TRABALHO, COTIDIANO E
QUALIDADE DE VIDA NAS PRIMEIRAS CIDADES INDUSTRIAIS INGLESAS (1760-1850).
PASSAGEM DA MANUFATURA PARA A MAQUINOFATURA
No artesanato, as tarefas eram feitas
geralmente pela mesma pessoa. O artesão era o dono da matéria prima e das
ferramentas e conhecia todas as fases da produção. A oficina ficava num cômodo
de sua casa.
A partir do século XV, os homens de
negócios passaram a reunir trabalhadores em grandes galpões, fornecendo a eles
a matéria-prima necessária e remunerando seu serviço. Nela, a oficina e as
ferramentas pertencem a esses homens de negócios e ocorre a divisão do
trabalho. Essa forma de produção é chamada de manufatura ou manufatureira.
Com a criação de máquinas industriais,
ocorreram mudanças profundas, pois cada uma dessas máquinas substitui diversas
ferramentas e realiza o trabalho de várias pessoas, que foram deixando de
trabalhar em casa, ou em oficinas, e passaram a trabalhar em fábricas, para um
patrão em troca de salário. Essa nova forma de produção recebeu o nome de
maquinofatura.
FATORES:
1
- Acumulação Mercantilista;
2
- Liberalismo Político (Revolução Gloriosa – 1688/89);
3
- Ética Protestante;
4
- Colônias (Mercado Consumidor e Fornecedor: Algodão);
5
- Presença de Ferro e Carvão;
6
- Presença de Bancos e Cidades;
7
- Mão de obra: Êxodo Rural (Cercamentos – Enclosures).
CONSEQÜÊNCIAS:
-
Consolidação do processo de transição entre o Feudalismo e o Capitalismo;
-
Burguesia (empresários industriais) X Proletariado (operários urbanos);
-
Exploração do trabalhador (baixos salários, alta jornada de trabalho);
-
Indústrias com instalações precárias;
-
Evolução do Capitalismo (Capitalismo Comercial >>> Industrial);
INGLATERRA: POLÍTICA DE CERCAMENTOS DE
TERRAS
Cercamentos são o processo de exclusão dos trabalhadores
de seu meio de sustento, as terras produtivas, na transição do Feudalismo
para o Capitalismo, mediante sua transformação em propriedade.
LEI DE CERCAMENTOS DE TERRAS
Medida implementada pela Inglaterra no
século XVII, que consistiu na expulsão de camponeses do campo e beneficiou os
ricos proprietários de terras, que se apossaram das terras e criaram a sua
propriedade privada no campo. Os camponeses foram obrigados a irem para as
cidades, buscando empregos com baixos salários nas manufaturas e nas pequenas
fábricas que iam surgindo. Dessa forma, os industriais e os comerciantes
enriqueceram rapidamente.
DEPOIS DA POLÍTICA DE CERCAMENTOS
A consolidação das grandes propriedades,
com a expulsão de um grande número de
camponeses, deu-se origem à massa de "homens livres", no sentido de
estarem desprovidos de qualquer propriedade e desligados da autoridade de um
senhor; prontos, portanto, a se tornarem mão de obra industrial.
ETAPAS DO PROCESSO
DE INDUSTRIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
ARTESANATO
Foi a forma de produção característica da
Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo
representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor
(artesão), possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das
ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas
as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento
final; ou seja, não havia divisão do trabalho ou especialização.
FIQUE ESPERTO:
- Produção
independente, onde o produtor possuía os meios de produção: instalações,
ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão
realizava todas as etapas da produção;
-
Não havia divisão do trabalho ou especialização;
-
A produção artesanal estava sob controle das CORPORAÇÕES DE OFÍCIO. O comércio também se encontrava sob controle
das mesmas, limitando o desenvolvimento da produção;
- As CORPORAÇÕES
DE OFÍCIO eram associações que organizavam a produção e a distribuição de
determinados produtos, reunindo profissionais do mesmo ramo, como por exemplo
os sapateiros, ferreiros, alfaiates, etc. A grande finalidade das corporações
era evitar a concorrência entre os artesãos, tanto locais como de outras
cidades, e adequar a produção ao consumo local. As corporações fixavam o preço
do produto, controlavam a qualidade das mercadorias, a quantidade de matérias
primas e fixavam os salários dos trabalhadores.
MANUFATURA
Foi a forma de produção que predominou ao
longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o
desenvolvimento do comércio marítimo. Nesse momento, já ocorre um aumento na
produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada
trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. Outra
característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo,
passando a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez
que controlava os principais mercados consumidores.
FIQUE ESPERTO:
- As primeiras unidades
de produção capitalista, antecessoras das fábricas modernas, constituíam-se de
trabalhadores em um mesmo local, recebendo salários pagos pelos mercadores,
burgueses, que viam a produção artesanal como uma atividade lucrativa.
A MAQUINOFATURA OU SISTEMA FABRIL
A
maquinofatura (ou produção com máquinas) surgiu quando foram inventadas
máquinas mais complexas, movidas principalmente pela energia mecânica
produzida, inicialmente, a partir da queima de carvão (máquina a vapor) e mais
tarde, pela queima de outros combustíveis e pela eletricidade. O local da
produção é a fábrica. O proprietário da fábrica contrata os trabalhadores em
troca de um salário. A matéria-prima, os instrumentos de trabalho e o produto
final pertencem ao proprietário da fábrica que vende a produção e fica com o
lucro.
FI
QUE ESPERTO:
-
A extração de lã de carneiro era uma das atividades que mais empregavam
trabalhadores;
-
O algodão começou a ganhar destaque na
Inglaterra e era usado nas peças de
vestuário;
-
Com o crescimento do mercado, foi necessário o uso da tecnologia para aumentar
a produtividade;
-
A ampliação do consumo levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a
dedicar-se à produção industrial;
-
Com o aumento da produtividade do trabalho devido à divisão social da produção,
cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um único produto;
-
Surgimento das primeiras FÁBRICAS,
com trabalhadores assalariados, que não tinham controle sobre o produto de seu
trabalho, pois cada um deles só realizava uma etapa da produção;
-
A disciplina nas fábricas é rigorosa e quase nunca ofereciam a menor segurança;
-
As mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora e não possuíam
tratamento diferenciado, assim como as crianças também não;
-
Eram ambientes com péssima Iluminação, abafados e sujos;
-
Em algumas fábricas, a jornada de trabalho ultrapassava 15 horas, os descansos
e férias não eram cumpridos.
“De forma pela qual a fabricação de
alfinetes é hoje executada, um operário desenrola o arame, outro o endireita,
um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para
a colocação da cabeça do alfinete e assim por diante.”
Adaptado de:
SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultural/Círculo do
Livro, 1996, p 65-6.
Na maquinofatura (ou “maquinismo”), o
trabalhador passou a estar submetido ao regime de funcionamento da máquina e à
gerência direta do empresário.
UMA PRODUÇÃO EM SÉRIE
Dentro
das fábricas, cresceu rapidamente a divisão do trabalho, levando à “produção em
série”. Para maximizar o desempenho dos operários, as fábricas subdividiram a
produção em várias operações, cada trabalhador executando uma única parte do
processo, sempre da mesma maneira.
O
aparecimento da máquina não só revolucionou o sistema de produção, como
transformou os donos de forjas, de fiações e de tecelagens numa forte burguesia
industrial.
A
mecanização da produção:
-
Criou o proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças,
submetidos a um trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas;
-
Surgiam, como figuras dominantes da vida econômica (produção), o capital
industrial e o trabalho assalariado;
-
A Revolução Industrial encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a
fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital
mercantil.
OS HOMENS E AS MÁQUINAS
Em
1801, na França, durante a revolução industrial, Joseph Marie Jacquard
(1752-1834) inventou um tear mecânico controlado por grandes cartões
perfurados. Sua máquina era capaz de produzir tecidos com desenhos bonitos e
intrincados. Tamanho foi o sucesso que Jacquard quase foi morto quando levou o
tear para a cidade de Lyon: as pessoas tinham medo de que o tear fizesse com
que eles perdessem o emprego. Em 7 anos, já havia 11 mil teares desse tipo
operando na França.
JAMES WATT (1736-1819) E A MÁQUINA A VAPOR
A
máquina a vapor foi inventada por Thomas Newcomen. Ela tinha um baixo
rendimento e consumia muito carvão. James Watt procurou reduzir as perdas de
energia da máquina e assim multiplicar sua utilização. Em 1768, ele registrou
os primeiros aperfeiçoamentos que fizeram dele, de fato, o inventor de uma
máquina a vapor digna deste nome. Em 1786, dispunha de um aparelho que podia
ser adaptado não somente a uma bomba como também a um moinho, a uma tecedeira
etc.
James
Watt, que era um simples técnico, teve a oportunidade de associar-se ao
industrial Boulton que o encorajou e o apoiou durante esses duros anos de luta.
O nome de Watt foi dado à unidade de medida da força necessária a uma máquina
para efetuar um determinado trabalho num segundo. Vulgarmente empregado em
eletricidade, o watt é usado nas lâmpadas elétricas, cuja potência define com
precisão.
(GABALDA, J e BEAULIEU, R. Naquele dia aconteceu.
Lisboa, Bertrand, 1981, p.16).
FIQUE ESPERTO:
As Máquinas:
-
O primeiro ramo industrial a utilizar
máquinas foi a área da fiação e tecelagem de algodão;
-
O algodão era relativamente barato, vinha dos Estados Unidos e do Oriente.
Desenvolvimento Tecnológico:
-
Transportes e máquinas;
-
Substituição do homem pela máquina, gerando milhares de desempregados;
-
Queda nos preços das mercadorias, o que acelerou o ritmo de produção;
-
Os tecidos de algodão vinham sendo cada vez mais procurados. Havia uma grande
aceitação desse produto nas colônias;
-
Não havia leis que impedissem o progresso
dessa área industrial.
AS FÁBRICAS
“Toda manhã, às
cinco horas, o diretor deve tocar o sino para o início do trabalho, às oito
horas para o café da manhã, depois de meia hora para o retorno ao trabalho, ao
meio dia toca o sino para o almoço e às oito para o fim do expediente, quando
tudo deve ser trancado.”
Adaptado
de: Livro das Leis da Siderúrgica Crowley. Em: Thompson, E. P. Costumes em
comum: Estudos sobre a cultura popular tradicional. SP: Cia das Letras, 1998.
"(...) Na
realidade não havia horas regulares: os mestres e gerentes faziam conosco o que
desejavam. Os relógios das fábricas eram constantemente adiantados de manhã e
atrasados à noite; em vez de serem instruídos para medir o tempo, eram usados
como disfarce para cobrir o engano e a opressão. Embora isso fosse do
conhecimento dos trabalhadores, todos tinham medo de falar e o trabalhador
tinha medo de usar o relógio, pois não era incomum despedirem aqueles que
ousavam saber demais a ciência das horas".
Adaptado de: Capítulos na vida de um garoto.
A
Revolução Industrial foi um marco para a desvalorização do trabalho manual e de
seus trabalhadores, pois muitos foram substituídos pelas máquinas. Os que
trabalhavam nas fábricas só participavam de determinada fase da produção.
O
trabalho se tornava algo contínuo, repetitivo e mecanizado. Por exemplo, se a
função era bater um prego em determinado local do produto, era só isso que se
fazia o dia inteiro, na mesma velocidade e ritmo. Muitos não sabiam nem qual
era o produto final e essa função, muitas vezes, não correspondia ao valor do
que ele era capaz de produzir.
As
fábricas não eram ambientes adequados de trabalho. Tinham péssimas condições de
iluminação e ventilação. Não havia medidas nem equipamentos de segurança para
os operários. Muitos se acidentavam, outros contraíam graves doenças. A média
de vida dos trabalhadores era muito baixa, se comparada a de hoje. A jornada de
trabalho chegava a ser de 16 horas por dia, sem direito a descansos e férias.
Os
salários eram baixos e a disciplina era rigorosa, para manter o ritmo da
produção. Os trabalhadores não tinham direitos e nem o amparo social. Mulheres
e crianças trabalhavam da mesma maneira que os homens, nas mesmas condições,
mas o salário era bem menor. Portanto, era muito mais lucrativo contratá-los. E
pelos baixos salários oferecidos, era fundamental que todos os integrantes de
uma família trabalhassem, para garantir a sobrevivência de todos.
A DIVISÃO DO TRABALHO NAS FÁBRICAS
O
desenvolvimento das máquinas foi importante para o surgimento e crescimento da
Revolução Industrial. A divisão do trabalho também foi fundamental para o
crescimento da produção nas fábricas.
Com
a divisão do trabalho, cada operário recebe uma tarefa diferente, o que promove
um aumento da produção. Se uma pessoa realizar sozinha as cinco fases na
fabricação de um produto, produzirá apenas uma unidade por dia. Dividindo as
tarefas, cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das fases, poderão
produzir 10 unidades ao mesmo tempo.
No
quadro abaixo, é possível observar a diferença entre produção (ato ou efeito de
produzir) e produtividade (capacidade de produzir, rendimento de uma atividade
econômica). Com a especialização nas fábricas, a produção num dia de trabalho é
muito maior.
FIQUE ESPERTO:
-
As fábricas impunham uma disciplina de trabalho mais rígida do que a existente
nas oficinas manufatureiras. O operário foi obrigado a ser assíduo e ajustado
às novas necessidades da produção fabril, com ponto diário de entrada e de
saída e descontos nos salários em caso de faltas ou desatenção. As extensas
jornadas de trabalho se estendiam por 12 a 16 horas diárias, sem feriados ou
férias, não se respeitando nem mesmo os domingos. Acidentes ocorriam com
frequência, devido aos curtos períodos de descanso.
A VIDA FORA DAS FÁBRICAS
A casa dos
operários resumia-se geralmente a um cômodo só, que servia para tudo: lavar
roupas, dormir, cozinhar, fazer refeições, brincar, etc. O banheiro ficava do
lado de fora e era utilizado por diversas famílias
Nos
bairros operários, as ruas não eram calçadas e os esgotos corriam a céu aberto.
O fato de a água não ser tratada facilitava a ocorrência de doenças epidêmicas,
como o cólera, que matou milhares de pessoas na época. Ainda assim, a vida na
cidade era melhor do que no campo.
Já os
donos das fábricas tinham condições muito melhores que as de seus operários.
Enriquecidos no processo de industrialização, eles levavam uma vida de luxo e
conforto.
A CLASSE OPERÁRIA
É
dentro das fábricas que surge a nova classe social, a classe operária,
submetida, nesta fase inicial, a esgotantes jornadas de trabalho (que variavam
de 12 a 16 horas diárias) e sem descanso semanal. Sem instalações apropriadas e
nenhuma segurança, as fábricas ofereciam risco de danos à saúde e à integridade
física dos operários. As mortes e doenças contraídas nas fábricas
-
A jornada de trabalho era em torno de 14 a 18 horas diárias, com duas pausas
controladas rigorosamente;
Os
horários eram impostos por meio de multas e ameaças;
-
As crianças (a partir de 6 anos) eram surradas por qualquer brincadeira, atraso
ou caso errassem a forma de executar uma tarefa;
-
As mulheres e crianças recebiam menos da metade do salário de um homem, por
isso eram a mão de obra preferida dos patrões.
LEIS
TRABALHISTAS?
-
Não havia, na Inglaterra, leis trabalhistas;
-
Não havia direitos sociais (descanso remunerado, férias, aposentadoria, licença
maternidade e paternidade, licença para tratamento de saúde);
-
Não havia seguro-desemprego;
-
Não havia 13º salário;
-
Não havia seguro acidente;
-
Não havia direito de greve;
-
Não havia hora extra com adicional;
-
Não havia FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;
FIQUE
ESPERTO:
Questão social:
-
Em meio a desarticulação das corporações, os antigos mestres e aprendizes são
alienados do controle dos meios e instrumentos de produção (o ritmo passou a
ser determinado pelas máquinas), tornando-se força de trabalho assalariada a
ser explorada pelo patrão-burguês. O aumento da produtividade, a acelerada urbanização
e o crescimento demográfico radicalizam os problemas enfrentados pelo
proletariado.
A
exploração dos trabalhadores:
- Visando obter
os maiores lucros possíveis, os patrões pagavam míseros salários por uma
jornada estafante de trabalho (mais de quinze horas diárias);
- Os operários das primeiras fábricas
trabalhavam em condições insalubres, com longas jornadas de trabalho, salários
baixos e condições de vida precárias;
Para baratear os custos de produção, os
burgueses também utilizavam o trabalho infantil e o feminino;
- Os operários perderam o controle sobre o
processo de produção e os frutos do seu trabalho;
- Não havia nenhum sistema social de
proteção aos trabalhadores.
O TRABALHO
INFANTIL
As crianças submetiam-se ao trabalho com
maior facilidade e eram selecionadas entre as crianças amparadas pelas paróquias. Estas faziam
contratos com o fabricante que se comprometia a alimentar e educar os meninos e
meninas cedidos para o trabalho. Na realidade, os "aprendizes" de
paróquias ficavam confinados nas fábricas, isolados da sociedade e ao arbítrio
dos patrões. Nos relatos sobre o emprego de crianças nos primeiros anos da
Revolução Industrial, não foram raras as denúncias sobre torturas e maus tratos
dispensados a elas.
A REAÇÃO DOS
OPERÁRIOS
Além
dos protestos e revoltas dos trabalhadores, vários pensadores denunciaram as
condições de trabalho impostas aos operários. Leia o que Marx e Engels
escreveram a respeito do trabalho nas fábricas modernas:
“A indústria moderna transformou a pequena oficina do
antigo patrão patriarcal na grande fábrica do burguês capitalista. Massas de
operários, amontoados na fábrica, são organizados militarmente. São como
soldados industriais, estão sob a vigilância de uma hierarquia completa de
oficiais e suboficiais. Não são somente escravos da classe burguesa, do Estado
burguês, mas ainda diariamente, a toda hora, escravos da máquina, do
contramestre e, sobretudo, do dono da fábrica. Quanto mais esse despotismo
proclama abertamente o lucro como seu fim único, tanto mais é mesquinho, odioso
e exasperador.”
(MARX, K. e ENGELS, F.).
As
condições de trabalho contribuíam para o sentimento de revolta:
-
Salários baixos;
-
Jornadas de trabalho extensas;
-
Lei da oferta e da procura;
-
Trabalho de menores (de seis, oito, dez anos) e o da mulher;
-
Meio ambiente do trabalho invariavelmente insalubre.
Embora o movimento da classe operária tenha se concentrado,
inicialmente, no plano secreto, à margem da lei que o perseguia, a reação veio
de forma atuante. Era comum ver protestos de trabalhadores, pois não restava a
eles outra defesa, movimentos grevistas, sabotagem e boicote, além de alguns
convênios coletivos e as primeiras associações.
FIQUE ESPERTO:
Realidade
social no século XVIII
-
A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário;
-
Havia frequentes paradas da produção, provocando desemprego;
-
Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de
vida. Uns se entregavam ao alcoolismo;
-
Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster
(1769) e em Lancashire (1779);
-
Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as
empresas;
-
As fábricas pareciam prisões e o serviço era árduo, daí a dificuldade inicial
em se encontrar trabalhadores em número suficiente;
-
Os industriais passaram a empregar mulheres e crianças, cujo salário era menor,
em larga escala;
-
As crianças, por sua maior flexibilidade e menor porte, eram usadas para puxar
as vagonetes nos túneis das minas ou para consertar fios quebrados atrás das
máquinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário