CARNAVAL SEMPRE
SERÁ CULTURA... SEMPRE SERÁ RESISTÊNCIA...
SAMBA DE ENREDO
Compositores:
Djalma Branco, Déo, Maneco e Caruso
Djalma Branco, Déo, Maneco e Caruso
intérprete
Domingos da Costa Ferreira (Dominguinhos do Estácio)
Domingos da Costa Ferreira (Dominguinhos do Estácio)
Eu vi (ai meu Deus eu vi)
O arco-íris clarear
O céu da minha fantasia
No brilho da Estácio a desfilar
A brisa espalha no ar
Um buquê de poesia
Na Paulicéia desvairada lá vou
eu
Fazer poemas, e cantar minha
emoção
Quero a arte pro meu povo
Ser feliz de novo
E flutuar nas asas da ilusão
Me dê, me dá, me dá, me dê
Onde você for eu vou com você
Lá vem o trem do caipira
Prum dia novo encontrar
Pela terra, corta o mar
Na passarela a girar
Músicos, atores, escultores
Pintores, poetas e compositores
Expoentes de um grande país
Mostraram ao mundo o perfil do
brasileiro
Malandro, bonito, sagaz e
maneiro
Que canta e dança, pinta e borda
e é feliz
E assim transformaram os
conceitos sociais
E resgataram pra nossa cultura
A beleza do folclore
E a riqueza do barroco nacional
Modernismo movimento cultural
No país da Tropicália
Tudo acaba em carnaval...
SINOPSE DO ENREDO
A Estácio de Sá leva para a avenida a
transformação causada pelo modernismo no Brasil. Este foi, sem dúvida, o maior
movimento que já aconteceu entre nós. No princípio do século, a cultura
brasileira estava estagnada. Se começou com a Semana de Arte Moderna, em
fevereiro de 1922, em São Paulo, até hoje é impossível dizer se já terminou. O
Modernismo descobriu um outro Brasil e seu passado artístico. O barroco mineiro
até então era desconsiderado. Os modernistas descobriram o Nordeste, a
Amazônia, o Sul, resgataram a modinha tradicional, valorizou o chamado estilo
Império (século XIX). Cultuaram o folclore e voltaram-se para as raízes da
nacionalidade. Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Villa-Lobos mostraram a
todos um novo país.
A escola vai contar durante o seu desfile a história deste movimento. Durante as noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o público reunido no Teatro Municipal de São Paulo, escutou música de Villa-Lobos, poemas de Manuel Bandeira e textos de vários escritores, como Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Plínio Salgado. No saguão do teatro, quadros de Anita Malfati e Di Cavalcanti, entre outros, e esculturas de Brecheret.
A semana foi um escândalo. Foi aberta com uma conferência do escritor Graça Aranha, já consagrado, e por isso ouvido em silêncio.
A escola vai contar durante o seu desfile a história deste movimento. Durante as noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o público reunido no Teatro Municipal de São Paulo, escutou música de Villa-Lobos, poemas de Manuel Bandeira e textos de vários escritores, como Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Plínio Salgado. No saguão do teatro, quadros de Anita Malfati e Di Cavalcanti, entre outros, e esculturas de Brecheret.
A semana foi um escândalo. Foi aberta com uma conferência do escritor Graça Aranha, já consagrado, e por isso ouvido em silêncio.
Na mesma época, a política adquire
uma conotação ideológica. Surge o Movimento dos Tenentes. E a ideia básica
deste enredo é prestar uma homenagem aos 70 anos de Modernismo no Brasil,
através de fantasias e alegorias inspiradas na estética do movimento. Será um
enredo fundamentalmente visual.
Nos 80 minutos do desfile, a escola
tentará transmitir ao público toda a explosão criativa contida nos textos e
poemas de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira,
Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida A nova linguagem
cinematográfica de Humberto Mauro, o universo mágico-musical de Villa-Lobos e o
Modernismo ousado dos artistas plásticos Di Cavalcanti, Anita Malfati, Victor
Brecheret, Lasar Segal e Tarsila do Amaral. Também serão mostradas a revolução
político-social, simbolizada pelo episódio dos 18 do Forte, e a influência do
Modernismo na época atual, através do Tropicalismo.
GALERIA DO SAMBA
CRÍTICA
DO INESQUECÍVEL DESFILE DO MORRO DE SÃO CARLOS... E O MODERNISMO DEU SAMBA E
CAMPEONATO, ALÉM DE COLOCAR A SAPUCAÍ ABAIXO... NUMA CATARSE ATÉ ENTÃO NUNCA
VISTA
Depois de dois bons resultados sob o comando do carnavalesco Mário
Monteiro e do figurinista Chico Spinoza, a Estácio entrou na pista cercada de
boas expectativas. O enredo “Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo no
Brasil” prometia causar um bom impacto, o que, de fato, aconteceu. Enquanto a
comissão de frente e o abre-alas avançavam lentamente pela pista o público de
todos os setores se levantava e começava a entoar com entusiasmo os versos do
samba de Djalma Branco, Déo, Maneco e Caruso. Era como se a avenida ganhasse
uma aura especial para a passagem da Estácio, tamanha foi a magia daquele
momento. Os membros da comissão de frente se apresentaram sobre pernas de pau,
trajando-se de arlequins, pierrôs e colombinas, inspirados no livro que deu
nome ao enredo, de autoria de Mário de Andrade. O abre-alas, muito bem
realizado, representou o Teatro Municipal de São Paulo, palco da semana
modernista de fevereiro de 1922. Atrás dele vinham alas vestidas com extrema
competência e beleza. O que me agradou logo de cara foi a elegante combinação
de cores, que privilegiou o vermelho e o branco tradicionais. No início do
desfile foram apresentadas alas e alegorias ilustrativas à fase anterior à
Semana de Arte Moderna. O carro A Terra Prometida, que teve o destaque Paulo
Varelli como o “Filho da Terra”, apresentou as matas brasileiras. Eu adorei a
fantasia da bateria, toda em vermelho e prata, representando os novos
bandeirantes. Villa Lobos foi homenageado através de uma ala em branco (de rara
leveza) que tinha o nome de “Bachianas” e através de uma grande alegoria
alusiva ao “Trem do Caipira”. As baianas vestiram-se de “Mãe Preta” e evoluíram
bem, como, aliás, toda a escola. O desfile terminou com a passagem do carro
Moro Num País Tropical e com a Estácio sendo literalmente ovacionada na Praça
da Apoteose. Foi um momento inesquecível dos desfiles, que ultrapassa os
pequenos deslizes na concepção de algumas alegorias.
SAMBARIO
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