TEORIAS QUE
INFLUENCIARAM NA FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA
Para a sociologia se consolidar como ciência, ela teve
que abandonar seu caráter normativo e finalista. Por isso, ela sofreu
influência de teorias e métodos das ciências biológicas e naturais: a teoria
evolucionista de Charles Darwin (1809 - 1882), onde diz que ao longo de milhões
de anos todas as espécies de seres vivos evoluíram. A biologia foi outra
ciência que influenciou na cientificidade sociológica, através de Herbert
Spencer (1820 - 1903), que criou uma sociologia organicista onde se fazia uma
analogia ao organismo vivo com a sociedade. Neste contexto foi fundamental
aceitar a ideia de que os fenômenos sociais obedecem a leis naturais, embora
produzidas pelos homens, esta foi a importância do positivismo que deu os
primeiros passos para a cientificidade da sociologia. Foi, também por isso, que
logo no seu início, a sociologia recebeu outros nomes como fisiologia social
(por Saint-Simon), ou física social (Auguste Comte).
Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais
buscando dar à sociologia um caráter de ciência, buscando a consolidação
definitiva sobre um conhecimento verdadeiro e importante para a sociedade;
estes desenvolveram um conhecimento científico-social onde abrange todos os
aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências sociais como a economia
(produção material), política (relações de poder), antropologia (aspectos
culturais) e outras. Neste processo foram importantes as contribuições de Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.
FATOS
HISTÓRICOS
Os fatores ou transformações históricas que
contribuíram para a consolidação do capitalismo e o surgimento da sociologia
estão relacionados ao contexto geral da transição do feudalismo para o
capitalismo, onde podemos destacar:
- Os fatores
históricos que vinham ocorrendo desde o século XVI como:
Reforma Protestante (mudança religiosa), Formação dos
Estados Nacionais e o Absolutismo (mudança política e territorial), Grandes
Navegações (mudança geográfica), Humanismo/Renascimento (mudança cultural),
Revolução Científica (mudança na ciência), Iluminismo (mudança ideológica).
- As
transformações socioeconômicas do século XVIII provocadas pela dupla revolução:
Revolução
Francesa:
Representou a mudança política-jurídica na história das sociedades do ocidente,
baseado nos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, a
burguesia que já dominava o poder econômico reivindicava agora o poder político,
o que aconteceu durante a Revolução Francesa. Assim adotaram novo regime
político de representatividade política e sistemas econômicos favoráveis aos
seus interesses.
Revolução
Industrial: Representou
as transformações de mudança socioeconômicas, com o surgimento das máquinas,
com maior divisão técnica do trabalho, com o aumento da produção, da
urbanização e do êxodo rural; a sociedade torna-se mais complexa e dinâmica,
agravando-se também as questões sociais como crescimento acelerado do
desemprego, miséria, alcoolismo, prostituição etc.
A RELAÇÃO DO
CAPITALISMO COM A SOCIOLOGIA
O surgimento, a formação e o desenvolvimento da
sociologia está relacionado diretamente com a consolidação do capitalismo a
partir da Revolução Industrial e da Revolução Francesa do século XVIII, que
criaram novas condições socioeconômicas e político-ideológico, que caracterizam
a sociedade capitalista, com o surgimento das indústria, da relação entre
burguesia e operário, de regimes políticos e leis burguesas.
O sistema capitalista possui uma estrutura social
inédita na história, que nos instiga a uma reflexão sobre este sistema, suas
transformações, suas crises, seus antagonismos.
É dentro desse contexto que surge a necessidade de se
compreender e explicar essa nova realidade. Por isso, precisou-se de uma
ciência que estivesse voltada para essas transformações. A sociologia constitui
em certa medida uma resposta intelectual às novas situações geradas pela
nascente sociedade capitalista industrial.
AS CORRENTES
SOCIOLÓGICAS
A existência de interesses opostos na sociedade
capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia, impedindo um
entendimento comum por parte dos pensadores, por isso, a sociologia se dividiu
ideologicamente entre a conservação e a transformação do status quo, dando
margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes
sociológicas) que representam as diferentes tendências ideológicas de
compreensão e explicação da sociedade capitalista. Assim, temos as primeiras
teorias sobre as transformações provocadas pelo capitalismo:
PROFETAS DO
PASSADO - Representados
pelos pensadores Edmund Burk (1729 - 1797), Joseph de Maistre (1753 - 1821) e
Louis de Bonald (1754 - 1840). Estes eram conservadores e tradicionalistas, tinham
um pensamento reacionário: condenavam o Iluminismo e a Revolução Francesa,
culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das
corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições
religiosas, monárquicas e aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a
ordem e o equilíbrio da sociedade, preocuparam-se com o controle, integração,
posição, hierarquias sociais e com os rituais da sociedade.
SOCIALISMO
UTÓPICO (OU ROMÂNTICO) - Representados
por Saint-Simon (1760 - 1825), Charles Fourier (1722 - 1837), Pierre-Joseph
Proudhon (1809 - 1865), Louis Blanc (1811 - 1882) e Robert Owen (1771 - 1858).
Estes eram transformadores, mas românticos, pois acreditavam que os ricos
capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com os
pobres; apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo
sistema capitalista. Eram utópicos porque criticavam o capitalismo e anunciavam
os princípios de uma sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para
torná-la real.
POSITIVISMO - O positivismo
é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia conservadora e
afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Auguste Comte (1798 -
1857) e Emile Durkheim (1858 - 1917). Estes se dedicaram em buscar a
estabilidade social, preocuparam-se com os problemas de manutenção da ordem
capitalista, queriam estabelecer o bom funcionamento desta sociedade,
pretendiam solucionar os problemas sociais através da coerção física e da educação
moral, esta seria a função da sociologia enquanto ciência positiva.
SOCIALISMO CIENTÍFICO - Representado
por Karl Marx (1818 - 1883) e Frederic Engels (1820 - 1895). As ideias
marxianas eram de base estritamente econômica, assim, todas as questões sociais
tinham origem na desigualdade econômica entre as classes proprietárias e as não
proprietárias dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar mudanças
radicais nesta sociedade através de uma revolução socialista do proletariado,
introduzindo a sociedade comunista como uma sociedade justa e igualitária. Esta
perspectiva despertou um pensamento sociológico crítico e negador da sociedade
capitalista.
FUNCIONALISMO
- Representa
uma teoria reprodutora e conservadora da sociedade capitalista. O principal
representante do funcionalismo é Émile Durkheim (1858 - 1917), este pensador
estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo sociológico humano.
Assim a sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição
ou pessoa faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de
dependência e complementaridade das atividades sociais, assim a sociedade é um
todo organizado e harmônico.
MARXISMO - Corresponde às
várias interpretações e continuação complementares das teorias de Karl Marx e
Engels. Entre seus principais representantes podemos destacar: Lênin (1870 -
1924), Rosa Luxemburgo (1871 - 1919), Gramsci (1891 - 1937) e outros. Baseado
no socialismo científico e nas novas conjunturas e contexto em que viviam,
estes pensadores desenvolveram novas perspectivas teóricas e práticas,
implementando assim o socialismo real, diferente do socialismo ideal (proposto
por Marx).
ESCOLA DE
CHICAGO - Fundada
em 1892, seus principais representantes são George Homans Cooley (1846 - 1929),
Talcott Parsons (1902), Robert K Merton (1910). Estes foram influenciados pelo
positivismo e o funcionalismo do francês Durkheim, do polonês Malinowski (1884
- 1942) e do italiano Vilfredo Pareto (1848 - 1923). Assim a sociologia chegou
aos E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação de
campo, de dados empíricos neutros e objetivos, com procedimentos quantitativos
e estatísticos, foram pioneiros nos métodos ecológicos e etnográficos;
desvinculando-se da realidade concreta de sua época, construíram vários
conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a casos isolados e
irrelevantes como as relações sociais em outras sociedade e outros momentos. A
sociologia norte-americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do socialismo
marxista, entretanto, também romperam com o estilo dos clássicos que se
dedicaram a uma significação histórica como a formação do capitalismo e a
totalidade da vida social.
ESCOLA DE
FRANKFURT -
Fundada em 1923, sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, seus principais
representantes são: Max Horkheimer (1895 - 1973), Walter Benjamin (1892 -
1940), Theodor W. Adorno (1906 - 1969), Herbert Marcuse (1898 - 1979) e Jurgem
Habermas (1929). Sua filosofia também é conhecida como Teoria Crítica. os
frankfurtianos criticam a dominação da natureza para fins lucrativos colocando
a ciência e a técnica a serviço do capital. Os frankfurtianos querem recuperar
a razão não repressora, capaz de autocrítica e a serviço da emancipação humana.
Esses pensadores reutilizam o conceito de iluminismo em um sentido mais amplo -
um pensador iluminista sempre combate as superstições, o arbítrio do poder e
defende o pluralismo e a tolerância.
FIQUE ESPERTO:
Auguste Comte: Valoriza os fatos absolutos, certos,
sensíveis (ver para crer), acredita no progresso natural dos homens e diz que a
humanidade passa por três estados: Teológico (Religião), Metafísico (Filosofia)
e positivo (Ciência). Segundo ele, no estado positivo, o mais evoluído,
seria rejeitado qualquer informação que
não fosse absoluta e provada experimentalmente.
Émile Durkheim: Cria os conceitos de consciência
individual e consciência coletiva (um ser distinto da consciência individual e
muito mais complexo). Diz que os fatos sociais devem ser tratados como
"coisas", ou seja, estudados de forma mais científica, para se
superar o senso comum. Conceitos de solidariedade mecânica (sociedade simples e
homogênea) e orgânica (sociedade complexa).
Max Weber: Diferencia julgamento de valor (pensamento
individual) e saber empírico (verdade dos fatos). Afirma que é impossível
reduzir a verdade em leis, pois conceitos genéricos carecem de conteúdo.
Explica sobre classes, poder e dominação, assim como a passagem do pensamento
humano da magia para a ciência e religião.
Karl
Marx: Cria o conceito da Dialética
(um ciclo histórico contínuo de "problema", "sugestão de
solução" e a consequente "solução do problema"). Analisa
profundamente a questão do trabalho e das classes sociais. Diz que a
"superestrutura" (ideologia, moral, política, religião, leis etc.)
deriva da "estrutura" (economia). Conceito de alienação (o
trabalhador é dominado pelo próprio trabalho, pois não é dono do resultado).
Diz que o comunismo é solução para se obter uma vida livre e "não
alienada".
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