história.
ALGUMAS LEIS DO CÓDIGO DE HAMURABI
- Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e
este outrem não puder provar, então aquele que enganou deverá ser condenado à
morte.
- Se uma pessoa roubar a propriedade de um templo ou
corte, ele será condenado à morte e também aquele que receber o produto do
roubo deverá ser igualmente condenado à morte.
- Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o
ladrão deverá ser condenado à morte.
- Se uma pessoa arrombar uma casa, deverá ser
condenado à morte na parte da frente do local do arrombamento e ser enterrado.
- Se uma pessoa deixar entrar água, e esta alagar as
plantações do vizinho, ele deverá pagar 10 gur de cereais por cada 10 gan de
terra.
- Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não
tiver relações com ela, esta mulher não será considerada esposa deste homem.
- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela
como filho, criando-o, este filho quando crescer não poderá ser reclamado por
outra pessoa.
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