9ºANO_AULA 12 - REVOLUÇÃO FEDERALISTA E A GREVE GERAL DE 1917


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A Revolução Federalista foi um conflito de caráter político, ocorrido no Rio Grande do Sul entre os anos de 1893 e 1895, que desencadeou uma revolta armada. A revolta atingiu também o Paraná e Santa Catarina.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO FEDERALISTA

-     Insatisfação dos federalistas com o domínio político de Júlio de Castilhos (presidente do RS) do Partido Republicano Rio- grandense.
-       Disputa política entre dois grupos políticos gaúchos: Os chimangos (pica-paus) eram defensores do governo de Júlio de
Castilhos, da centralização  política,  do  presidencialismo,  do  positivismo  e  do  governo  federal.    os  maragatos  (federalistas) queriam tirar Júlio de Castilhos do poder do RS, implantar um sistema descentralizado, baseado no  parlamentarismo.  Os federalistas eram também contrários à política implantada pelo governo federal após a Proclamação da República e exigiam uma revisão da constituição.




INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E FIM DA REVOLTA

Em fevereiro de 1893, os federalistas pegaram em armas para derrubar o governo de Júlio de Castilhos. Floriano Peixoto, presidente do Brasil, se colocou ao lado do governo gaúcho. O conflito acabou tomando âmbito nacional, pois os opositores de Floriano passaram a defender o movimento federalista no RS.
Os federalistas tiveram algumas vitórias no começo do movimento. Sob a liderança de Gumercindo Saraiva, os federalistas avançaram sobre Santa Catarina.
Em janeiro de 1894, os federalistas se uniram aos participantes da Revolta da Armada. Entraram no estado do Paraná e tomaram a cidade de Curitiba.
No final de 1894, o movimento federalista perdeu força. Na batalha da Lapa, no Paraná, as forças federais de Floriano Peixoto venceram os revoltosos. Com a chegada de tropas paulistas, os federalistas tiveram que recuar.
A paz foi assinada em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas, e selou a derrota dos federalistas.

CONCLUSÃO

A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, nos mostra que a Proclamação da República e seu sistema político não foram aceitos de forma unânime no Brasil. Alguns grupos políticos contestaram, inclusive de forma armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização de poder e a presença das oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode ser compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano, recém-instalado no país após o 15 de novembro de 1889.


DOCUMENTÁRIO - A GREVE QUE PAROU SÃO PAULO EM 1917 (RETIRADO DO CANAL VOZ DA CONSCIÊNCIA - NÃO DEIXEM DE ACESSAR)


98 anos aconteceu um dos mais importantes fatos para os trabalhadores brasileiros, a Greve Geral de 1917. O movimento operário mostrou como suas organizações (Sindicatos e Federações) podiam lutar e defender seus direitos de forma descentralizada e livre, mas de forte impacto na sociedade. Esta greve mostrou não só a capacidade de organização dos trabalhadores, mas também que uma greve geral era possível.
Greves operárias foi como ficou conhecido no Brasil o movimento de operários no início do século XX na luta por melhores condições de trabalho, melhores salários, garantias trabalhistas.
Com o crescimento industrial e urbano, surgiram bairros operários em várias cidades brasileiras. Formados em sua maioria por imigrantes estrangeiros, a vida nesses bairros era bastante precária, refletindo os baixos salários dos operários, a jornada de trabalho estafante, a absoluta falta de garantias de leis trabalhistas, como descanso semanal, férias e aposentadoria.
Os problemas eram muitos. Nas fábricas, por exemplo, ocorria o emprego maciço de mão de obra infantil, mais barata que a adulta. Muitas crianças empregadas acabavam com membro mutilados pelas máquinas e, assim como os demais trabalhadores, não tinham direito a tratamento médico, seguro por acidentes de trabalho, etc.
Nesse contexto, surgiram as primeiras manifestações sob influência das ideias socialistas e anarquistas, que moviam as lutas operárias internacionais. Tanto no Brasil como em outros países, lutava-se tanto por resultados imediatos (a conquista de melhores condições de trabalhos e salários, por exemplo) como por objetivos mais amplos, dentre eles a derrubada do sistema capitalista e implantação de uma sociedade mais igualitária.
A organização dos trabalhadores resultou na fundação de associações sindicais e de jornais operários, tornando o movimento mais forte para enfrentar as inúmeras dificuldades. Seguindo o exemplo dos trabalhadores de outros países, surgiram manifestações e greves em vários estados, destacadamente em São Paulo, onde se concentrava o maior número de indústrias.
Em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava a jornada de oito horas diárias de trabalho. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras categorias e atingindo diversas cidades do estado, como Santos, Ribeirão Preto e Campinas.
Em junho de 1917, outra grande greve também se iniciou em São Paulo. A greve de 1917 teve início em duas fábricas têxteis. O movimento se espalhou rapidamente e paralisou a cidade, contando, inclusive, com a adesão dos trabalhadores do serviço público. Cerca de 50.000 pessoas aderiram ao movimento. Para defender a greve foi organizado o Comitê de Defesa Proletária, que teve Edgard Leuenroth como um dos principais líderes. Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância representativa, obrigando os patrões a negociar com os proletários e a considerá-los em suas decisões. Vale registrar que as promessas não foram cumpridas. Os patrões consideraram a greve não como uma questão social e política, mas como caso de polícia.
Um exemplo disso é o grande aparato militar que se formou, em 1918, no Rio de Janeiro, com revistas nos passageiros dos bondes e em todos os operários e populares que transitavam pelas ruas. O Palácio do Catete, sede do Governo Federal, foi cercado por tropas, sob o comando do então Coronel Gregório da Fonseca. A imprensa da época tratava as agitações como anarquistas.

Greve de 1917 - Desencadeando-se o movimento de paralisação do trabalho, que se alastrou por todo o Estado de maneira tão rápida e alarmante, sem que o governo pudesse, com seus órgãos de repressão brutal, conseguir debelá-lo, e, pelo contrário, deu-lhe maior vigor e desejo de vingança popular, aceitou o secretário da Justiça, Sr. Elói Chaves, a interferência de uma Comissão da Imprensa, a qual articulando-se com os delegados dos operários da Capital e os industriais, e depois de acertadas todas as garantias para o comparecimento em Palácio dos representantes do operariado, foram por estes apresentadas as reclamações que constam do relatório que abaixo vamos descrever, por se tratar de um documento histórico, que deve ficar registrado nestas páginas para orientação dos pósteros e que foi lido em face dos senhores industriais e de todas as personalidades governamentais ali reunidas solenemente.

O QUE RECLAMAVAM OS OPERÁRIOS

Os representantes das ligas operárias, das corporações em greve e das associações político-sociais que compõem o Comitê de Defesa Proletária, reunidos na noite de 11 de junho, depois de consultadas as entidades de que fazem parte, expondo as aspirações de toda a população angustiada por prementes necessidades; considerando a insuficiência do Estado no providenciar de outra forma que não seja pela repressão violenta, tornam públicos os fins imediatos que a atual agitação se propõe, formulando da maneira que segue as condições de trabalho que, oportunamente, serão examinadas nos seus detalhes:
1° - Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de grave;
2º - Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
3º - Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente no movimento grevista; 4º - Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
- Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos noturnos; 6º - Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
7º - Aumento de 35% nos salários inferiores a 5$000 e de 25% para os mais elevados;
- Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento; 9º - Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
10° - Jornada de oito horas e semana inglesa;
11° - Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.

Além disso, que, particularmente se refere às classes trabalhadoras, o Comitê de Defesa Proletária, considerando que o aumento dos salários, como quase sempre acontece, possa vir a ser frustrado por um aumento - e não pequeno - no custo dos gêneros de primeira necessidade, e considerando que o atual mal-estar econômico, por motivos e causas diversas, é sentido por toda  a  população,                         sugere  algumas  outras medidas  de  caráter geral,  condensadas nas  seguintes propostas:
- Que se proceda ao imediato barateamento dos gêneros de primeira necessidade, providenciando-se, como se fez em outras partes, para que os preços, devidamente reduzidos, não possam ser alterados pela intervenção dos açambarcadores;
- Que se proceda, sendo necessário, à requisição de todos os gêneros indispensáveis à alimentação pública, subtraindo -se assim ao domínio da especulação;
- Que sejam postas em prática imediatas e reais medidas para impedir a adulteração e falsificação dos produtos alimentares, largamente exercitados por todos os industriais, importadores e fabricantes;
4º - Que os aluguéis das casas, até 100$000, sejam reduzidos em 50%, não sendo executados nem despejados por falta de pagamento os inquilinos das casas cujos proprietários se oponham àquela redução.

As propostas e condições acima são medidas razoáveis e humanas. Julgá-las subversivas, repeli-las e pretender sufocar a atual agitação com as carabinas dos soldados, acreditamos que seja uma provocação perigosa, uma prova de absoluta incapacidade. O Comitê de Defesa Proletária crê haver encontrado o caminho para uma solução honesta e possível. Esta solução terá, certamente, o apoio de todos aqueles que não forem surdos aos protestos da fome.

O COMPROMISSO DOS INDUSTRIAIS

Os industriais assumiram perante o "Comitê" de Jornalistas o compromisso seguinte:
a)      manter a concessão feita, de vinte por cento sobre os salários em geral;
b)      afirmar que não será dispensado nenhum operário que tenha tomado parte na presente greve;
c)      declarar que respeitarão absolutamente o direito de associação dos seus operários;
d)      efetuar os pagamentos dos salários dentro da primeira quinzena que se seguir ao mês vencido;
e)       consignar que acompanharão com a máxima boa vontade as iniciativas que forem tomadas no sentido de melhorar as condições morais, materiais e econômicas do operariado de São Paulo.

O COMPROMISSO  DO GOVERNO

Consiste no seguinte o compromisso assumido pelos governantes:
a)     o governo porá em liberdade, imediatamente após a volta aos trabalhos, todos os indivíduos presos por motivos estritamente relativos à greve, isto é, excetuados apenas os que forem réus de delito comum, os quais, aliás, não são operários;
b)     o governo baseado na lei e na jurisprudência dos nossos tribunais, reconhecerá o direito de reunião, quando este se exercer dentro da lei e não for contrário à ordem pública;
c)     que o poder público redobrará esforços para que sejam cumpridas em seu rigor as disposições de lei relativas ao trabalho dos menores nas fábricas;
d)     que o poder público se interessará, pelos meios ao seu alcance, para que sejam estudadas e votadas medidas que defendam os trabalhadores menores de 13 anos e as mulheres no trabalho noturno;
e)     que o poder público estudará já as medidas viáveis tendentes a minorar o atual estado de encarecimento da vida, dentro de sua esfera de ação, procurando outrossim exercer a sua autoridade, oficiosamente, junto do grande comércio atacadista.

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