BRASIL: A CONQUISTA DO SERTÃO
NEM SÓ
DE AÇUCAR VIVIA A COLÔNIA
CANA-DE-AÇÚCAR
- Foi a principal atividade
econômica desenvolvida no Brasil colonial;
- SOLO e CLIMA – FAVORECERAM;
- Desenvolvimento da PLANTATION;
- Solos férteis (MASSAPÊ) e solos arenosos (menor
fertilidade);
- O gado era utilizado nos engenhos e deveria também alimentar essa população em expansão.
ALGODÃO
É um
produto originário da América e os nativos já o utilizavam para tecer redes. No
mercado interno, era usado para confeccionar tecidos para roupas de escravos. A
partir do século XVIII, sua produção ganhou importância quando as regiões do
Pará, Maranhão e Ceará se tornaram fornecedoras dessa matéria prima para as
tecelagens inglesas. Essas, na época, eram as maiores produtoras de tecidos do
mundo.
TABACO
“(...) O fumo
de corda é um produto exclusivamente brasileiro. É o fumo que os índios
fabricavam aqui e cuja técnica os colonos portugueses aperfeiçoaram, criando
máquinas e apetrechos para preparar a corda, as bolas e os rolos. A cultura comercial
do fumo no Brasil começa por volta de 1570, nas regiões costeiras da Bahia e de
Pernambuco .(...) Entretanto, a ocupação holandesa, com os conflitos que
ocasiona, favorece o crescimento da cultura na Bahia, que se consolida como
primeira região produtora de fumo do Brasil-colônia.
Em 1674,
Portugal estabelece o Monopólio Real dos Tabacos e transforma a Bahia em região
produtora, exclusivamente voltada para o mercado externo. O fumo de qualidade é
exportado para Portugal e Europa, sendo a Espanha o principal comprador. O fumo
de refugo é enviado para a Costa da Mina, na África Ocidental, onde serve de moeda
para comprar escravos. (...).”
NARDI, Jean Baptiste. O
Fumo no Brasil Colônia. Tudo é História. Ed. Brasiliense.
Também
chamado de fumo, foi plantado, principalmente, no interior da Bahia (região do
Recôncavo) e em Pernambuco. Reunindo qualidades indiscutíveis, como facilidade
de plantio e alto valor comercial, esse produto, conhecido entre os nativos,
era muito consumido dentro e fora da colônia. Diferentemente da cana, era
cultivado em latifúndios (grandes fazendas) e também em pequenas e médias
propriedades, por uma mão de obra familiar, auxiliada por escravos.
CIVILIZAÇÃO DO COURO
“De couro era a porta da cabana,
o rude leito aplicado ao chão duro,
e mais tarde a cama para os partos;
de couro eram todas as cordas,
a borracha para carregar água,
a maca para guardar roupa.”
Capistrano de
Abreu
No
trecho acima, o historiador Capistrano de Abreu expressa a importância que a
pecuária teve na economia colonial. Capistrano está falando de uma verdadeira “civilização
do couro”, ou seja, de toda uma realidade social que se organizou em torno da
expansão pastoril. É uma realidade bem diferente daquela vivida na “civilização
do açúcar”.
Os
primeiros rebanhos chegaram
ao Brasil vindos das ilhas africanas de Cabo Verde, já em 1534, e foram para a
capitania de São Vicente. Os engenhos litorâneos precisavam deles de muitas
formas: como força de tração, para mover a moenda e puxar carroças e arados,
como fonte de alimentos (carne, leite, por exemplo), além de fornecer o couro.
Depois,
o governador Tomé de Sousa mandou trazer um novo carregamento, desta vez para Salvador.
Da capital da colônia o gado dispersou-se em direção a Pernambuco. Porém, como
a expansão dos rebanhos exigia mais espaço, e o litoral era destinado aos canaviais,
por determinação da coroa, o gado foi se deslocando para o sertão,
principalmente para o Maranhão e Piauí.
A
pecuária, dessa forma, cumpriu um duplo papel: complementar a economia
canavieira e iniciar a ocupação, conquista e povoamento do interior do Brasil.
O VAQUEIRO
“(...) É
importante lembrar que aqui surge a figura do vaqueiro, que se apresenta como
um elemento a mais, na pouco complexa sociedade colonial. Tratava-se de homens
livres, não proprietários de terras, que se encarregavam das boiadas, quase
sempre pelo sistema de "partilha", recebendo certo número de reses,
como pagamento pelo serviço prestado aos donos do rebanho – em geral, o acordo
era feito na base de um quarto do número total de cabeças, após cinco anos de
serviço; eram ajudados por dez ou doze outros homens, conhecidos por
"fábricas", que recebiam um pequeno salário anual. Esses homens,
rudes e duros, muitas vezes escravos fugidos das fazendas do litoral, foram os
verdadeiros conquistadores do sertão, abrindo caminhos, fundando povoações e
ocupando áreas antes totalmente livres da presença dos colonizadores (...).”
“A pecuária no Brasil”, In: www.historinet.com.br
REBANHOS DO
SUL
No sul
da colônia, os rebanhos eram destinados à produção do charque (carne salgada).
Havia também muitos rebanhos de equinos e muares (cavalos, mulas, asnos e
burros), indispensáveis para o transporte e como animais de tração.
A
pecuária sulina iniciou-se com manadas dispersas, que vagavam pelos campos em
estado selvagem, reproduzindo-se ao acaso. Era o que havia restado das criações
de gado dos índios e jesuítas das missões, expulsos pelos bandeirantes em
meados do século XVII.
Mais
tarde, em fins de século XVIII, devido às exigências da região das minas,
surgiram as estâncias, grandes propriedades formadas de pastos, que passaram a
fornecer carne para todas as parte da América portuguesa.
A EXPANSÃO
DA PECUÁRIA
Da sua introdução nos engenhos d o litoral nordestino,
o gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século e meio da
colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o Vale do Rio
São Francisco surgem como as principais regiões pecuaristas da
colônia, o que garantiu a ocupação de um grande território do interior
brasileiro.
Outra região que se voltaria também para a pecuária
seria o sul de Minas Gerais, já no século
XVIII. Ali, a criação de gado envolvia certa técnica superior, fazendas com
cercados, pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no manejo dos
rebanhos era utilizada a mão-de-obra escrava. O seu mercado era representado
pelas zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma diversificação da
produção: gado bovino, muares, suínos, caprinos e equinos.
Também os Campos Gerais, correspondendo
ao interior de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a
produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa região predominava
a mão de obra livre, constituída pelos tropeiros.
Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Grande do Sul,
no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária promoveu não apenas a
ocupação do território rio-grandense, mas, também, o seu povoamento. A atividade
criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre, havendo, contudo, o emprego
paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das missões. Voltada também para
o abastecimento da região das Gerais, a pecuária gaúcha desenvolveu a indústria
do charque e a criação de gado bovino, muares (mulas), equinos (cavalos) e
ovinos (ovelhas).
FIQUE ESPERTO:
Tropeirismo: A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa
referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil
colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de
gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente
São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao longo da colonização, observamos que a incursão
pelo interior do nosso território abriu caminho não apenas para o conhecimento
de novos espaços, mas também para a existência de várias plantas, frutas e
raízes que compunham a nossa vegetação. Nesse processo, o contato com as
populações indígenas também foi de suma importância para que os colonizadores
conhecessem as potencialidades curativas e culinárias das chamadas “drogas do
sertão”.
Antes que a nossa colonização se efetivasse, a
partir de 1530, toda a Europa tinha grande interesse nas especiarias vendidas
nas Índias. As ervas, frutos, raízes e sementes do mundo oriental serviam para
a preparação de remédios, a fabricação de manufaturas e o tempero da comida. No
século XV, o advento das grandes navegações – lideradas pelas nações ibéricas –
objetivava a conquista de uma rota que ligasse a Europa aos comerciantes
indianos, tamanho era o interesse por esses produtos.
Envolvidos em tal projeto, os portugueses acabaram
conquistando uma rota de chegada ao Oriente por meio da circunavegação da
África. Tal rota, apesar de cumprir o seu objetivo, acabou não sendo
economicamente viável por conta do grande tempo gasto na viagem e a
concorrência de outros povos que já comercializavam com os indianos. Dessa
forma, a possibilidade de se vender e consumir as especiarias em Portugal
acabou não sendo concretizada.
Nos séculos XVI e XVII, a exploração da região
amazônica acabou surgindo como uma solução para o papel econômico anteriormente
desempenhado pelas especiarias indianas. Afinal, esse espaço do território
colonial acabou se mostrando rico em frutas, sementes, raízes e outras plantas
que tinham finalidades medicinais e culinárias. Cacau, cravo, guaraná, urucum,
poaia e baunilha foram alguns dos produtos que ficaram conhecidos como as tais
“drogas do sertão”.
Na maioria das vezes, a extração das drogas do sertão
era feita pelas missões jesuítas que se localizavam no interior do território e
aproveitavam da mão de obra indígena disponível. Paralelamente, os
bandeirantes, em suas incursões pelo interior, também realizavam essa mesma
atividade com o objetivo de vender esses produtos na região litorânea. De modo
geral, a extração das drogas do sertão atendia demandas provenientes tanto do
mercando interno como do mercado externo.
Por Rainer Sousa - Equipe Brasil Escola.
RUMO AO
INTERIOR DA COLÔNIA
No século XVII, teve início a expansão territorial,
interiorizando a colonização lusa, em que se destacaram três figuras humanas: o
bandeirante,
organizando as expedições de apresamento indígena e de prospecção mineral; o vaqueiro,
ocupando as áreas de pastagens nordestinas e criando o gado, e, finalmente, o missionário,
principalmente o jesuíta, envolvido na catequese e na fundação das missões. O
restante do litoral brasileiro e o Sul da colônia foram marcados pela expansão
oficial, onde a ação das forças militares portuguesas afastou a ameaça estrangeira.
A
expansão da ocupação portuguesa, para além da divisão determinada em 1494 pelo Tratado
de Tordesilhas, foi feita aos poucos. Como já vimos, a União Ibérica permitiu
que portugueses e luso-brasileiros avançassem sobre terras espanholas. Esse movimento
de “conquista do sertão”, contudo, também foi resultado da combinação de outros
processos.
A
exploração e ocupação das áreas próximas ao rio Amazonas ocorreu, em grande parte,
devido às ações de invasores ingleses, holandeses e espanhóis que invadiam
espaços onde ainda não havia a presença da autoridade portuguesa. Mas foram
essa invasões que levaram a administração metropolitana a repelir esses
invasores.
FIQUE ESPERTO:
- No século XVII, teve
início a expansão territorial,
interiorizando a colonização lusa, em que se destacaram três figuras humanas:
1 - BANDEIRANTE: Organizando
as expedições de apresamento indígena e de prospecção mineral;
2 - VAQUEIRO: Ocupando as
áreas de pastagens nordestinas e criando o gado;
3 - MISSIONÁRIO: Principalmente
o jesuíta, envolvido na catequese e na fundação das missões.
ASIMILAÇÃO DE
CONHECIMENTOS INDÍGENAS:
- Técnicas de sobrevivência na mata;
Localização pela mata:
1 - Marcar caminho quebrando galhos e golpeando
troncos de árvores;
2 - Orientação pelos astros celestes.
- Identificar aproximação de animais como cobras,
onças, etc.;
- Localização de água potável;
- Utilização de armas indígenas (arco e flecha) nas
caçadas;
- Técnicas de construção de canoas com troncos de
árvores;
- Alimentação indígena; MILHO (base de preparo para
cuscuz, biscoitos e bolos).
REGIÃO SUDESTE E CENTRO-OESTE:
- Essas regiões foram
povoadas pela atuação dos bandeirantes, em busca de ouro e do apresamento dos
índios;
- Desenvolvimento das
cidades, construção de estradas, surgimento de vilas e a urbanização do Sudeste
brasileiro. (Entradas e Bandeiras).
A CONQUISTA DO
SERTÃO
No final do século XVI, toda a faixa litorânea acima
de Pernambuco permanecia intocada. Franceses, ingleses e holandeses frequentavam
a região, procurando sempre estabelecer alianças com os indígenas, criando as
condições para futuros projetos de colonização. Nesse passo, a intervenção
militar portuguesa acabou por assegurar os domínios dessas áreas, a partir de
uma série de conquistas.
PARAÍBA
Na região da atual Paraíba, ainda despovoada, os
franceses estabeleceram boas relações com os índios do litoral, com os quais
traficavam. Em 1584, a ação portuguesa para conquistar a região começou com Frutuoso Barbosa,
que, depois das primeiras derrotas, recebeu o apoio de uma esquadra espanhola,
comandada por Diogo Valdez. A fundação do Forte de São Felipe e São Tiago e da cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves,
hoje João Pessoa, garantiu a incorporação dessa região à colônia.
RIO GRANDE DO
NORTE
Um dos últimos redutos dos franceses, a conquista do
Rio Grande do Norte foi encetada a partir de Pernambuco com a participação de
Manuel de Mascarenhas Homem, Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque. Perseguidos
pelos portugueses e vitimados pela varíola, os franceses foram expulsos em
1597. Neste mesmo ano, foi fundado o Forte dos Reis Magos (atual Natal). que se tornou o núcleo
de ocupação da região.
CEARÁ
Em 1603, Pero Coelho de Souza tentou inutilmente
desalojar os franceses do litoral cearense, apoiados pelos indígenas. O
aprisionamento de tabajaras e potiguaras como escravos, na volta do
conquistador, provocou o aumento das hostilidades indígenas contra os
portugueses. A conquista do Ceará somente se realizaria em 1611, com a
expedição comandada por Martim Soares Moreno.
GRÃO PARÁ
A ocupação de um extenso território, junto à foz do
rio Amazonas, teve início com os ataques de Francisco Caldeira de Castelo
Branco contra franceses, ingleses e holandeses, presentes na região. Na
ocasião, deu-se a fundação do Forte do Presépio, em 1616,
origem da atual cidade de Belém. Posteriormente, o Grão-Pará passou a
constituir o Estado do Maranhão, criado em 1621.
AMAZONAS
No início do século XVII, era intensa a exploração
desenvolvida por holandeses e ingleses, que, valendo-se dos rios da bacia
Amazônica, adentravam o interior em busca das DROGAS DO SERTÃO: madeiras,
ovos de tartaruga, plantas medicinais e aromáticas, entre outras. Depois de
lutas contra os estrangeiros e os índios da região, Pedro Teixeira fixou os
primeiros marcos, garantindo a posse da Amazônia para Portugal. Na ocupação
desse território, foram fundamentais a ação das TROPAS
DE RESGATE, expedições que corriam a região fazendo a GUERRA
JUSTA contra os indígenas, e a atuação dos missionários,
especialmente dos carmelitas, criando missões e usando a mão de obra do índio
na coleta de drogas do sertão.
FIQUE ESPERTO:
- A primeira vez em que o sertão aportou no Brasil foi
na pena de Pero Vaz de Caminha, na carta escrita ao rei dom Manuel dando conta
de que as caravelas de Cabral tinham chegado a uma terra desconhecida;
- Na carta de Caminha o sertão começava onde terminava
a areia da praia. De lá para cá, o sertão pôs-se a caminhar, indo cada vez mais
para dentro da “nova” terra, cada vez mais longe do litoral, e também foi se
modificando;
- Entre esse século e o 18 o sertão passou por uma
grande transformação. Era a terra do gentio, de “completamente estranho”, ou a
terra “por desbravar”, ainda “por conquistar”;
- Até o início do século XVII, a região mais rica da
colônia era a faixa litorânea das capitanias de Pernambuco e Bahia sucedida
produção açucareira;
- Nesse movimento os criadores de gado alcançaram o
rio São Francisco, apelidado de "rio dos currais", e chegaram até o
interior dos atuais estados nordestinos. Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do
Norte e Paraíba foram ocupados pelas fazendas de gado.
A PRESENÇA PORTUGUESA NO SUL
Os portugueses sempre tiveram interesse na região Sul,
atraídos pela prata que
escoava pelos rios da bacia
Platina e pelo rico
comércio peruleiro (peruano). Desde cedo, portanto, alimentavam o sonho de
criar um estabelecimento na região.
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a Colônia do Santíssimo
Sacramento, à margem esquerda do estuário do Prata – atual
cidade uruguaia de Colônia, garantindo a presença portuguesa em uma área
importante dentro do império colonial espanhol e, ao mesmo tempo, abrindo
espaço para o contrabando inglês na bacia do Prata. A fundação de Sacramento
abriu um período de sucessivos conflitos e debates diplomáticos entre os dois
países, que se estenderam até o século XVIII.
A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está inserida
nesse processo. No caso do território gaúcho, os ataques às missões foram os
responsáveis pelo aparecimento de um rebanho de gado pelos campos sulinos que,
unido ao gado trazido da Europa, garantiram a sua ocupação durante o século
XVIII. Ainda neste século, foram introduzidas milhares de famílias de colonos açorianos no litoral do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina, possibilitando o aparecimento e a consolidação de importantes
núcleos de povoamento, como Laguna, Florianópolis e Porto dos Casais, atual
cidade de Porto Alegre.
FIQUE ESPERTO:
- A ocupação do sul do Brasil ganhou intensidades com
o início do movimento bandeirante, principalmente com a expulsão dos jesuítas
espanhóis das missões da religião;
- Com a pecuária gaúcha, desenvolveu-se também a
produção de charque, carne seca e salgada mais fácil de transportar, conservar
e utilizar. A pecuária tornou-se, assim, a base da economia da região sulista.
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