FILÓSOFOS
ILUMINISTAS: DIDEROT, ROUSSEAU E QUESNAY
DIDEROT
(1713 - 1784)
Como outros pensadores
iluministas Diderot acredita na razão pois é ela que tem a capacidade de
duvidar das verdades estabelecidas. A filosofia, utilizando-se da razão, deve
analisar os fatos e deles tirar verdadeiros conhecimentos, mesmo as verdades
racionais da matemática devem tentar entender os fatos reais e explicar as
experiências humanas.
Denis compara o mundo a um
grande animal e coloca Deus como sendo a alma deste animal, diz que Deus é como
uma aranha e o mundo é a teia por ele fabricado, e que é através dessa teia que
Deus sente os movimentos do mundo, mas com uma certa distância. Esse mundo
nasce e morre a todo momento em um movimento que não tem fim, o mundo está
portanto continuamente no começo e no fim de si mesmo. Segundo suas palavras:
"...tudo que existe se relaciona através da ação e da reação, tudo se
destrói de uma forma para se reconstruir depois de uma forma diferente".
Diderot conclui ainda que o
mundo é feito de diversos elementos de natureza diferente e que existem
inúmeros desses elementos e cada um deles se distingue do outro por possuir uma
força e um movimento próprio que não pode ser destruído, não tem fim, não muda
e é inerente ao elemento.
Ainda sobre a relação entre
Deus e o mundo Diderot afirma que o mundo não pode mais ser visto como um Deus,
mas como uma enorme maquina que funciona com rodas, cordas, roldanas, pesos e
molas. Essa máquina foi criada por uma inteligência superior e livre de
defeito, que é Deus.
Grande polêmica em sua
época foi a crítica que fez às religiões dizendo que elas tentam extinguir as
paixões. É loucura uma pessoa tentar destruir suas paixões através da fé,
tentar acabar com os desejos, com o amor e com os outros sentimentos é deixar
de ser humano e se transformar em um monstro. Um ser humano equilibrado
moralmente é um ser humano que tem suas paixões em harmonia e não um homem que
não tem paixões.
São as grandes paixões que
fazem os homens fazerem grandes coisas, grandes paixões produzem grandes
homens, paixões modestas produzem homens comuns e um homem sem paixões é um
homem medíocre. Reprimir as paixões pode destruir um ser humano com grandes
capacidades.
Em suas crítica às
religiões diz ainda que o milagre é um absurdo contra a
natureza, duvida dos milagres de Cristo e diz que não acredita que um homem
possa ressuscitar. Não acredita na sacralidade da Bíblia nem na infalibilidade
da igreja, pois quem estabelece a divindade das escrituras é a igreja e a
igreja obtêm seus fundamentos nessa mesma escritura. Para Diderot pensar que
Deus não existe causa muito menos terror do que pensar que existe um Deus
punitivo que quer controlar as paixões humanas.
Em seus escritos sobre
estética Diderot apresenta a ideia de que a beleza é uma necessidade natural do
ser humano, o belo inicialmente aparece no homem através da simetria e da ordem
e a partir delas se desenvolve para outros ramos e outros aspectos. Essa
necessidade de beleza nasce das experiências que os homens têm em sua vida e
mesmo que Deus não existisse ela existiria.
A beleza é determinada pela
relação que temos com os objetos e conforme relacionamos os objetos entre si, é
essa relação que vai definir a beleza na música, na literatura, na moral, na
natureza e na arte.
Sentenças:
- Podem exigir que eu busque a verdade, mas não que
a encontre.
- Nenhum homem recebeu da natureza o direito de
comandar os outros.
- O perigo está nas palavras, por isso me calo.
- Poetas, profetas e lentes servem para ver
moscas como se fossem elefantes.
- Alguns morrem na escuridão porque não tiveram um
teatro onde se apresentar.
- A natureza é um colosso com pés de argila.
- Os bons vivem em sociedade, os maus sozinhos.
- O poder conquistado com violência é usurpação.
- Uma hipótese não é um fato.
- Do fanatismo à barbárie a distância é só um
passo.
- O filósofo nunca matou um sacerdote, mas o
sacerdote matou muitos filósofos.
- O primeiro passo para ser filósofo é ser
incrédulo.
- O trabalho encurta os dias e prolonga a vida.
- Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e
gota a gota a verdade que nos critica.
- Os médicos trabalham para conservar a saúde e os
cozinheiros para destruí-la.
- É idiotice acreditar que algo é melhor porque tem
mais clientes.
- A paixão destrói mais preconceitos do que a
filosofia.
- A sabedoria é a ciência da felicidade.
- Se não duvidarmos de algo não podemos prová-lo.
DIDEROT - TEXTO
COMPLEMENTAR
Filósofo e hábil escritor e
enciclopedista francês nascido em Langres, na região francesa da Champagne, um
dos símbolos do Iluminismo e um dos ideólogos da revolução francesa. Filho de
um mestre de cutelaria de boa posição, estudou com os jesuítas, iniciou a
carreira eclesiástica e chegou a receber a tonsura em 1726. Estudou em Paris
(1729-1732) onde se graduou em artes. Ainda estudou leis, literatura, filosofia
e matemática, até ser contratado pelo produtor Andre Le Breton para traduzir
uma enciclopédia inglesa (1745), a Cyclopaedia, do inglês Ephraim Chambers.
Ateu e materialista, a partir deste ponto passou a trabalhar ao lado do
matemático e filósofo Jean le Rond d’Alembert, e organizou uma enciclopédia
(Encyclopédie, 1751-1772) que pretendia reunir todo o conhecimento científico e
filosófico da época, e que fosse o veículo das novas idéias contra as forças,
para ele reacionárias, da igreja e do estado, e que destacasse os princípios
essenciais das artes e das ciências. Por essa razão os iluministas também são
conhecidos como "enciclopedistas".
Esta enciclopédia foi planejada
juntamente com d’Alembert sob o título Dictionnaire raisonné des sciences, des
arts et des métiers(1750). Foram publicados 17 volumes de texto e 11 de
pranchas de ilustração (1751-1772) que se tornou um grande êxito literário e
onde ele foi redator e, sobretudo,diretor e supervisor dessa grande iniciativa.
De inspiração racionalista e materialista, propunha a imediata separação da
Igreja do Estado e o combate às superstições e às diversas manifestações do
pensamento mágico, entre elas as instituições religiosas. Sua publicação sofreu
violenta campanha contrária da Igreja e de grupos políticos afinados com o
clero. Sofreu intervenção da censura e condenação papal, mas acabou por exercer
grande influência no mundo intelectual e inspirou os líderes da Revolução
Francesa. Seus mais importantes colaboradores foram: Montesquieu e
François-Marie Arouet Voltaire (literatura), Étienne Condillac e o Marquês de
Condorcet (filosofia), Jean-Jacques Rousseau (música), Georges Louis Leclerc,
conde de Buffon (ciências naturais), François Quesnay e Anne-Robert-Jacques
Turgot, barão de l'Aulne (economia), Holbach (química), Diderot (história da
filosofia) e D’Alembert (matemática).
Também escreveu novelas, comédias,
peças teatrais e brilhantes correspondências para um largo círculo de amigos e
colegas. Paralelamente desenvolveu uma prolífica produção, principalmente na
área romancista, em grande parte publicados postumamente. Os mais citados são
Pensées philosophiques (1746), Lettre sur les aveugles à l'usage de ceux qui
voient (1749), que valeram três meses na prisão e, ao sair desta, Prospectus
(1750), que D'Alembert converteria no ano seguinte no Discours préliminaire da
Enciclopédia, e Jacques le Fataliste et son maitre (1796), La Religieuse
(1796), Eléments de physiologie (1774-1780) e Le Neveu de Rameau (1821). A
despeito de sua competência e importância histórica viveu seus últimos anos em
extrema pobreza e precisou ser ajudado economicamente pela imperatriz Catarina
da Rússia, sua admiradora, até morrer em Paris.
FIQUE ESPERTO:
- Denis Diderot foi um importante escritor, enciclopedista e filósofo
francês do século XVIII. Nasceu na cidade francesa de Langres em 5 de outubro
de 1713 e faleceu em Paris em 31 de julho de 1784. É considerado uma das
principais figuras do Iluminismo. Sua grande obra foi a elaboração editorial da
" Enciclopédia", em parceria com d'Alembert.
BIOGRAFIA
- Estudou em escola jesuíta, recebendo formação educacional baseada no
Humanismo;
- Foi morar em Paris no início da década de 1730, onde passou a
trabalhar como tradutor.
- Se casou em 1743 com Antoinette Champion com quem teve uma filha
(Angelique Diderot).
- Em 1747, em parceria com d'Alembert, começou a fazer a elaboração
editorial da "Enciclopédia", a pedido do editor francês André Le
Breton. Além de fazer a tradução para o francês e organização da
"Cyclopaedia" de Ephraim Chambers, Diderot fez várias atualizações e
complementações.
- Entre 1750 e 1772, dedicou-se a edição da "Enciclopédia".
- Em 1773, com 60 anos, foi enviado para a corte de São Petersburgo
(Rússia), atuando como conselheiro da czarina.
PENSAMENTOS E IDEIAS DEFENDIDAS POR DIDEROT
- Importância da Ciência como principal motor do desenvolvimento e
progresso humano;
- A política deve se incumbir de eliminar as diferenças sociais;
- A religião deve ficar restrita ao campo de formação do comportamento
humano.
- A tecnologia é de fundamental importância para o desenvolvimento
econômico das nações.
- Foi um crítico do Absolutismo e do poder e influência da Igreja na
sociedade.
PRINCIPAIS OBRAS DE DIDEROT
- Enciclopédia
- Pensamentos Filosóficos
- A joias indiscretas
- Carta sobre os cegos para uso dos que enxergam
- Carta sobre os surdos-mudos
- Reflexões sobre a interpretação da Natureza
- Princípios filosóficos sobre a matéria e movimento
- A refutação de Helvetius
- Ensaio sobre a pintura
- Jacques, o fatalista e seu mestre
- A religiosa
- O sobrinho de Rameau
FRASES DE DIDEROT
- O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as
entranhas do último padre".
- "Cuidado com qualquer pessoa que queira trazer a ordem".
- "A vida selvagem é tão simples, e as nossas sociedades são
máquinas tão complicadas!"
- Mil homens que não temem por suas vidas, são mais formidáveis do que
10 mil que temem por sua fortuna".
- "A liberdade é um presente do céu".
Médico e economista francês nascido em Méré, próximo a Paris, fundador e
principal líder da fisiocracia, a primeira escola francesa de economia,
considerada a primeira escola sistemática de economia política e oposta ao
mercantilismo. Na capital francesa, estudou medicina, exercendo a profissão
durante a maior parte de sua vida, inclusive tornando-se (1752) médico da corte
do rei francês Luís XV (1710-1774), onde se transformou numa pessoa influente.
A publicação do tratado Essai physique sur l'economie animale (1736) valeu-lhe
a nomeação como secretário perpétuo da Academia de Cirurgia.
A partir de então, entrou em contato com os pensadores do Iluminismo em
Versalhes, especialmente no assunto economia, que considerava parte integrante
da teoria social. Com seus artigos para a Encyclopédie como Fermiers (1756) e
Grains (1757) e nos artigos subsequentes, transformou a economia num tema nos
salões da corte.
Morreu em Versalhes e sua obra fundamental foi a publicação Tableau
économique (1758), diagrama didático que representava as relações entre as
diferentes classes econômicas e sociais, demonstrando a relação entre
diferentes classes e setores econômicos e o fluxo de pagamentos entre eles,
baseado em números e dados e construindo seu esquema de funcionamento do sistema
econômico.
FRANÇOIS QUESNAY - TEXTO COMPLEMENTAR
Economista francês
(4/6/1694-16/12/1774). Mentor da primeira escola de economia, conhecida como
fisiocrata. Nasce em Méré, cidade próxima a Paris, e estuda medicina antes de
se interessar por economia. Como médico, trabalha em um hospital de Nantes,
como mestre de cirurgia, a partir dos 24 anos.
Torna-se médico de Luís XV
depois. Conhece os economistas de seu tempo e começa a escrever sobre o assunto
por volta de 1756, quando passa a colaborar na Enciclopédia,
organizada por Diderot. No ensaio Quadro Econômico, de 1758,
analisa as relações entre as classes sociais pelo fluxo de pagamentos entre
elas. A obra busca uma visão global do processo econômico e analisa a
agricultura como o setor mais importante da produção.
De acordo com o ensaio, a
sociedade divide-se em três classes: a produtiva, de agricultores, a dos
proprietários de terras e a dos comerciantes. Assim como os intelectuais do
iluminismo, identifica na sociedade uma "ordem natural" que deve ser
respeitada pelos governos. Com suas ideias sobre a necessidade do equilíbrio
econômico e de investimentos em poupança de forma a manter saudável o fluxo de
pagamentos, influencia teóricos do liberalismo econômico como Adam Smith e
David Ricardo. Morre em Versalhes.
FISIOCRACIA
Fisiocracia é o nome dado à primeira escola de economia científica, surgida no
século XVIII, onde o sistema econômico era visto como um organismo regido por
leis inerentes ao cosmo. Nesta escola econômica desenvolveu-se a ideia da terra
como fonte de toda a riqueza. A palavra fisiocracia possui origem nas raízes gregas
"fisios" (natureza) e kratia (governo), que dão origem à expressão
"governo da natureza".
Com tal
conceito em mente, foi desenvolvida pelos fisiocratas a ideia central de
governo da natureza e de liberdade de ação, em oposição aberta às complexas
regulamentações governamentais que estavam por trás do mercantilismo. A
escola fisiocrática, ao contrário do mercantilismo, estava concentrada na
elaboração de uma explicação da vida econômica, e apesar de sua breve duração,
e de certa proximidade cronológica com a escola clássica econômica (cujo maior
representante foi sem dúvida Adam Smith),
é reconhecida pela grande maioria dos economistas como o início da moderna
ciência econômica como hoje é conhecida. As obras desta escola estão quase que
todas compreendidas no período entre 1756 e 1778, e sua principal figura é o
francês François
Quesnay, médico da corte e do rei, que em 1756, aos 62 anos, orienta
suas pesquisas para os problemas econômicos, dando origem à Fisiocracia. Para
Quesnay, a sociedade era semelhante ao organismo físico, onde a circulação de
bens e riqueza na economia faziam às vezes da circulação do sangue no corpo.
Ambos, a circulação de riquezas e a circulação sanguínea poderiam ser
compreendidos por meio de análise cuidadosa.
Dentre as principais características do pensamento
fisiocrático, é importante mencionar:
- Ordem natural - Conceito
introduzido pelos fisiocratas, em que a economia funcionava por uma ordem natural
inerente e pré-existente. De acordo com essa premissa, as atividades humanas
deveriam ser mantidas em harmonia com as leis naturais.
- "Laissez faire, laissez passer" (deixe
fazer, deixe passar) - Expressão
creditada a Vincent de Gournay e que é o resumo de um conceito caro aos
fisiocratas, que determinava que os governos não deveriam interferir nas
atividades humanas, sendo que estas estariam em conformidade com as leis
naturais.
- Ênfase na agricultura - Era consenso entre os fisiocratas que a indústria,
comércio e manufatura estavam subordinadas à agricultura, e, em menor proporção
à mineração, por serem estas as fontes de riqueza, enquanto que os demais
setores não detinham o fator produção, sendo, na concepção fisiocrata, meros
transformadores.
- Reforma tributária - Sendo a agricultura a atividade nuclear no
desenvolvimento do modelo fisiocrata, os seguidores de tal doutrina econômica
acreditavam que países como a França (a esmagadora maioria dos fisiocratas era
de intelectuais franceses) deveriam unificar a série de impostos
existentes, transformando-o num único imposto, a ser cobrado da atividade
agrícola, tendo como foco principal os grandes donos de terra. Esta ideia
refletia uma reação à condição em que se encontrava economicamente a França,
com traços de mercantilismo, mas também de feudalismo, e tal reforma procurava atuar na parte feudal da
economia francesa, principalmente.
FIQUE
SABENDO:
- François Quesnay foi um dos
principais representantes da fisiocracia. Defensor da agricultura como
principal fonte de riquezas de uma nação e da retirada das barreiras estatais
que dificultavam a produção e circulação de mercadorias (fisiocratas pregavam um capitalismo agrário sem a
interferência do Estado).
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712 - 1778)
Jean Jacques Rousseau nasceu já órfão de mãe, pois a mesma morreu durante o
processo de parto, não chegando sequer a conhecê-lo, foi educado pelo pai, um
simples relojoeiro, até completar 10 anos de idade. Em 1722 o menino Rousseau
dá de cara com a morte novamente, desta vez perdeu seu pai. Em sua adolescência
estudou em uma escola religiosa na qual era obrigado a seguir as rígidas regras
da instituição. Foi um bom aluno, estudou muito e desenvolveu o gosto pela
leitura e pela música. Na passagem da adolescência para a fase adulta mudou-se
para Paris e iniciou seu relacionamento com a flor da elite intelectual da
cidade.
Nesta época
recebeu o convite de Diderot para redigir alguns apontamentos para
a Enciclopédia – Alguns escritores pertencentes à Antiguidade, como por
exemplo, Aristóteles, tentaram escrever sobre todos os campos de conhecimento
pesquisados até então, foi uma das primeiras a existir e a ser publicada na
França do século XVIII – caberia a Rousseau anotar os apontamentos, seus
devidos significados e exemplos. Em 1762 Rousseau passou a ser acuado na França
por conta de suas obras que passaram a ser vistas como uma injúria às tradições
morais e religiosas. A solução encontrada foi abrigar-se na cidade de
Neuchâtel, na Suíça até a poeira abaixar. No ano de 1765 decidiu se mudar para
a Inglaterra aceitando o chamado do filósofo David
Hume. No ano de 1767 retornou à França e conheceu Thérèse Levasseur,
com quem veio a se casar. Suas obras versavam sobre vários temas, que abrangiam
desde investigações políticas, romances, até análises na área da educação,
religião e literatura.
"Do
Contrato Social" foi considerada sua obra-prima, nela Jean sustenta a
opinião de que os indivíduos nascem bons, quem os modifica é a sociedade, que
os levam para o caminho do mal. Do mesmo modo finca o pé ao dizer que a
sociedade atua como um acordo social, através do qual as pessoas, que vivem em
sociedade, outorgam algumas prerrogativas ao Estado desde que este lhes conceda
em contrapartida amparo e organização.
Rousseau é considerado
o filósofo do iluminismo – ideia que resume várias doutrinas
filosóficas, elos intelectuais e atitudes religiosas – e predecessor do
romantismo do século XIX. Em sua obra "Discours sur
l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes"
(Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens),
publicada no ano de 1755, ele descreve uma hipótese para o estado natural do
homem, sugerindo que, apesar das diferenças determinadas pela natureza, houve
um determinado momento em que os homens agiam como iguais sim: conviviam
separadamente uns dos outros e não eram dependentes de ninguém; fugiam uns dos
outros como se fossem bichos bravios prestes a atacar sua própria espécie.
Com relação à
educação Rousseau acreditava na amabilidade produzida pela natureza, para ele
se a afabilidade fosse incitada, a benevolência espontânea da pessoa podia ser
preservada da influência corrompida do meio em que vivemos. Por conseguinte, a
educação admitia dois semblantes diversos: a expansão gradual das habilidades
próprias da criança e o seu distanciamento dos achaques sociais. O educador
deve ensinar o aluno levando em conta suas capacidades maturais. Para Rousseau
a principal característica que não pode faltar em um catedrático é a sua
capacidade de educar o aluno para transformá-lo em um homem de bem.
Levando em
conta esse ponto de vista de Rousseau o aluno só estaria apto a fazer parte da
sociedade quando se tornasse clara sua disposição natural para a convivência
com as outras pessoas, fato este que só ocorreria, segundo Rousseau, durante a
sua adolescência, quando então já estaria apto a julgar e já pode compreender o
que é ser um indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado.
Miriam Ilza Santana
JEAN-JACQUES ROUSSEAU - TEXTO COMPLEMENTAR
A filosofia de Jean-Jacques Rousseau tem como essência a crença de que o Homem é bom naturalmente, embora
esteja sempre sob o jugo da vida em sociedade, a qual o predispõe à depravação.
Para ele o homem e o cidadão são condições paradoxais na natureza humana, pois
é o reflexo das incoerências que se instauram na relação do ser humano com o
grupo social, que inevitavelmente o corrompe.
É assim que o Homem, para Rousseau, se transforma em
uma criatura má, a qual só pensa em prejudicar as outras pessoas. Por esta
razão o filósofo idealiza o homem em estado selvagem, pois primitivamente ele é
generoso. Um dos equívocos cometidos pela sociedade é a prática da
desigualdade, seja a individual, seja a provocada pelo próprio contexto social.
Nesta categoria ele engloba desde a presença negativa dos ciúmes no
relacionamento afetivo, até a instauração da propriedade privada como base da
vida econômica.
Mas Rousseau
acredita que há um caminho que pode reconduzir o indivíduo a sua antiga
bondade, o qual é teorizado politicamente em sua obra Contrato Social, e
pedagogicamente em Emílio, outra publicação essencial deste filósofo. Ele crê
que a carência de igualdade na personalidade humana é algo que integra sua
natureza; já a desigualdade social deve ser eliminada, pois priva o Homem
do exercício da liberdade, substituindo esta prática pela devoção aos aspectos
exteriores e às normas de etiqueta.
Em sua obra
Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens,
Rousseau discorre sobre a questão da maldade humana. Para melhor analisar esta
característica, ele estabelece três etapas evolutivas na jornada do Homem. O
primeiro estágio refere-se ao homem natural, subjugado pelos instintos e pelas
sensações, sujeito ao domínio da Natureza; o segundo diz respeito ao homem
selvagem, já impregnado por confrontos morais e imperfeições; segue-se, então,
a condição do homem civilizado, marcada por intensos interesses privados, que
sufocam sua moralidade.
É neste
processo que o indivíduo se converte em um ser egoísta e individualista,
convertendo sua bondade natural, gradualmente, em maldade. O Homem abre mão de
sua liberdade e assim se desqualifica enquanto ser humano, pois se vê despojado
do principal veículo para a realização espiritual. A solução apontada por
Rousseau para esta situação é enveredar pelos caminhos do autoconhecimento,
através do campo emotivo da Humanidade.
Na esfera da
educação, exposta no Emílio, ele teoriza filosoficamente sobre o Homem. Sua
principal inquietação, neste ponto, é saber se educa o indivíduo ou o cidadão,
já que, para ele, estas duas facetas não podem conviver no mesmo ser, por serem
completamente opostas.
Rousseau
defende a formação do homem natural no seu lar, junto aos familiares, por
constituir um ser integral voltado para si mesmo, que vive de forma absoluta.
Já o cidadão deve ser educado no circuito público proporcionado pelo Estado,
pois é tão somente uma parte do todo, e por esta razão engendra uma vida
relativa. O aprendizado social, segundo o filósofo, não produz nem o homem, nem
o cidadão, mas sim um híbrido de ambos. Aliar os dois implica investir no saber
do ser humano em seu estágio natural – por exemplo, a criança –, e o cidadão só
terá existência a partir desta condição, a qual tem como fonte a Natureza e
como fio condutor a trajetória individual.
ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL
Jean Jacques
Rousseau (1712-1778) foi um importante intelectual do século XVIII para se
pensar na constituição de um Estado como organizador da sociedade civil assim
como se conhece hoje. Para Rousseau, o homem nasceria bom, mas a sociedade o
corromperia. Da mesma forma, o homem nasceria livre, mas por toda parte se
encontraria acorrentado por fatores como sua própria vaidade, fruto da
corrupção do coração. O indivíduo se tornaria escravo de suas necessidades e
daqueles que o rodeiam, o que em certo sentido refere-se a uma preocupação
constante com o mundo das aparências, do orgulho, da busca por reconhecimento e
status. Mesmo assim, acreditava que seria possível se pensar numa sociedade
ideal, tendo assim sua ideologia refletida na concepção da Revolução Francesa
ao final do século XVIII.
A questão que
se colocava era a seguinte: como preservar a liberdade natural do homem e ao
mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade? Segundo
Rousseau, isso seria possível através de um contrato social, por meio do qual
prevaleceria a soberania da sociedade, a soberania política da vontade
coletiva.
Rosseau percebeu que a busca pelo bem-estar seria o
único móvel das ações humanas e, da mesma, em determinados momentos o interesse
comum poderia fazer o indivíduo contar com a assistência de seus semelhantes.
Por outro lado, em outros momentos, a concorrência faria com que todos desconfiassem
de todos. Dessa forma, nesse contrato social seria preciso definir a questão da
igualdade entre todos, do comprometimento entre todos. Se por um lado a vontade
individual diria respeito à vontade particular, a vontade do cidadão (daquele
que vive em sociedade e tem consciência disso) deveria ser coletiva, deveria
haver um interesse no bem comum.
Este pensador acreditava
que seria preciso instituir a justiça e a paz para submeter igualmente o
poderoso e o fraco, buscando a concórdia eterna entre as pessoas que viviam em
sociedade. Um ponto fundamental em sua obra está na afirmação de que a
propriedade privada seria a origem da desigualdade entre os homens, sendo que
alguns teriam usurpado outros. A origem da propriedade privada estaria ligada à
formação da sociedade civil. O homem começa a ter uma preocupação com a
aparência. Na vida em sociedade, ser e parecer tornam-se duas coisas distintas.
Por isso, para Rousseau, o caos teria vindo pela desigualdade, pela destruição
da piedade natural e da justiça, tornando os homens maus, o que colocaria a
sociedade em estado de guerra. Na formação da sociedade civil, toda a piedade
cai por terra, sendo que “desde o momento em que um homem teve necessidade do
auxílio do outro, desde que se percebeu que seria útil a um só indivíduo contar
com provisões para dois, desapareceu a igualdade, a propriedade se introduziu,
o trabalho se tornou necessário”.
Daí a importância do contrato
social, pois os homens, depois de terem perdido sua liberdade natural (quando
o coração ainda não havia corrompido, existindo uma piedade natural),
necessitariam ganhar em troca a liberdade civil, sendo tal contrato um
mecanismo para isso. O povo seria ao mesmo tempo parte ativa e passiva deste
contrato, isto é, agente do processo de elaboração das leis e de cumprimento
destas, compreendendo que obedecer a lei que se escreve para si mesmo seria um
ato de liberdade.
Dessa maneira, tratar-se-ia
de um pacto legítimo pautado na alienação total da vontade particular como
condição de igualdade entre todos. Logo, a soberania do povo seria condição
para sua libertação. Assim, soberano seria o povo e não o rei (este apenas
funcionário do povo), fato que colocaria Rousseau numa posição contrária ao
Poder Absolutista vigente na Europa de seu tempo. Ele fala da validade do papel
do Estado, mas passa a apontar também possíveis riscos da sua instituição. O
pensador avaliava que da mesma forma como um indivíduo poderia tentar fazer
prevalecer sua vontade sobre a vontade coletiva, assim também o Estado poderia
subjugar a vontade geral. Dessa forma, se o Estado tinha sua importância, ele
não seria soberano por si só, mas suas ações deveriam ser dadas em nome da
soberania do povo, fato que sugere uma valorização da democracia no pensamento
de Rousseau.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
FIQUE ESPERTO:
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
- Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo,
teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de junho de 1712 na cidade de
Genebra (Suíça) e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville (França). É
considerado um dos principais filósofos do iluminismo, sendo que suas ideias
influenciaram a Revolução Francesa (1789).
-
Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o
soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado
com bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos
os cidadãos. Rousseau destacou-se também como defensor da pequena burguesia.
- Como
preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e
o bem-estar da vida em sociedade? Segundo Rousseau, isso seria possível através
de um contrato social, por meio do qual prevaleceria a soberania da sociedade,
a soberania política da vontade coletiva.
-
Rosseau percebeu que a busca pelo bem-estar seria o único móvel das ações
humanas e, da mesma, em determinados momentos o interesse comum poderia fazer o
indivíduo contar com a assistência de seus semelhantes. Por outro lado, em
outros momentos, a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos.
Dessa forma, nesse contrato social seria preciso definir a questão da igualdade
entre todos, do comprometimento entre todos. Se por um lado a vontade
individual diria respeito à vontade particular, a vontade do cidadão (daquele
que vive em sociedade e tem consciência disso) deveria ser coletiva, deveria
haver um interesse no bem comum.
- Este
pensador acreditava que seria preciso instituir a justiça e a paz para submeter
igualmente o poderoso e o fraco, buscando a concórdia eterna entre as pessoas
que viviam em sociedade. Um ponto fundamental em sua obra está na afirmação de
que a propriedade privada seria a origem da desigualdade entre os homens, sendo
que alguns teriam usurpado outros. A origem da propriedade privada estaria
ligada à formação da sociedade civil. O homem começa a ter uma preocupação com
a aparência. Na vida em sociedade, ser e parecer tornam-se duas coisas
distintas. Por isso, para Rousseau, o caos teria vindo pela desigualdade, pela
destruição da piedade natural e da justiça, tornando os homens maus, o que
colocaria a sociedade em estado de guerra. Na formação da sociedade civil, toda
a piedade cai por terra, sendo que “desde o momento em que um homem teve
necessidade do auxílio do outro, desde que se percebeu que seria útil a um só
indivíduo contar com provisões para dois, desapareceu a igualdade, a
propriedade se introduziu, o trabalho se tornou necessário".
- Daí a
importância do contrato social, pois os homens, depois de terem perdido
sua liberdade natural (quando o coração ainda não havia corrompido, existindo
uma piedade natural), necessitariam ganhar em troca a liberdade civil, sendo
tal contrato um mecanismo para isso. O povo seria ao mesmo tempo parte ativa e
passiva deste contrato, isto é, agente do processo de elaboração das leis e de
cumprimento destas, compreendendo que obedecer a lei que se escreve para si
mesmo seria um ato de liberdade.
- Dessa
maneira, tratar-se-ia de um pacto legítimo pautado na alienação total da
vontade particular como condição de igualdade entre todos. Logo, a soberania do
povo seria condição para sua libertação. Assim, soberano seria o povo e não o
rei (este apenas funcionário do povo), fato que colocaria Rousseau numa posição
contrária ao Poder Absolutista vigente na Europa de seu tempo. Ele fala da
validade do papel do Estado, mas passa a apontar também possíveis riscos da sua
instituição. O pensador avaliava que da mesma forma como um indivíduo poderia
tentar fazer prevalecer sua vontade sobre a vontade coletiva, assim também o
Estado poderia subjugar a vontade geral. Dessa forma, se o Estado tinha sua
importância, ele não seria soberano por si só, mas suas ações deveriam ser
dadas em nome da soberania do povo, fato que sugere uma valorização da
democracia no pensamento de Rousseau.
- Rousseau não conheceu a
mãe, pois ela morreu no momento do parto. Foi criado pelo pai, um relojoeiro,
até os 10 anos de idade. Em 1722, outra tragédia familiar acontece na vida de
Rousseau, a morte do pai. Na adolescência foi estudar numa rígida escola
religiosa. Nesta época estudou muito e desenvolveu grande interesse pela
leitura e música.
- No final da adolescência foi morar em Paris e, na
fase adulta, começou a ter contatos com a elite intelectual da cidade. Foi
convidado por Diderot para escrever alguns verbetes para a Enciclopédia.
- No ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido
na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e
religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na
Inglaterra a convide do filósofo David Hume.
- De volta à França, Rousseau casou-se com Thérèse
Levasseur, no ano de 1767.
- Escreveu, além de estudos políticos, romances e
ensaios sobre educação, religião e literatura. Sua obra principal é Do Contrato
Social. Nesta obra, defende a ideia de que o ser humano nasce bom, porém a
sociedade o conduz a degeneração. Afirma também que a sociedade funciona como
um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem alguns
direitos ao Estado em troca de proteção e organização.
PRINCIPAIS OBRAS
- Discurso Sobre as
Ciências e as Artes
- Discurso Sobre a Origem
da Desigualdade Entre os Homens
- Do Contrato Social
- Emílio, ou da Educação
- Os Devaneios de um Caminhante
Solitário
FRASES
- "O mais forte não é
suficientemente forte se não conseguir transformar a sua força em direito e a
obediência em dever"
- "Vosso filho nada
deve obter porque pede, mas porque precisa, nem fazer nada por obediência, mas
por necessidade"
- "A razão forma o ser
humano, o sentimento o conduz."
- "O homem de bem é um
atleta a quem dá prazer lutar nu."
- "O maior passo em
direção ao bem é não fazer o mal."
- "Bastará nunca
sermos injustos para estarmos sempre inocentes?"
- "A paciência é muito
amarga, mas seus frutos são doces."
- "As boas ações
elevam o espírito e predispõem-no a praticar outras".
- "Quem enrubesce já é
culpado; a verdadeira inocência não tem vergonha de nada."
- "O ser humano
verdadeiramente livre apenas quer o que pode e faz o que lhe agrada."
- "Para conhecer os
homens é preciso vê-los atuar."
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