8º ANO_AULA 18 - BRASIL: A VIDA COTIDIANA NAS CIDADES MINEIRAS

URBANIZAÇÃO NAS MINAS GERAIS


IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS VILAS:

- Ribeirão do Carmo (atual Mariana), em 1711.

- Vila Rica de Ouro Preto (atual Ouro Preto), em 1711.

- Vila Real de Sabará (atual Sabará), em 1711.

- Arraial do Tijuco (atual Diamantina), em 1713.

- Vila de Nova Rainha.

- Vila de Pitangui.

- Vila de São João Del Rey (atual São João Del Rey).

 

A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. À procura de trabalho, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.

Neste contexto, cidades começaram a surgir e se deu o desenvolvimento urbano e cultural nestas regiões. Vila Rica, atual Ouro Preto, se destacou muito neste período. O comércio das regiões mineradoras foi a base da economia colonial brasileira no período.

A quantidade de pessoas com classes sociais diversas mudava a sociedade colonial, que se tornava mais complexa e diversificada. Podemos citar como exemplo, a presença de vários brancos livres pobres, chamados de “os desclassificados do ouro”.

O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.

Nas vilas mineiras havia trabalhadores especializados na construção de igrejas, onde trabalhavam como escultores, entalhadores, ourives etc. Nas outras capitanias passaram a surgir atividades econômicas para suprir as necessidades desse novo mercado. Além dos produtos agrícolas, vindos de capitanias vizinhas, o gado era trazido do sul e do sertão do atual Nordeste e escravos negros eram transferidos para essa região, oriundos da lavoura canavieira .

A riqueza gerada pelo ouro, contudo, não foi usufruída pela grande maioria da população das Minas. Grande parte dessa riqueza destinou-se à metrópole, através do pagamento de tributos, ou ficou com um pequeno grupo. Assim, negros e mulatos pobres viviam em uma estrutura social na qual riqueza e opulência eram apenas oferecidas às classes dominantes.

 

 

FIQUE ESPERTO:

- Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.

- Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.

- Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.

- Não foi somente em Minas Gerais que se achou ouro no Brasil. Nos estados de Mato Grosso e Goiás também houve extração.

 

VILA RICA DE OURO PRETO

 Vila Rica, Minas Gerais – Gravura de Rugendas

Ouro Preto

Ouro branco! Ouro preto! Ouro podre!

De cada Ribeirão trepidante e de cada recosto

De montanha o metal rolou na cascalhada

Para o fausto d’El-Rei, para a glória do imposto.

Que resta do esplendor de outrora? Quase nada:

Pedras... Templos que são fantasmas ao sol-posto.

Esta agência postal era a Casa de Entrada...

Este escombro foi um solar... Cinza e desgosto

O bandeirante decaiu – é funcionário.

Último sabedor da crônica estupenda,

Chico Diogo escarnece o último visionário.

E avulta apenas, quando a noite de mansinho

Vem, na pedra-sabão lavrada como renda,

- Sombra descomunal, a mão do Aleijadinho.

                                             Manuel Bandeira.

 

Durante o período colonial da História do Brasil, a maior parte da população vivia na zona rural, geralmente dentro das grandes fazendas produtoras de mercadorias agrícolas, como os engenhos de cana-de-açúcar. Porém, a partir da descoberta do ouro na região onde hoje se encontra o estado de Minas Gerais, núcleos urbanos passaram a ser constituídos nessa região.

Dentre esses núcleos urbanos, o mais rico e famoso do período foi o de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto). A ocupação dessa área montanhosa e de difícil acesso iniciou-se na última década do século XVII e atingiu os vales dos pequenos riachos que existiam no local onde havia uma grande quantidade de ouro. As minas passaram a ser abertas nas encostas desses morros, tornando-se a principal fonte de riqueza explorada pela metrópole portuguesa em sua colônia americana.

A riqueza proveniente da extração do ouro na região possibilitou um desenvolvimento urbano, com a constituição de ruas pavimentadas, inúmeras edificações, uma produção artística barroca, além de estimular a formação de um mercado consumidor, principalmente para garantir o fornecimento de mercadorias para o consumo dos habitantes do local.

A formação do mercado consumidor interno na cidade de Vila Rica foi favorecida pelo fato da exploração de ouro possibilitar a constituição de camadas intermediárias na pirâmide social. Não havia na cidade apenas os muito ricos e os extremamente pobres, como acontecia nos engenhos. Havia uma considerável quantidade de pessoas que detinham um nível médio de renda, o que possibilitava a compra de produtos para a alimentação, vestuário e de outros tipos que eram oferecidos no local. Isso era estimulado ainda por não ter sido desenvolvido na cidade apenas a agricultura de subsistência. Surgiam na cidade as figuras dos pequenos comerciantes e seus estabelecimentos, dessa forma, além da compra e venda de mercadorias, havia também na cidade a criação de um espaço de socialização entre as pessoas.

O resultado desse processo foi a ligação das cidades mineiras (de Vila Rica em particular) com outras regiões da colônia, como o Nordeste e o Sul, que ofereciam principalmente produtos derivados da criação de gado, como carne e couro. Do Rio de Janeiro eram transportados até Vila Rica os produtos importados da Europa. Para poder realizar esse comércio entre as diversas regiões do país, foram construídas inúmeras estradas, além de aparecer na sociedade colonial a figura do tropeiro.

O tropeiro era o responsável pelo transporte e venda das mercadorias entre os locais de produção e de venda. Em muitos casos, os tropeiros enriqueceram com os lucros que obtinham nas trocas dessas mercadorias. Esse incipiente mercado interno aos poucos foi criando as rotas de ligação entre as várias regiões, iniciando o processo de integração da colônia e superando o isolamento que existia entre as várias localidades.


Por: Tales Pinto

Graduado em História

 

Localizada a 95 quilômetros da capital Belo Horizonte, Ouro Preto é uma cidade de Minas Gerais que foi tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade em 02 de setembro de 1980.

A fundação da cidade se deu em 1711, em origem do arraial do Padre Faria e outros arraiais, tendo recebido o nome de Vila Rica. Poucos anos depois foi escolhida como a capital da capitania das Minas Gerais (1720).

Intitulada pela Organização nas Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), os aspectos de suas características, considerados para o tombamento, foram: a preservação de suas ruas íngremes e estreitas, feitas em paralelepípedos, casas em estilo colonial, arquitetura barroca nas Igrejas e Museus, criados por Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa.

A arte de Aleijadinho era no estilo barroco, tendência artística da época, que apresentava uma mistura de espiritualidade com racionalismo, tornando-se contraditória.

Só foi possível manter a preservação original da cidade, devido à mudança da capital para Belo Horizonte, em 1897, motivo pelo qual a mesma perdeu parte de sua movimentação, deixando-a longe dos processos de urbanização e modernidade.

Ouro Preto tem uma história de relevante importância para o Brasil, pois serviu como campo de manifestações históricas e culturais na época da descoberta do ouro no país.

Foi cenário do movimento da inconfidência mineira, onde uma elite dominante lutou contra a exploração do ouro em favor de melhores condições de vida para o povo brasileiro.

Na época do movimento, no século XVIII, a corte portuguesa explorava o povo com as altas taxas de impostos sobre o minério, tendo Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) enforcado em praça pública, tornando-se mártir da libertação do povo aos domínios de Portugal.

A escolha do nome foi baseada nas riquezas ali existentes, que fazia a grande movimentação econômica da região bem como do país. Primeiramente, recebeu a alcunha de Vila Rica, passando mais tarde a ter o nome de Ouro Preto.

 

Por Jussara de Barros

Equipe Brasil Escola



Antiga Vila Rica, a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, foi a primeira cidade brasileira declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, pela UNESCO, em 1980.

 

O ARRAIAL DO TIJUCO - DIAMANTINA

 

O Arraial do Tijuco foi fundado em 1713 por bandeirantes que garimpavam o ouro. O nome Tijuco - lama na linguagem indígena - deriva do "pântano" criado pelos mineradores que se estabeleceram e garimparam às margens do Rio Grande.Oficialmente os diamantes foram descobertos por Bernardo da Fonseca Lobo em 1729. A novidade atraiu aventureiros de todos os lados e a Coroa, que já havia declarado monopólio seu a extração dos diamantes resolveu, em 1733, demarcar o Distrito Diamantino.

A princípio a legislação aplicada à região era semelhante à do ouro, inclusive com a cobrança do quinto, sendo que em 1734 foi criada a Intendência dos Diamantes. O isolamento da região e sua riqueza determinaram a adoção de uma forma peculiar de administração, com a criação da Intendência dos Diamantes, subordinada diretamente à coroa portuguesa. Os intendentes, porém, encontraram grandes dificuldades na exploração e fiscalização das minerações e, temendo que muito lhes estivesse escapando das mãos através de contrabando instituíram, em 1739, o primeiro contrato. A política metropolitana caracterizou-se por grande repressão na região, ninguém podia entrar ou sair da região sem autorização do intendente, que inclusive tinha o poder de condenar uma pessoa à morte.

A possibilidade de enriquecimento no entanto, sempre estimulou o surgimento de bandos de garimpeiros que mineravam em áreas proibidas, assim como, o contrabando tendeu a aumentar, mesmo considerando as medidas repressivas adotadas pelos intendentes. Em 1771 o governo extinguiu os contratos e retomou a exploração dos diamantes através da Real Extração, que veio acompanhada pelo seu regimento, apelidado de O Livro da Capa Verde, que resumia todos os códigos de leis anteriores, acrescentando-lhes outras mais tirânicas.

 

FIQUE ESPERTO:

A EXTRAÇÃO DE DIAMANTES

- O principal centro de extração da valiosa pedra, foi o  Arraial do Tijuco, hoje Diamantina em Minas Gerais.

- A partir de 1734, visando um maior controle sobre a região diamantina, foi estabelecido um sistema de exploração de diamantes para um único contratador.

- O primeiro deles em 1740, foi o milionário João Fernandes de Oliveira, que se apaixonou pela escrava Chica da Silva, tornando-a uma nobre senhora do Arraial do Tijuco, em Minas Gerais.

Cartaz do filme “Xica da Silva”, versão artística da vida da escrava que se casou

com o contratador, no arraial do Tijuco, causando escândalo na Colônia.

 

DIFERENCIAÇÃO SOCIAL

 A  sociedade mineradora se dividia em quatro grupos sociais::

 - OS GRANDES MINERADORES, donos das grandes minas e de inúmeros escravos.

- A CAMADA MÉDIA, composta por funcionários públicos, comerciantes, artesãos, padres, militares, profissionais liberais e garimpeiros bem sucedidos.

- Os TRABALHADORES LIVRES POBRES, brasileiros de outras regiões do país ou portugueses menos favorecidos que buscavam uma vida melhor como garimpeiros. Entre eles também estavam os escravos alforriados (libertos).

- Os ESCRAVOS NEGROS, que trabalhavam nas lavras  e nos afazeres domésticos.

 

FIQUE ESPERTO:

- As cidades se desenvolveram sem planejamento urbano;

- Uma das principais características da sociedade mineradora foi a mobilidade social, isto é, as pessoas tinham condições de ascender socialmente, através da posse e da circulação dos minérios preciosos.

- A sociedade das minas era muito diferente da sociedade açucareira; a sociedade mineradora era uma sociedade urbana e mais diversificada. O grupo dominante era composto pelos donos das minas e funcionários da Coroa Portuguesa. Havia ainda a classe dos homens livres (advogados, médicos, padres e militares), a classe dos trabalhadores livres (sapateiros, pedreiros, alfaiates, “faiscadores”) e os escravos;

- Na região das minas existiam muitos escravos, índios, bandeirantes paulistas e colonos de todas as partes. Os negros escravos trabalhavam nas minas e eram vigiados para que não roubassem o ouro produzido. Mesmo assim, muitos escondiam parte do ouro e depois compravam a liberdade; outros fugiam para os quilombos existentes.

- Poucos ricos, muitos escravos População diversificada: clérigos, advogados, artesãos, intelectuais, militares, comerciantes e escravos (que compunham 70% do total de habitantes da região.

 

DIVISÃO DA SOCIEDADE MINERADORA

- Proprietários de lavras;

- Contratadores: pessoas responsáveis pela extração de diamantes;

- Altos funcionários do governo de minas: descendentes de famílias nobres portuguesas;

- Grandes comerciantes: gado e produtos manufaturados;

- Camada intermediária: profissionais liberais,  roceiros, alfaiates, sapateiros, artistas;

- Escravos.

 

A VIDA COTIDIANA NAS CIDADES MINEIRAS

 

Cada família da região das minas gerais no Brasil tinha um habito e costume compartilhado por seus moradores.
para saber mais sobre a vida domestica nas vilas mineiras e preciso ver as residências onde as pessoas descansavam e viviam espaço esse onde conviviam familiares e amigos.

 

RESIDÊNCIAS MINEIRAS

 

Essas moradias em geral eram simples e pequenas eram bem pobres construídas com materiais rudimentares  com exceção e claro das famílias ricas, que moravam em sobrados mas a maioria da população vivia em geral em casas, os quintais das residências eram verdadeiras chácaras contendo criações de animais e cultivo de pé de fruta entre outros.

A mobília da casa era simples e os moveis feitos de couro e madeira poucos moveis haviam no interior das casas.

 

COSTUMES FAMILIARES

 

As cidades por serem pequenas aproximava as pessoas  de um convívio no cotidiano as visitas eram normais e acontecia a todo momento não havia a necessidade de avisar previamente da visita, nas casas mais ricas ocorria reuniões  onde as pessoas jogavam cartas e saboreavam refeições.

 

O CASAMENTO

 

Para a igreja a constituição do casamento preservava o modelo da família legitima que seria um dos sacramentos da igreja, para o estado o casamento era uma das formas de controlar a população e combatendo também  a união fora do casamento.

A instituição casamento foi uma pratica importante para a sociedade colonial principalmente para as famílias da elite. Na maioria das vezes, a união era arranjada pelos pais dos noivos para fortalecer os laços socias ou estabelecer arranjos políticos.

Nas camadas mais baixas o concubinato era pratica comum, mas, no entanto  o casamento conferia status e segurança à população assim preferiam se casar. Há registros de casamentos entre escravos e entre libertos conferindo dignidade às pessoas.

 

Por: Bruno Ferreira.

Disponível em: http://historiabruno.blogspot.com/2012/02/vida-cotidiana-nas-cidades-mineiras.html#ixzz3esMnDu9N

 

O ESCRAVISMO NA SOCIEDADE MINEIRA

 

ESCRAVOS - Base do trabalho na sociedade mineira. Trabalhavam muitas horas por dia em condições diversas, geralmente dentro d’ água.

ESCRAVOS DE GANHO - Aqueles que vendiam mercadorias nas ruas ou armazéns e revertiam os ganhos para seus donos. Ex: negras de tabuleiro.

ESCRAVOS DE ALUGUEL – Eram alugados a outras pessoas, a quem prestavam serviços.

 

MANEIRAS DE CONSEGUIR ALFORRIA

- Pela compra: os escravos que trabalhavam nas minas tinham de entregar uma certa quantidade de ouro semanalmente ao seus donos, e o que passasse disso, pertenceria ao escravo;

- Recebiam carta de alforria os que denunciassem seus donos pela sonegação de impostos.

 

AS IRMANDADES RELIGIOSAS

 

FÉ E SOCIABILIDADE NA MINAS GERAIS DO SÉCULO XVIII

                         Quando nos deparamos a pensar na religiosidade presente na Minas Gerais do século XVIII, logo imaginamos à grande quantidade de belas e suntuosas Igrejas existentes na região. Talvez pudéssemos interpretar como responsável incontestável deste cenário, a influência do catolicismo. Porém, é importante entendermos que naquela época, tanto o Estado como a Igreja Católica exerceram papéis secundários (entendamos aqui no sentido institucional) com relação às práticas religiosas. Leigos e instituições sem envolvimento com o catolicismo fundaram e desenvolveram uma “religiosidade peculiar”, as irmandades. Um espaço que aceitava todos: homens, mulheres, negros e brancos. 

A própria Coroa Portuguesa mostrou-se despreocupada com a religiosidade na região mineira, diferentemente de outras terras colonizadas. Na capitania do ouro não se construíram mosteiros e conventos durante todo o século XVIII. 
Em outras localidades, a Igreja Católica funcionava como uma referência, um guia a serviço de seus fiéis. Por outro lado, em Minas Gerais – como mencionamos – não havia este vínculo entre a instituição e seus devotos. O papel de referência era desempenhado por diversos santos protetores, que eram escolhidos à vontade pelos irmãos. Desta forma, a carência religiosa e o relacionamento com o sobrenatural eram realizados por meio de diferentes oragos como: Rosário, Conceição, Carmo, Mercês, Francisco, Gonçalo, José, Benedito, etc. 

As irmandades se forjaram em meio à insegurança e instabilidade contidas no cenário mineratório. A sociabilidade se transformou em associações leigas que consagravam as imagens padroeiras.

Esse fenômeno revela uma fundamental presença social inserida nas práticas religiosas daquela região. No comércio local, já havia tempo para se falar do divino, enquanto que em espaços dedicados a prática religiosa achava-se oportunidades para sociabilidade. Em 1711, quando se desenvolveram as primeiras vilas mineiras, o número de agremiações já superava dez unidades. Sem dúvida, estudar este fenômeno é essencial para entender e compreender a cultura a história locais.

As irmandades não encontraram barreiras por parte das autoridades e por esta razão, seguiram seu processo de expansão. Ao final do período colonial do século XVIII o número de irmandades ultrapassava três dezenas.

 

LONGE DA IGUALDADE SOCIAL

 

Se por um lado, as confrarias contribuíram sensivelmente em melhorias urbanas, como obras públicas e configuração do comércio local, de outro, não podemos afirmar que fora capaz de igualar a consideração entre brancos e negros. A igualdade perante Deus não se estendia à vida terrena. Os homens brancos conscientemente, proporcionavam esta agregação religiosa, produzindo um falso entendimento de igualdade entre eles. 

 

NOSSA SENHORA DAS MERCÊS

 

Não satisfeitos em pertencer a uma irmandade, os fiéis do século XVIII realizavam grande rotatividade, pertencendo a diferentes confrarias. 

As irmandades dos negros adquiriram o direito de resgatar escravos (desde que, justificadamente postos à venda pelos senhores). Esse diagnóstico ganhou força com Nossa Senhora das Mercês, tida pelos irmãos como redentora dos cativos. Os escravos encontraram nas irmandades um espaço para prática da sociabilidade e também de “exercitar” sua cultura, sobretudo, religiosa. Os oficiais encaravam estas agremiações como um meio de controle, mesmo sabendo que a população negra era a de maior volume. Decerto, esta ideia de controle por parte do Estado Absolutista Português não refreava a manifestação sentimental dos africanos. Foram nestes locais que a religiosidade da África se juntou e se fundiu com a do homem colonizador. 

  

TEATRO DA RELIGIÃO

O espírito de diversão e prazer estava constantemente presente na Minas Gerais do século XVIII. As irmandades contribuíram como a principal promotora, sobretudo, com as suntuosas procissões que preenchiam as estreitas ruas da localidade. Em 1733 ocorreu a mais expressiva solenidade pública da América Portuguesa – o tríduo (espaço de três dias) – que configurou na transladação do Santíssimo Sacramento da igreja de Nossa Senhora do Rosário para inauguração da nova matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Vila Rica. Este tipo de evento costumava promover atenção tanto na esfera sacra como também no âmbito profano, algo corriqueiro numa sociedade praticante da religiosidade. Escritores apontam que este espírito lúdico acabou contribuindo para os interesses políticos. Por outro lado, a liberdade oferecida por parte dos portugueses, em se criar novas irmandades, eximiam-se da obrigatoriedade (visto que detinha a qualidade de grão – mestres da Ordem de Cristo) na criação e manutenção das igrejas. Desta forma, a Coroa expandia sua capacidade de vigiar à sociedade colonial. 

Entretanto, havia sim, uma obrigatoriedade por parte das irmandades no sentido de formalizarem suas instituições por meio de compromissos (nas ordens terceiras este documento era denominado de estatuto). Não raro, havia a consideração de assuntos políticos dentro das irmandades, isto reforça a permanência das autoridades na gestão destas agremiações. 
Quando dissemos que não havia satisfação por parte dos fiéis em fazer parte de apenas uma irmandade, existe certo sentido.

Vejamos! 
"Naquela época não se podia contar muito, ou praticamente nada, com relação a casas de misericórdia e outros serviços públicos. As aflições sobrevêm tanto em vida quanto em morte. Uma peça teatral intitulada “As Confrarias”, conta a história duma mãe desesperada – recorrendo a diversas irmandades de Vila Rica, em busca duma sepultura para seu filho morto, “acomodado” em seus braços". 

 

TESTEMUNHO CULTURAL

 Hoje temos o privilégio de observar um patrimônio histórico cultural contido nas igrejas da Minas Gerais, sobretudo em Ouro Preto, (antiga Vila Rica). O Barroco e Rococó ditam as características artísticas (arquitetura, música, escultura) da região. Estas maravilhas que não cansamos de testemunhar foram mantidas e custeadas pelas irmandades coloniais mineiras. 


Por: Cristiano Catarin 

Disponível em: www.historiaecia.zip.net

FIQUE ESPERTO:

• Diversamente do resto da Colônia, não foram as ordens religiosas que predominaram nessa época, mas sim, irmandades;

 • As irmandades eram associações leigas formadas para cultuar um santo Constituídas conforme o grupo social e étnico (branco e negros), foram as responsáveis por erguerem as igrejas da região;

 • As irmandades dos negros, em especial a de Nossa Senhora das Mercês, compravam escravos postos à venda pelos senhores para alforriá-los.

A ESTRADA REAL é um dos maiores circuitos turísticos do Brasil. Com cerca de 1600km, a Estrada começou a ser construída no século XVII para ligar a região do litoral carioca às regiões produtoras de ouro do interior de Minas Gerais.

No início a Estrada ligava Ouro Preto (na época, Vila Rico do Ouro Preto), em Minas Gerais ao Porto de Paraty, no Rio de Janeiro. O caminho era usado para transportar o ouro e demais carregamentos da cidade mineira até o porto e, ao longo do caminho, foram sendo fundadas vilas e diversos pontos de parada para os tropeiros,bandeirantes, mineradores e outros viajantes que faziam o percurso da Estrada Real. Na época, seu percurso levava 60 dias para ser feito devido às dificuldades de percurso na estrada de terra que atravessa a Serra da Mantiqueira e da distância. Este caminho estendia-se por localidades como Caeté e Sabará também, recebendo por isso o nome de “Caminho do Sabarabuçu”.

No século XVIII a necessidade de um caminho mais seguro e rápido até o porto fez com que a Coroa ordenasse a construção de uma outra rota que ficou conhecida como “caminho novo”. À estrada antiga ficou o nome de “caminho velho”. O caminho novo foi feito por Garcia Rodrigues Paes, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Paes (que hoje dá nome à rodovia que liga São Paulo à Belo Horizonte e Vitória), que levou 7 anos (1968-1705) para terminá-lo. Em 1725, Bernardo Soares de Proença terminou uma trilha paralela ao , agora conhecido, “Caminho do Ouro”, porque era por ele que o metal era escoado para Portugal.

Mais tarde, quando foi feita a descoberta de pedras preciosas na região do Serro, o caminho foi estendido até lá, e Ouro Preto, então capital de Minas Gerais, passou a ser o local de convergência da Estrada Real. O caminho até o distrito diamantino ficou conhecido como “Caminho dos Diamantes”.

Fazem parte do circuito Estrada Real as cidades: Mariana, Catas Altas, Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes, Santa Bárbara, Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro, Serro, Cocais, Carrancas, Conselheiro Lafaiete, São João Del rei, e muitas outras cidades que guardam ainda um pouco da história do Brasil. Ao todo são 177 cidades no entorno da Estrada Real, sendo 162 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo.

 

Por: Caroline Faria.

FIQUE ESPERTO:

MUDANÇAS NA VIDA COLONIAL BRASILEIRA

- Em cem anos a população cresceu de  300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de pessoas, incluindo aí, um deslocamento de  800 mil portugueses para o Brasil;

- Intensificação do comércio interno de escravos, chegando do Nordeste cerca de  600 mil negros;

- Além do comércio de escravos, a mineração ampliou o comércio interno na colônia para abastecer a região mineradora. Houve um aumento significativo na produção de alimentos e bens de consumo para a região;

- A sociedade colonial tornou-se mais diversificada que na economia açucareira: grandes proprietários, camadas médias, trabalhadores livres pobre e escravos. Apesar da concentração de riqueza ainda privilegiar os grandes proprietários;

- Transferência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região mineradora e próxima do oceano Atlântico;

- Na segunda metade do século XVIII, a mineração entra em decadência com a paralisação das descobertas;

- Por serem de aluvião (feitos no leito dos rios) o ouro e diamantes eram facilmente extraídos. Isso levou a uma exploração que fez com que as jazidas se esgotassem rapidamente;

- Esse esgotamento deveu-se ao desconhecimento técnico dos mineradores;

- Após este período, aumenta a diversificação de produtos agrícolas, cultivados para abastecer o Brasil.  Veja no mapa ao lado;

- O comércio, já aquecido, se intensifica com o esgotamento das jazidas;

- A sociedade do ouro premiou poucos e castigou a maioria. Os habitantes das minas, porém, não se calaram diante da opressão a que foram submetidos. Resistiam a tudo isso desobedecendo em silêncio, promovendo revoltas, desviando ouro e diamantes, reclamando à justiça, fugindo para a mata e formando quilombos.


 






























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