9º ANO - AULA 08: REVOLTAS URBANAS E RURAIS DURANTE A REPÚBLICA VELHA


REVOLTAS URBANAS E RURAIS DURANTE A REPÚBLICA VELHA


MESSIANISMO

 

Na história do Brasil, o termo messianismo é usado para dar nome aos movimentos sociais nos quais milhares de sertanejos fundaram comunidades comandadas por um líder religioso.
            Surgiu em áreas rurais pobres atingidas pela miséria. Seus dois principais componentes eram a religiosidade popular do sertanejo e seu sentimento de revolta. Na República Velha, os dois principais exemplos de messianismo foram os movimentos de Canudos e do Contestado.

A GUERRA DE CANUDOS


Causas da guerra, situação do Nordeste na época, os conflitos, significado.

O Arraial de Canudos antes da guerra.

Situação do Nordeste no final do século XIX (contexto histórico).


- Fome –
Desemprego e baixíssimo rendimento das famílias deixavam muitos sem ter o que comer; 

- Seca – A região do agreste ficava muitos meses e até anos sem receber chuvas. Este fator dificultava a agricultura e matava o gado. 

- Falta de apoio político – Os governantes e políticos da região não davam a mínima atenção para as populações carentes; 

- Violência – Era comum a existência de grupos armados que trabalhavam para latifundiários. Estes espalhavam a violência pela região. 

- Desemprego – Grande parte da população pobre estava sem emprego em função da seca e da falta de oportunidades em outras áreas da economia. 

- Fanatismo religioso: Era comum a existência de beatos que arrebanhavam seguidores prometendo uma vida melhor. 


Dados da Guerra de Canudos: 

 

- Período: De novembro de 1896 a outubro de 1897.

- Local: Interior do sertão da Bahia

- Envolvidos: De um lado os habitantes do Arraial de Canudos (jagunços, sertanejos pobres e miseráveis, fanáticos religiosos) liderados pelo beato Antônio Conselheiro. Do outro lado as tropas do governo da Bahia com apoio de militares enviados pelo governo federal. 

 

Causas da Guerra: 

 

- O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários não concordavam com o fato dos habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam também que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia. 

- Por outro lado, Antônio Conselheiro defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele afirma ser um enviado de Deus que deveria liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano, como ele funcionava no período. 


Os conflitos militares: 

 

- Nas três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos nenhuma foi bem sucedida. Os sertanejos e jagunços se armaram e resistiram com força contra os militares. Na quarta tentativa, o governo da Bahia solicitou apoio das tropas federais. Militares de várias regiões do Brasil, usando armas pesadas, foram enviados para o sertão baiano. Massacraram os habitantes do arraial de Canudos de forma brutal e até injusta. Crianças, mulheres e idosos foram mortos sem piedade. Antônio Conselheiro foi assassinado em 22 de setembro de 1897. 


Significado do conflito:

 

- A Guerra de canudos significou a luta e resistência das populações marginalizadas do sertão nordestino no final do século XIX. Embora derrotados, mostraram que não aceitavam a situação de injustiça social que reinava na região. 


A GUERRA DO CONTESTADO

 

A História da Guerra do Contestado, causas da revolta, monge José Maria, início dos conflitos e o fim da Guerra. Rebeldes armados que participaram da Guerra do Contestado (fonte: Museu Paranaense)


Introdução:

 

- A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina.


Causas da Guerra:

 

- A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar.

- Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso, muitas famílias foram expulsas de suas terras.

- O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo.


Participação do monge José Maria:


- Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.


Os conflitos:


- Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento.

- Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.


O fim da Guerra:


- A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão.


Conclusão:

 

- A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os movimentos com repressão e força militar.


REVOLTA DA VACINA


A História da Revolta da Vacina, conflitos populares no início da República, Oswaldo Cruz, reurbanização do Rio de Janeiro, condições sanitárias do Rio de Janeiro no início do século XX Oswaldo Cruz: vacinação obrigatória para combater a varíola

 

 

Introdução:

 

- O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola. 


Situação do Rio de Janeiro no início do século XX:


- A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto.

- Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade.


Campanha de Vacinação Obrigatória:


- A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois, grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos.


Revolta Popular:


- A revolta popular aumentava a cada dia, impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples.

- As manifestações populares e conflitos espalham-se pelas ruas da capital brasileira. Populares destroem bondes, apedrejam prédios públicos e espalham a desordem pela cidade. Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a cidade voltava a calma e a ordem.

 

CANGAÇO

- Região nordestina
- Situação de miséria, seca
- Grupos contrários aos latifundiários (coronéis) se rebelavam 
- Modo de atuação: BANDOS
Principais grupos : João Calangro, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião. Algumas pessoas atribuem as ações dos cangaceiros um certo heroísmo.

 


REVOLTA DA CHIBATA


A História da Revolta da Chibata, causas, reivindicações dos marinheiros, acontecimentos, líder João Cândido (Almirante Negro), punição para os revoltosos João Cândido (Almirante Negro): líder da revolta.


Introdução:


- A Revolta da Chibata foi um importante movimento social ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910.  Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros. 

 

Causas da Revolta

 

- O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. 

- O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso.


Reivindicações:


- O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).


Segunda revolta:


- Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha. 

- O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram da revolta.


Conclusão:

 

- Podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais como “casos de polícia”. Não havia negociação ou busca de soluções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das armas para colocar fim às revoltas, greves e outras manifestações populares.

 

TENENTISMO

 

Introdução:

- Foi o movimento político-militar que, pela luta armada, pretendia conquistar o poder e fazer reformas na República Velha. Era liderado por jovens oficiais das Forças Armadas, principalmente tenentes.

Principais propostas do Tenentismo:

- Queriam a moralização da administração pública;
- Queriam o fim da corrupção eleitoral;
- Reivindicavam o voto secreto e uma justiça Eleitoral confiável;
- Defendiam a economia nacional contra a exploração das empresas e do capital estrangeiro;
- Desejavam uma reforma na educação pública para que o ensino fosse gratuito e obrigatório para todos os brasileiros.
- A maioria das propostas contava com a simpatia de grande parte das classes médias urbanas, dos produtores rurais que não pertenciam ao grupo que estava no poder e de alguns empresários da indústria.


REVOLTA DO FORTE DE COPACABANA

 

- Primeira Revolta Tenentista, iniciou em 05/07/1922.
- Foi uma revolta para impedir a posse do presidente Artur Bernardes.
- Tropas do governo cercaram o Forte de Copacabana, isolando os rebeldes. Dezessete tenentes e um civil saíram para as ruas num combate corpo-a-corpo com as tropas do governo. Dessa luta suicida, só dois escaparam com vida: os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
- O episódio ficou conhecido como Os Dezoito do Forte.


REVOLTAS DE 1924

 

- Dois anos depois da Primeira Revolta ocorreram novas rebeliões tenentistas em regiões como o Rio Grande do Sul e São Paulo.
- Depois de ocupar a capital paulista, as tropas tenentistas abandonaram suas posições diante da ofensiva armada do governo.
- Com uma numerosa tropa de mil homens, os rebeldes formaram a coluna paulista, que seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar tenentista, liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes.


COLUNA PRESTES

 

- As duas forças tenentistas uniram-se e decidiram percorrer o interior do país, procurando apoio popular para novas revoltas contra o governo. Nascia aí a Coluna Prestes, pois ambas tropas eram lideradas por Prestes.
- Durante mais de dois anos (1924 a 1926), a Coluna Prestes percorreu 24 mil quilômetros através de 12 estados. O governo perseguia as tropas da Coluna Prestes que, por meio de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os homens que permaneciam na Coluna Prestes decidiram ingressar na Bolívia e desfazer a tropa.
- A Coluna Prestes não conseguiu provocar  revoltas capazes de ameaçar seriamente o governo, mas também não foi derrotada por eles. Isso demonstrava que o poder na República Velha não era tão inatacável. 

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