8º ANO_AULA 17 - BRASIL: A CONQUISTA DO SERTÃO

BRASIL: A CONQUISTA DO SERTÃO

NEM SÓ DE AÇUCAR VIVIA A COLÔNIA


CANA-DE-AÇÚCAR

- Foi a principal atividade econômica desenvolvida no Brasil colonial;

- SOLO e CLIMAFAVORECERAM;

- Desenvolvimento da PLANTATION;

- Solos férteis (MASSAPÊ) e solos arenosos (menor fertilidade);

- O gado era utilizado nos engenhos e deveria também alimentar essa população em expansão.

 

ALGODÃO

 

É um produto originário da América e os nativos já o utilizavam para tecer redes. No mercado interno, era usado para confeccionar tecidos para roupas de escravos. A partir do século XVIII, sua produção ganhou importância quando as regiões do Pará, Maranhão e Ceará se tornaram fornecedoras dessa matéria prima para as tecelagens inglesas. Essas, na época, eram as maiores produtoras de tecidos do mundo.

 

TABACO

 

“(...) O fumo de corda é um produto exclusivamente brasileiro. É o fumo que os índios fabricavam aqui e cuja técnica os colonos portugueses aperfeiçoaram, criando máquinas e apetrechos para preparar a corda, as bolas e os rolos. A cultura comercial do fumo no Brasil começa por volta de 1570, nas regiões costeiras da Bahia e de Pernambuco .(...) Entretanto, a ocupação holandesa, com os conflitos que ocasiona, favorece o crescimento da cultura na Bahia, que se consolida como primeira região produtora de fumo do Brasil-colônia.

Em 1674, Portugal estabelece o Monopólio Real dos Tabacos e transforma a Bahia em região produtora, exclusivamente voltada para o mercado externo. O fumo de qualidade é exportado para Portugal e Europa, sendo a Espanha o principal comprador. O fumo de refugo é enviado para a Costa da Mina, na África Ocidental, onde serve de moeda para comprar escravos. (...).”

NARDI, Jean Baptiste. O Fumo no Brasil Colônia. Tudo é História. Ed. Brasiliense.

 

Também chamado de fumo, foi plantado, principalmente, no interior da Bahia (região do Recôncavo) e em Pernambuco. Reunindo qualidades indiscutíveis, como facilidade de plantio e alto valor comercial, esse produto, conhecido entre os nativos, era muito consumido dentro e fora da colônia. Diferentemente da cana, era cultivado em latifúndios (grandes fazendas) e também em pequenas e médias propriedades, por uma mão de obra familiar, auxiliada por escravos.

                                               

                                               

CIVILIZAÇÃO DO COURO

 

De couro era a porta da cabana,

o rude leito aplicado ao chão duro,

e mais tarde a cama para os partos;

de couro eram todas as cordas,

a borracha para carregar água,

a maca para guardar roupa.”

Capistrano de Abreu

 

No trecho acima, o historiador Capistrano de Abreu expressa a importância que a pecuária teve na economia colonial. Capistrano está falando de uma verdadeira “civilização do couro”, ou seja, de toda uma realidade social que se organizou em torno da expansão pastoril. É uma realidade bem diferente daquela vivida na “civilização do açúcar”.

Os primeiros rebanhos chegaram ao Brasil vindos das ilhas africanas de Cabo Verde, já em 1534, e foram para a capitania de São Vicente. Os engenhos litorâneos precisavam deles de muitas formas: como força de tração, para mover a moenda e puxar carroças e arados, como fonte de alimentos (carne, leite, por exemplo), além de fornecer o couro.

Depois, o governador Tomé de Sousa mandou trazer um novo carregamento, desta vez para Salvador. Da capital da colônia o gado dispersou-se em direção a Pernambuco. Porém, como a expansão dos rebanhos exigia mais espaço, e o litoral era destinado aos canaviais, por determinação da coroa, o gado foi se deslocando para o sertão, principalmente para o Maranhão e Piauí.

A pecuária, dessa forma, cumpriu um duplo papel: complementar a economia canavieira e iniciar a ocupação, conquista e povoamento do interior do Brasil.

 

O VAQUEIRO

 

“(...) É importante lembrar que aqui surge a figura do vaqueiro, que se apresenta como um elemento a mais, na pouco complexa sociedade colonial. Tratava-se de homens livres, não proprietários de terras, que se encarregavam das boiadas, quase sempre pelo sistema de "partilha", recebendo certo número de reses, como pagamento pelo serviço prestado aos donos do rebanho – em geral, o acordo era feito na base de um quarto do número total de cabeças, após cinco anos de serviço; eram ajudados por dez ou doze outros homens, conhecidos por "fábricas", que recebiam um pequeno salário anual. Esses homens, rudes e duros, muitas vezes escravos fugidos das fazendas do litoral, foram os verdadeiros conquistadores do sertão, abrindo caminhos, fundando povoações e ocupando áreas antes totalmente livres da presença dos colonizadores (...).”

“A pecuária no Brasil”, In: www.historinet.com.br

 

REBANHOS DO SUL

 

No sul da colônia, os rebanhos eram destinados à produção do charque (carne salgada). Havia também muitos rebanhos de equinos e muares (cavalos, mulas, asnos e burros), indispensáveis para o transporte e como animais de tração.

A pecuária sulina iniciou-se com manadas dispersas, que vagavam pelos campos em estado selvagem, reproduzindo-se ao acaso. Era o que havia restado das criações de gado dos índios e jesuítas das missões, expulsos pelos bandeirantes em meados do século XVII.

Mais tarde, em fins de século XVIII, devido às exigências da região das minas, surgiram as estâncias, grandes propriedades formadas de pastos, que passaram a fornecer carne para todas as parte da América portuguesa.

 

A EXPANSÃO DA PECUÁRIA

 

Da sua introdução nos engenhos d o litoral nordestino, o gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século e meio da colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o Vale do Rio São Francisco surgem como as principais regiões pecuaristas da colônia, o que garantiu a ocupação de um grande território do interior brasileiro.

Outra região que se voltaria também para a pecuária seria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a criação de gado envolvia certa técnica superior, fazendas com cercados, pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no manejo dos rebanhos era utilizada a mão­-de-obra escrava. O seu mercado era representado pelas zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma diver­sificação da produção: gado bovino, muares, suínos, ca­prinos e equinos.

Também os Campos Gerais, correspondendo ao interior de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa região predominava a mão de obra livre, constituída pelos tropeiros.

Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Grande do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária promoveu não apenas a ocupação do território rio-grandense, mas, também, o seu povoamento. A ativi­dade criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre, havendo, contudo, o emprego paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das missões. Voltada também para o abastecimento da região das Gerais, a pecuária gaúcha desenvolveu a indústria do charque e a criação de gado bovino, muares (mulas), equinos (cavalos) e ovinos (ovelhas).

 

FIQUE ESPERTO:

Tropeirismo: A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro.

Ao longo da colonização, observamos que a incursão pelo interior do nosso território abriu caminho não apenas para o conhecimento de novos espaços, mas também para a existência de várias plantas, frutas e raízes que compunham a nossa vegetação. Nesse processo, o contato com as populações indígenas também foi de suma importância para que os colonizadores conhecessem as potencialidades curativas e culinárias das chamadas “drogas do sertão”.

 Antes que a nossa colonização se efetivasse, a partir de 1530, toda a Europa tinha grande interesse nas especiarias vendidas nas Índias. As ervas, frutos, raízes e sementes do mundo oriental serviam para a preparação de remédios, a fabricação de manufaturas e o tempero da comida. No século XV, o advento das grandes navegações – lideradas pelas nações ibéricas – objetivava a conquista de uma rota que ligasse a Europa aos comerciantes indianos, tamanho era o interesse por esses produtos.

Envolvidos em tal projeto, os portugueses acabaram conquistando uma rota de chegada ao Oriente por meio da circunavegação da África. Tal rota, apesar de cumprir o seu objetivo, acabou não sendo economicamente viável por conta do grande tempo gasto na viagem e a concorrência de outros povos que já comercializavam com os indianos. Dessa forma, a possibilidade de se vender e consumir as especiarias em Portugal acabou não sendo concretizada.

Nos séculos XVI e XVII, a exploração da região amazônica acabou surgindo como uma solução para o papel econômico anteriormente desempenhado pelas especiarias indianas. Afinal, esse espaço do território colonial acabou se mostrando rico em frutas, sementes, raízes e outras plantas que tinham finalidades medicinais e culinárias. Cacau, cravo, guaraná, urucum, poaia e baunilha foram alguns dos produtos que ficaram conhecidos como as tais “drogas do sertão”.

Na maioria das vezes, a extração das drogas do sertão era feita pelas missões jesuítas que se localizavam no interior do território e aproveitavam da mão de obra indígena disponível. Paralelamente, os bandeirantes, em suas incursões pelo interior, também realizavam essa mesma atividade com o objetivo de vender esses produtos na região litorânea. De modo geral, a extração das drogas do sertão atendia demandas provenientes tanto do mercando interno como do mercado externo.

 

Por Rainer Sousa - Equipe Brasil Escola.

 

RUMO AO INTERIOR DA COLÔNIA

No século XVII, teve início a expansão territorial, interiorizando a colonização lusa, em que se destacaram três figuras humanas: o bandeirante, organizando as ex­pedições de apresamento indígena e de prospecção mine­ral; o vaqueiro, ocupando as áreas de pastagens nordes­tinas e criando o gado, e, finalmente, o missionário, prin­cipalmente o jesuíta, envolvido na catequese e na funda­ção das missões. O restante do litoral brasileiro e o Sul da colônia fo­ram marcados pela expansão oficial, onde a ação das for­ças militares portuguesas afastou a ameaça estrangeira.

A expansão da ocupação portuguesa, para além da divisão determinada em 1494 pelo Tratado de Tordesilhas, foi feita aos poucos. Como já vimos, a União Ibérica permitiu que portugueses e luso-brasileiros avançassem sobre terras espanholas. Esse movimento de “conquista do sertão”, contudo, também foi resultado da combinação de outros processos.

A exploração e ocupação das áreas próximas ao rio Amazonas ocorreu, em grande parte, devido às ações de invasores ingleses, holandeses e espanhóis que invadiam espaços onde ainda não havia a presença da autoridade portuguesa. Mas foram essa invasões que levaram a administração metropolitana a repelir esses invasores.

 

FIQUE ESPERTO:

- No século XVII, teve início a expansão territorial, interiorizando a colonização lusa, em que se destacaram três figuras humanas:

1 - BANDEIRANTE: Organizando as ex­pedições de apresamento indígena e de prospecção mine­ral;

2 - VAQUEIRO: Ocupando as áreas de pastagens nordes­tinas e criando o gado;

3 - MISSIONÁRIO: Prin­cipalmente o jesuíta, envolvido na catequese e na funda­ção das missões.

 

ASIMILAÇÃO DE CONHECIMENTOS INDÍGENAS:

- Técnicas de sobrevivência na mata;

Localização pela mata:

1 - Marcar caminho quebrando galhos e golpeando troncos de árvores;

2 - Orientação pelos astros celestes.

- Identificar aproximação de animais como cobras, onças, etc.;

- Localização de água potável;

- Utilização de armas indígenas (arco e flecha) nas caçadas;

- Técnicas de construção de canoas com troncos de árvores;

- Alimentação indígena; MILHO (base de preparo para cuscuz, biscoitos e bolos).

 

REGIÃO SUDESTE E CENTRO-OESTE:

- Essas regiões foram povoadas pela atuação dos bandeirantes, em busca de ouro e do apresamento dos índios;

- Desenvolvimento das cidades, construção de estradas, surgimento de vilas e a urbanização do Sudeste brasileiro. (Entradas e Bandeiras).

 

 

A CONQUISTA DO SERTÃO

 

No final do século XVI, toda a faixa litorânea acima de Pernambuco permanecia intocada. Franceses, ingleses e holandeses frequentavam a região, procurando sempre estabelecer alianças com os indígenas, criando as con­dições para futuros projetos de colonização. Nesse passo, a intervenção militar portuguesa acabou por assegurar os domínios dessas áreas, a partir de uma série de conquistas.

 

PARAÍBA

 

Na região da atual Paraíba, ainda despo­voada, os franceses estabeleceram boas relações com os índios do litoral, com os quais traficavam. Em 1584, a ação portuguesa para conquistar a re­gião começou com Frutuoso Barbosa, que, depois das primeiras derrotas, recebeu o apoio de uma esquadra espanhola, comandada por Diogo Valdez. A fundação do Forte de São Felipe e São Tiago e da cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, garantiu a incorporação dessa região à colônia.

 

RIO GRANDE DO NORTE

 

Um dos últimos redutos dos franceses, a conquista do Rio Grande do Norte foi encetada a partir de Pernambuco com a participação de Manuel de Mascarenhas Homem, Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque. Perseguidos pelos portugueses e vitimados pela varíola, os fran­ceses foram expulsos em 1597. Neste mesmo ano, foi fundado o Forte dos Reis Magos (atual Natal). que se tornou o núcleo de ocupação da região.

 

CEARÁ

 

Em 1603, Pero Coelho de Souza tentou inutilmente desalojar os franceses do litoral cea­rense, apoiados pelos indígenas. O aprisionamento de tabajaras e potiguaras como escravos, na volta do conquistador, provocou o aumento das hostili­dades indígenas contra os portugueses. A conquista do Ceará somente se realizaria em 1611, com a expedição comandada por Martim Soares Moreno.

 

GRÃO PARÁ

 

A ocupação de um extenso território, junto à foz do rio Amazonas, teve início com os ataques de Francisco Caldeira de Castelo Branco contra franceses, ingleses e holandeses, presentes na região. Na ocasião, deu-se a fundação do Forte do Presépio, em 1616, origem da atual cidade de Belém. Posteriormente, o Grão-Pará passou a constituir o Estado do Maranhão, criado em 1621.

 

AMAZONAS

 

No início do século XVII, era intensa a exploração desenvolvida por holandeses e ingleses, que, valendo-se dos rios da bacia Amazônica, adentravam o interior em busca das DROGAS DO SERTÃO: madeiras, ovos de tartaruga, plantas me­dicinais e aromáticas, entre outras. Depois de lutas contra os estrangeiros e os índios da região, Pedro Teixeira fixou os primeiros marcos, garantindo a posse da Amazônia para Portugal. Na ocupação desse território, foram fundamentais a ação das TROPAS DE RESGATE, expedições que corriam a região fazendo a GUERRA JUSTA contra os indígenas, e a atuação dos missionários, especialmente dos car­melitas, criando missões e usando a mão de obra do índio na coleta de drogas do sertão.

 

FIQUE ESPERTO:

- A primeira vez em que o sertão aportou no Brasil foi na pena de Pero Vaz de Caminha, na carta escrita ao rei dom Manuel dando conta de que as caravelas de Cabral tinham chegado a uma terra desconhecida;

- Na carta de Caminha o sertão começava onde terminava a areia da praia. De lá para cá, o sertão pôs-se a caminhar, indo cada vez mais para dentro da “nova” terra, cada vez mais longe do litoral, e também foi se modificando;

- Entre esse século e o 18 o sertão passou por uma grande transformação. Era a terra do gentio, de “completamente estranho”, ou a terra “por desbravar”, ainda “por conquistar”;

- Até o início do século XVII, a região mais rica da colônia era a faixa litorânea das capitanias de Pernambuco e Bahia sucedida produção açucareira;

- Nesse movimento os criadores de gado alcançaram o rio São Francisco, apelidado de "rio dos currais", e chegaram até o interior dos atuais estados nordestinos. Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba foram ocupados pelas fazendas de gado.

 

 

A PRESENÇA PORTUGUESA NO SUL

 

Os portugueses sempre tiveram interesse na região Sul, atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia Platina e pelo rico comércio peruleiro (peruano). Desde cedo, portanto, alimentavam o sonho de criar um esta­belecimento na região.

Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquerda do estuário do Prata – atual cidade uruguaia de Colônia, garantindo a presença portuguesa em uma área importante dentro do império colonial espanhol e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para o contrabando inglês na bacia do Prata. A fundação de Sacramento abriu um período de sucessivos conflitos e debates diplomáticos entre os dois países, que se estenderam até o século XVIII.

A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está inserida nesse processo. No caso do território gaúcho, os ataques às missões foram os responsáveis pelo apare­cimento de um rebanho de gado pelos campos sulinos que, unido ao gado trazido da Europa, garantiram a sua ocupação durante o século XVIII. Ainda neste século, foram introduzidas milhares de famílias de colonos açorianos no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, possibilitando o aparecimento e a consolidação de importantes núcleos de povoamento, como Laguna, Florianópolis e Porto dos Casais, atual cidade de Porto Alegre.

 

FIQUE ESPERTO:

- A ocupação do sul do Brasil ganhou intensidades com o início do movimento bandeirante, principalmente com a expulsão dos jesuítas espanhóis das missões da religião;

- Com a pecuária gaúcha, desenvolveu-se também a produção de charque, carne seca e salgada mais fácil de transportar, conservar e utilizar. A pecuária tornou-se, assim, a base da economia da região sulista.

















































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